Coleção de arte como um ato de vida no Margs

Coleção de arte como um ato de vida no Margs

Com curadoria de Paulo Herkenhoff, Museu abre mostra com recorte da 'Coleção Sartori', com mais de 250 obras

Obra "Tintas Polvo", de Adriana Varejão, integra a mostra no Margs

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Sediada em Antônio Prado, na serra gaúcha, a Coleção Sartori tem se consolidado nos últimos anos como uma das mais importantes e representativas do colecionismo de arte no Sul do Brasil. A Secretaria de Estado da Cultura do RS (Sedac/RS), por meio do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), inaugura hoje, às 10h, a exposição “Coleção Sartori — A arte contemporânea habita Antônio Prado”. A abertura será com cuidados e medidas do protocolo de segurança sanitária do Museu (como controle de público e uso obrigatório de máscara).
Com curadoria de Paulo Herkenhoff, um dos mais importantes curadores brasileiros e de renome internacional, a ampla e extensa exposição ocupa todas as salas e galerias do primeiro andar do Museu (Pinacotecas, Salas Negras, Sala Aldo Locatelli e Foyer). Serão apresentadas mais de 250 obras, de mais de 100 artistas, cobrindo um arco histórico de 1903 a 2021. O conjunto, que é um recorte da coleção, é exibido segundo núcleos temáticos concebidos pela curadoria para a organização da mostra. Entre os artistas presentes figuram nomes como Adriana Varejão, Berna Reale, Carlos Pasquetti, Carlos Vergara, Cildo Meireles, Claudia Andujar, Erika Verzutti, Glauco Rodrigues, Hudinilson Jr., José Resende, Karin Lambrecht, Leandro Machado, Leda Catunda, Lenora de Barros, Lia Menna Barreto, Lucia Koch, Maria Lídia Magliani, Marina Camargo, Mário Röhnelt, Mauro Fuke, Milton Kurtz, Nelson Felix, Nelson Leirner, Regina Silveira, Rodrigo Braga, Romy Pocztaruk, Rosana Paulino, Rosângela Rennó, Saint Clair Cemin, Túlio Pinto, Tunga, Vera Chaves Barcellos, Walmor Corrêa e Waltercio Caldas.

A exposição apresenta uma amostra desta coleção particular que resulta do empreendimento pessoal do empresário e colecionador Paulo Sartori como apreciador de arte que, a partir de 2014, passa a formar uma coleção particular que hoje se destaca pela representatividade da arte brasileira, sobretudo contemporânea, com destaque para a presença da arte sul-rio-grandense dos séculos XX e XXI. Nas palavras de Paulo Herkenhoff, a coleção abarca um olhar amplo sobre a produção brasileira contemporânea de Norte a Sul, em algumas de suas vertentes mais significativas”. Curador e responsável pelo livro sobre a coleção e pelo catálogo virtual sobre a exposição que estão sendo produzidos, Herkenhoff foi o primeiro diretor cultural do Museu de Arte do Rio, o MAR, e foi diretor-geral do Museu de Belas Artes do Rio de Janeiro (2003-2006) e curador-chefe do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. 

“Muitas coleções começam de um jeito e se encaminham para outro ao longo do processo de observar a arte. Foi assim com um colecionador do quilate de Gilberto Chateaubriand. A coleção Sartori se inicia com um olhar sobre artistas do Rio Grande do Sul do pós-guerra, para depois abrir seu compasso em busca de outras latitudes estéticas na arte do presente. São esses movimentos de descoberta e viradas que fazem do colecionismo privado um modo de reconhecer o Brasil simbólico, um sensor das inquietações da própria arte. Essa inquietação também é do próprio colecionador, cujo esforço em reunir arte tempera a cena cultural”, avalia o curador.

Segundo ele, colecionar é um ato da vida. “Segundo Freud, parar de colecionar é uma forma de vislumbrar a morte. Paulo Sartori reuniu conjuntos de obras que permitem discutir e levantar uma agenda sobre as formas de violência na Amazônia, as relações entre identidade e subjetividade, a arte conceitual, uma pintura indisciplinada, o estatuto do objeto, arte e física. Portanto, o olhar do colecionador estabelece modos de discutir a arte em resposta aos desafios da atualidade. O colecionador interpreta e projeta significados sobre o ambiente estético. Seu imaginário é uma forma de curadoria que segue afinidades eletivas, certas rotas intelectuais e prazeres do olhar. A curadoria buscará a arte reunida em Antônio Prado e simultaneamente considerar a visão crítica do colecionador”, diz. 
“Para o Margs, é uma honra o privilégio de trazer a público uma amostra tão representativa de tão significativa coleção de arte, que se destaca pela tremenda representatividade da arte brasileira contemporânea, com especial olhar sobre a arte gaúcha”, destaca o diretor-curador do Margs, Francisco Dalcol. 


Correio do Povo
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