Jovens relatam o acesso a oportunidades após "aprenderem a pescar"

Jovens relatam o acesso a oportunidades após "aprenderem a pescar"

Ao longo da última década, a Unicred Porto Alegre, em parceria com o Projeto Pescar, vem transformando vidas de jovens em situação de vulnerabilidade social

Correio do Povo

A Unicred Porto Alegre vem transformando vidas por meio do curso de qualificação anual para jovens de baixa renda, em parceria com a Fundação Pescar

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"O Projeto Pescar realmente nos ensina a pescar! Ele mudou a minha vida. Se naquele ano eu não tivesse participado da turma na Cooperativa, poderia ter seguido um rumo totalmente diferente". Esta declaração é de Caroline Almeida, colaboradora da Unicred Porto Alegre, que resume o reconhecimento e o sentimento de gratidão da maioria dos jovens que já participaram do Projeto Pescar na Cooperativa.

Em uma parceria construída há mais de uma década com a Fundação Pescar, a Unicred Porto Alegre vem transformando vidas por meio de seu curso de qualificação anual para jovens de baixa renda, entre 16 e 21 anos. Em evento presencial, no último dia 13, a Cooperativa comemorou a certificação da 11ª turma do Pescar e já anuncia mais 18 jovens selecionados para a nova jornada de oportunidades, que terá início em 24 de janeiro de 2022.

"Pelos resultados obtidos até agora e, por acreditarmos neste projeto, estamos cotizando mais dois jovens para integrar a turma do ano que vem", explica o presidente da Unicred Porto Alegre, dr. José Cesar Boeira, manifestando o orgulho que sente com a realização do projeto. O Pescar está totalmente integrado ao 7º princípio do cooperativismo, que fala do interesse pela comunidade, do trabalho focado no desenvolvimento sustentado destas. Ele ressalta que, além de transformar a vida dos jovens que participam do programa, também consegue-se impactar positivamente suas famílias, inclusive aumentando a renda familiar. "É gratificante perceber os resultados ao final de cada curso na Cooperativa e a motivação de cada um para alcançar seus objetivos", diz.

Experiência transformadora

Ao conteúdo específico dos cursos, voltado para as áreas técnica e de formação da cidadania, soma-se o trabalho desenvolvido junto aos alunos relativo às suas competências sociocomportamentais. Os reflexos disto serão sentidos lá na frente na construção de bons relacionamentos em sua vida pessoal e em sua performance no ambiente de trabalho.

"Esta é uma questão extremamente importante", considera a articuladora do Projeto Pescar na Unicred Porto Alegre, Rejania Guido Dias. "A parceria com a Fundação Pescar é uma oportunidade de colocarmos em prática o nosso propósito, acreditando que o cooperativismo constrói a felicidade e promove a vida. A Unicred Porto Alegre acredita na promoção da vida, acredita na promoção social", afirma.

Caroline, 23 anos, ouviu falar do projeto por meio de um familiar e, aos 17 anos, já estava fazendo parte da turma de 2016 do Pescar. Seu talento foi reconhecido e hoje trabalha no setor de atendimento a clientes na Cooperativa.

"O Projeto foi extremamente importante na minha vida e no meu crescimento, tanto pessoal quanto profissional", considera. "Foi lá que aprendi o que significa responsabilidade, empatia e a colocar em prática ensinamentos sobre educação financeira". Caroline pretende voltar ao Projeto Pescar em 2022, mas dessa vez como voluntária. "O Projeto Pescar realmente nos ensina a pescar", afirma, com absoluta convicção.

O jovem Carlos Alexandre, 20 anos, a exemplo de Caroline, conta que o Pescar provocou uma mudança muito importante em sua vida. "Foi um período de novas experiências, de muito aprendizado que vai me levar além do que eu imaginava chegar um dia". Hoje, ele é auxiliar administrativo na Escola de Educação Infantil Maristas Menino Jesus, localizada na comunidade onde mora.

Ao analisar o comportamento dos jovens, a educadora social Adelaide Chicomo, responsável pelo Projeto Pescar na Unicred Porto Alegre, explica que, em um primeiro momento, ao se inscrever no projeto, o jovem tem o sentimento de pertencimento, de estar vinculado a algo maior do que aquilo que se encontra ao seu redor. “Ele também tem o orgulho de contribuir em casa com alguma coisa, tendo muita clara a questão dos meios de subsistência. Já no Pescar, percebe quem ele é e que pode transformar sua própria realidade”.

Foi exatamente isto que ocorreu com Tatiane Marques, 19 anos. "Eu era apenas uma adolescente buscando uma forma de ter minha própria renda quando iniciei no Projeto Pescar na Unicred Porto Alegre", revela a jovem, que hoje é assistente comercial e vestibulanda no curso de Direito. Ela atribui este sucesso ao projeto que lhe proporcionou uma experiência única em 2019. "Trabalhávamos diariamente o autoconhecimento, comunicação, organização e proatividade, habilidades essas que agora são destaques no meu currículo. O projeto, acima de tudo, me ensinou que, não importa de onde vim, mas onde eu desejo chegar. O Pescar não me entregou o peixe, pois a vida não é fácil e simples assim, ele me ensinou a pescar, porque é com dedicação e determinação que mentes de sucesso alcançam o impossível".

Conforme o gerente da Unidade Empresarial, Alvacir Bertazzo, o objetivo da Unicred Porto Alegre "é transformar a vida destes adolescentes que, com a experiência de integrar o projeto da Fundação Pescar e Unicred Porto Alegre, conseguem ter novas opções em direção a um futuro melhor". Por isto, o projeto na Cooperativa vem ganhando mais ações. Ele cita as mais recentes coordenadas pela Unidade Empresarial da Unicred Porto Alegre: a aula prática "O empreendedorismo voltado à gastronomia" e um programa regular de visitas a grandes empresas, no sentido de motivar os jovens na busca pelo trabalho, além de dar-lhes uma visão mais otimista em relação ao futuro.

Durante a pandemia, segundo Rejania, foi necessário readequar todo o processo de aprendizagem dos alunos. A última turma do Pescar permaneceu em curso na Cooperativa excepcionalmente por um período de dois anos (2020 a 2021). "Quanto mais percebemos a dedicação, esforço e resiliência destes jovens, mais os entendemos. É uma via de mão dupla. Eles têm a oportunidade de aprender com a gente, mas nós também aprendemos com suas histórias de vida. Isto é riquíssimo, porque trabalha a humanidade em todos nós", conclui.


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