Capitólio exibe clássico "Labirinto" com Bowie

Capitólio exibe clássico "Labirinto" com Bowie

Curador da Sessão Vagalume da Cinemateca da capital gaúcha, Marcus Mello aprofunda as questões que tornaram a obra cult

Luciana Vicente

David Bowie protagoniza o filme de 1986, dirigido por Jim Henson, que será exibido na Cinemateca Capitólio

publicidade

O filme “Labirinto - A Magia do Tempo” estava destinado a ser um clássico ao reunir a performance e a trilha sonora do mais icônico astro pop britânico David Bowie, a direção do genial Jim Henson, criador do “Vila Sésamo” e “Muppet Show”, e o roteiro de Terry Jones, um dos fundadores do grupo de humor Monty Python. Lançado há 35 anos no Brasil, o cult movie volta ao cinema com exibições neste sábado e domingo, às 15h, na Cinemateca Capitólio (Demétrio Ribeiro, 1085). Com a combinação de musical, aventura e fantasia, a trama apresenta a jovem Sarah (Jennifer Connelly) enfrentando um labirinto para resgatar seu irmão, um bebê. O pequeno está em um universo paralelo sob o poder do vilão Jareth, o Rei dos Duendes, personagem de Bowie. Será projetada a versão dublada para que pais e filhos possam redescobrir o longa. A exibição faz parte da Sessão Vagalume, projeto da Cinemateca. O curador da Vagalume, Marcus Mello, fala sobre o clássico. 

CS - Jim Henson apresenta a transição da infância para a vida adulta, por isso a escolha para a Vagalume? 
MM -
Na verdade, a indicação do filme se deu em função do recorte curatorial escolhido para a programação de verão da Sessão Vagalume, que optou por apresentar uma série de obras clássicas destinadas ao público infantojuvenil.
 

CS - Como o público de 2022 receberá este cult movie? 
MM -
Acredito que irá receber muito bem. Filmes clássicos costumam ser atemporais, e a maneira original como “Labirinto” representa esse momento tão importante na vida de qualquer pessoa - a transição entre infância e vida adulta - vai conquistar os seus novos espectadores.
 

CS - Qual a sua avaliação do vilão com estilo de rock star? Bowie é atemporal? 
MM -
Bowie é um dos ícones culturais do século XX, um astro pop extremamente sofisticado, que além de sua contribuição na área da música marcou presença em filmes que são considerados obras de culto, como “O Homem que Caiu na Terra”, “Fome de Viver” e “Labirinto”. Seu vilão é uma figura atemporal, que vai continuar encantando as novas gerações. 
 

CS - A imagem do labirinto é uma representação da mente de Sarah? 
MM -
O labirinto simboliza, desde a mitologia grega, a vitória do espiritual sobre o material, do eterno sobre o efêmero, da razão contra a irracionalidade, da afirmação individual diante dos desafios da existência. Nesse sentido, é muito bonito ver como Jim Henson se apropria desse símbolo para apresentar ao público infanto-juvenil questões que são atávicas, a partir da trajetória de amadurecimento de sua heroína Sarah. Por trás de sua narrativa fantástica e aventurosa, o filme propõe uma metáfora sobre o amadurecimento e a formação da personalidade individual, através das relações afetivas e do contato com o outro.


CS - Para o diretor foi um desafio realizar o filme por causa dos bonecos, figurinos, equipe numerosa. Sabe detalhes? 
MM -
O diretor Jim Henson sempre trabalhou com bonecos. Ficou conhecido primeiramente por dois programas que fizeram história na televisão, “Vila Sésamo” e “Muppet Show”. Na sua passagem para o cinema seguiu naturalmente o mesmo caminho, sofisticando ainda mais o seu trabalho com marionetes e atores reais, o que deu origem a obras como “O Cristal Encantado” e “Labirinto”.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895