Inovação no DNA: brasileiro comanda empresa de conectividade para carros na AL

Inovação no DNA: brasileiro comanda empresa de conectividade para carros na AL

Empresário Antonio Azevedo, de 36 anos, está à frente da LogiGo Mobility desde 2009; desenvolvedora brasileira faturou R$ 120 milhões em 2018

Correio do Povo

O lema da vida de Antonio Azevedo, empresário brasileiro à frente da LogiGo, sempre foi inovar

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O lema da vida de Antonio Azevedo sempre foi inovar. Desde a infância, o CEO da LogiGo Mobility, empresa brasileira líder no mercado latinoamericano de soluções em conectividade para o setor automotivo, precisou se acostumar a encontrar soluções diferentes para os desafios que surgiam, descobrindo muito sobre si durante todo o processo.

Logo aos oito anos, foi presenteado com um carrinho de brinquedo motorizado. Porém, poucos dias depois de recebê-lo, o objeto de diversão já havia sido desmontado por completo. Era o rudimento de uma forma de perceber o mundo: melhor do que simplesmente brincar, era usar o motor elétrico para montar algo maior, um helicóptero feito com caixa de bis, cola e hélice de papelão. Até o fim da adolescência um espírito inovador se desenvolvia, sem nunca ser algo que ele compreendesse à época ou pudesse controlar.

Durante a jornada para reconhecer a si mesmo como inovador, o homem que hoje é um executivo de sucesso de 36 anos também precisou aprender com escolhas erradas e tempo perdido. Um exemplo foi o começo da vida profissional: inscrito em um curso técnico em eletrônica, Azevedo foi arranjar emprego somente no segundo ano e, mesmo assim, a experiência foi frustrante. "Uma das experiências durou apenas 30 dias, fui contratado como
estagiário, mas ficava apenas tirando cópias", recorda-se, explicando em seguida o motivo para ter aceitado um segundo trabalho em uma empresa de equipamentos para análises laboratoriais. "O fato de não estar fazendo o que me foi proposto à época me motivou a buscar outro emprego.”

Mas junto aos estágios frustrados -- educativos para mostrar a Azevedo aquilo que ele não queria fazer -- o CEO da LogiGo foi, pouco a pouco, desenvolvendo uma trajetória de empreendedor, mistura do já incipiente espírito inovador com a necessidade financeira. A primeira oportunidade real de fazer dinheiro surgiu aos 14 anos por meio da importação de um minidisc, que se transformou no início de Azevedo no e-commerce. "A importação foi feita por meio do cartão do meu pai", conta. Sites especializados neste setor como Mercado Livre ou OLX sequer existiam. "Eu precisava vender o produto antes de que chegasse a fatura para poder arcar com o custo do aparelho e ter lucro, mas o produto era tão incomum que consegui vendê-lo em poucos dias."
Era a inovação aliada ao comércio: vender algo que já se conhecia de forma diferente e com sucesso. Para o ainda adolescente Antônio era o primeiro traço da personalidade que o acompanharia na sequência da vida profissional, mesmo que com alguns percalços. "Comecei a fazer essas importações mais vezes até a Receita Federal barrar um lote meu com duas unidades. Meu trabalho de algumas semanas na revenda foi por água abaixo”, afirma.

Tentativa e erro no comércio

A rotina de tentativa e erro seguiu por mais alguns anos. Até os 19 anos Azevedo já havia ganhado e perdido dinheiro, brigado com o irmão ao tentar abrir um negócio e lidado com diferentes tipos de produtos. Foram anos de aprendizado e refino na técnica de inovar e de vender. "A certa altura, criei uma escola de informática, a ClickByte, que nunca deu dinheiro. Eu era pressionado até pela dona do imóvel por nunca entrar ninguém ali dentro", brinca o
empresário, que quase arruinou as economias pessoais para viabilizar o empreendimento. "Fiquei neste ponto por um ano e migrei para um maior, com recepcionista, instrutor, tudo bancado por alguns projetos de AutoCAD que comecei a montar para fora, sem falar na importação de tênis da China. Aquilo revendia aos montes, eu ganhava dinheiro e botava tudo na escola de informática. Durante um período de dois anos, tudo o que consegui tirar de lucro
dali foram dois meses."

