Adaptação às novas relações de trabalho contribui para mães participarem mais da rotina dos filhos

Adaptação às novas relações de trabalho contribui para mães participarem mais da rotina dos filhos

A mudança não é tarefa simples, pois envolve organização pessoal e, também, compreensão e entendimento por parte dos líderes e das empresas

Correio do Povo

Caroline Agne Vanzellotti, 42 anos, atua como coordenadora de educação corporativa, e é mãe de um menino de 8 anos de idade e uma menina com 4 passou pela adaptação

publicidade

Não é novidade que a pandemia alterou boa parte das relações de trabalho. Houve mudanças por parte de profissionais e empregadores. Muitos se adaptaram ao home office, outros não viram a hora de voltar aos escritórios. E as empresas precisaram perceber como cada profissional rende melhor.

Com as mães, a necessidade de adaptação foi ainda maior. Conciliar a rotina dos filhos às demandas do trabalho gerou desafios que envolveram a família toda. Depois do primeiro momento, de susto, e com o retorno às tarefas presenciais das crianças, agora já é possível mensurar aspectos positivos em se trabalhar de forma remota.

“O trabalho remoto me possibilita estar inserida na rotina deles. Agora, consigo levá-los aos seus compromissos, além de fazermos todas as refeições juntos, em família”, conta Caroline Agne Vanzellotti, 42 anos, que atua como coordenadora de educação corporativa em uma empresa de tecnologia e desenvolvimento de software, e é mãe de um menino de 8 anos de idade e uma menina com 4.

Para ela, as novas relações de trabalho, realidade impensável antes da pandemia, modificaram completamente o seu dia a dia e, também, o da família. Em boa parte do período pandêmico, Caroline combinou dois empregos com a maternidade e atividades da casa, situação que lhe demandou muito esforço, mas que só foi possível por conta da flexibilidade proporcionada pelo modelo e pelos empregadores. Recentemente, na retomada presencial, ela escolheu abdicar da função de professora, justamente pela necessidade de retorno presencial.

“Antes, o ritmo atribulado fazia com que nós, pais, não acompanhássemos a evolução deles e, infelizmente, isso é a normalidade. Mas, agora, sendo possível trabalhar fisicamente próximo deles, não me vejo mais na rotina de trabalho presencial diário”, revela.

Mas adaptar-se não é tarefa simples, envolve organização pessoal e, também, compreensão e entendimento por parte dos líderes e das empresas. Na casa de Caroline, por exemplo, foi criado um escritório compartilhado e ensinado que havia os horários do trabalho, da escola e do lazer com todos juntos. Além do pai ser presente e participativo, exercendo seu papel, as tarefas de casa são divididas e o casal conta com uma rede de apoio. Para Carmem Castro, professora dos cursos de Negócios da FADERGS, a combinação de três fatores é fundamental para que as mães não apenas deem conta de tudo, mas consigam tirar proveito do modelo de trabalho para vivenciarem os momentos ao lado dos filhos.

“Por parte da profissional, organização e rede de apoio para equilíbrio das tarefas extras são os dois principais pontos. Do lado da empresa, a gerência sobre as demandas pessoais. A tríade, combinada, tem como consequência a boa gestão do tempo, ocasionando ganho em qualidade de vida”, explica Carmem.

Na organização, o estabelecimento de limites, a comunicação familiar e o espaço adequado de trabalho contribuem para a obtenção de foco. Já por parte das lideranças, o discernimento a respeito das necessidades individuais envolve repensar as avaliações de desempenho, negociar prazos e oferecer suporte, treinamentos e, sempre que necessário, apoio psicológico. De acordo com Carmem, a boa conduta da empresa é essencial para o desenvolvimento das competências profissionais.

“A mulher mãe desempenha vários papéis simultâneos. Após dois anos, vive-se um momento que permite uma visão mais realista de como as relações se estabeleceram. A partir disso, é possível desenhar melhor a rotina sem que haja sobrecarga física ou emocional. A mulher, ao sentir que pode ser boa mãe e boa profissional simultaneamente, sente-se realizada. Para que dê certo, é importante, ainda, a aceitação das imperfeições, que todas as pessoas têm e com mães não é diferente”, pontua a professora.

Para que essa se torne a realidade de um número cada vez maior de mães, cabe aos empregadores abrir mão de formalidades, oferecer flexibilidade e compreensão das necessidades das colaboradoras, com o desenvolvimento de programas e políticas que as auxiliem a trabalhar bem e estarem próximas das crianças.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895