A experiência adquirida na juventude serviu para que Azevedo entrasse de vez no mercado de importação. “Voltei ao universo de tecnologia e acabei conhecendo uma trading que fazia o processo de importação. Montei um site chamado Terra Shop e nele coloquei todos os maiores lançamentos de notebooks e projetores dos EUA", afirma. "Saía por lá, nós lançávamos aqui. Conforme os anos passaram, o negócio foi crescendo. Chegamos a um pico de faturamento médio de R$ 4,1 milhões em 2007."

Criação da LogiGo Mobility

Foi quando a inovação voltou a falar mais forte na trajetória de Azevedo. Sempre envolvido com a ida e vinda de produtos de alta tecnologia, o empresário resolveu entrar no universo das soluções em conectividade para veículos automotores. Assim nasceu a LogiGo, marca criada para entregar a tecnologia que os proprietários dos veículos queriam de fato. No lugar de computadores de bordo que pouco faziam, a ideia foi a de oferecer soluções em conectividade,
pouco comuns no Brasil e que atendessem aos consumidores mais exigentes.

O crescimento da empresa foi relativamente rápido de 2010 até 2013, porém em 2014 veio a crise e as vendas diminuíram drasticamente. “A certa altura um concorrente levou 80% dos nossos vendedores de uma só vez. Foi mais ou menos na época em que fechamos com a Toyota como cliente no sistema de OEM (Original Equipment Manufacturer), para suprir diretamente na linha de montagem", lembra. "Nosso fornecedor virou as costas pra nós,
passou a lidar com exclusividade com este concorrente. Foi uma manobra para acabar com a gente."

Felizmente para Azevedo, o desfecho não poderia ter sido mais benéfico. "Hoje o concorrente deve ter um faturamento máximo de R$ 2 milhões por ano, valor que nós fazemos em apenas 10 dias", orgulha-se. "Fui 24 vezes à China e, nesse tempo, encontrei um fornecedor de qualidade superior na comparação com o anterior e ganhamos o contrato com a Nissan, pouco depois veio a Mitsubishi.”

Atualmente, a LogiGo anda lado a lado com a Disruptiv Technologies, braço de tecnologia criado por Azevedo em 2017 para antecipar e criar tendências com as quais empresas como Google estão trabalhando no setor de conectividade para carros. Entre as funcionalidades ao usuário desenvolvidas pela plataforma estão o e-commerce, a coleta de dados de telemática -- referentes à condução do motorista, segurança e saúde do veículo -- e uma interação rica entre montadora e usuário. O condutor ainda pode tornar a experiência dentro do carro muito mais prazerosa com a ajuda de um assistente virtual baseado em inteligência artificial com perfil humanizado, como se fosse um verdadeiro parceiro do motorista, alguém com quem conversar e interagir no veículo.

É o testemunho final de uma vida dedicada à inovação, ao empreendedorismo e ao comércio profissional. "É ali que está o grande valor do que fazemos. Desenvolvemos uma plataforma conectada que permite o usuário baixar aplicativos de celular diretamente no veículo, com oportunidade para a montadora mandar mensagens diretamente ao cliente, o que abre muitas possibilidades de comunicação e de marketing", diz Azevedo, que pode observar o fruto do
casamento entre inovação e empreendedorismo em números bem expressivos: R$ 120 milhões de faturamento somente em 2018, mesmo sem a LogiGo contar até então com uma área comercial.

E para o futuro, Azevedo vislumbra ainda mais crescimento e inovação, projetando um faturamento de R$ 1 bilhão para 2021. Em 2019, um plano de expansão da LogiGo foi posto em prática, com a criação de uma gerência comercial para os negócios no Brasil, sem falar na busca de novas frentes para negócios na América Latina, principalmente no México. Com um escritório recém-aberto em Detroit, cidade-símbolo da indústria automobilística mundial, a
LogiGo prepara-se para a primeira participação em uma feira do setor nos Estados Unidos, a TU Automotive, a maior conferência de tecnologia automotiva do mundo. Ainda até a metade do ano, a empresa de Antonio terá também presença física na Cidade do México.
 


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