"Com Juju, posso dizer que zerei a vida", diz Binho Ribeiro

"Com Juju, posso dizer que zerei a vida", diz Binho Ribeiro

Músico gaúcho comemora o lançamento da canção de sua autoria em parceria com Elivelto Corrêa em nova turnê do The Wailers

Luciamem Winck

"Minha projeção para futuro é poder seguir compondo, cantando e dividindo meus sonhos..."

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A canção “Blessed” dos gaúchos Binho Ribeiro e Elivelto Corrêa, em parceria com o britânico-jamaicano Julian Marley, filho de Bob Marley, será apresentada em tour no Brasil, passando por vários estados. Com produção de Aston Barret Jr, líder do The Wailers, será lançada em turnê da banda, que começa por Curitiba, em 17 de agosto, na Ópera do Arame, chegando a Porto Alegre no dia seguinte (18), no Auditório Araújo Viana. Em 28 de agosto aterrissa no antigo Espaço das Américas, em São Paulo, e no mesmo dia segue para o Teatro Tobias Barreto, em Aracaju. A The Wailers, originalmente foi a banda de Bob Marley.

Em setembro, o tour é com Julian Marley e banda Natiruts, em São Paulo, no antigo Espaço das Américas (atual Espaço Unimed), nos dias 17 e 18 de setembro. A programação segue com Julian Marley e Binho Ribeiro, no dia 23, no Centro Cultural Fundição Progresso, no Rio de Janeiro, e dia 25, em Belo Horizonte, no Festival Planeta Brasil. “Blessed” poderá ser ouvida nas plataformas digitais, Spotify, Apple Music, Deezer e YouTube Music, a partir de 15 de agosto.

Binho Ribeiro, que nasceu Cléber Silveira Ribeiro há 31 anos em Barra do Ribeiro, se considera um filho adotivo da cidade de Guaíba, onde cresceu e vive até hoje. É no município da região Metropolitana que busca inspirações para suas canções. Torcedor do Internacional e assessor parlamentar na Câmara Municipal de Guaíba, ele explica que a letra de “Blessed”, que fala de "paz, esperança, perseverança", foi composta durante a pandemia. Ele não esconde a alegria de ter uma música em parceria com o filho do “rei do reggae”.


Binho, qual é a sensação de gravar uma música com um dos grandes nomes do reggae mundial, Julian Marley, um dos filhos do rei do reggae (como Bob Marley é conhecido)?
Dificilmente irei conseguir descrever a sensação de gravar com o filho de um dos maiores nomes da música global, Bob Marley, que não é reconhecido por uma única geração, por uma única música ou por um único segmento, mas por uma grande massa. Poder ter uma música com filho do rei do reggae é como um menino que está começando no futebol começar a jogar com Cristiano Ronaldo, Messi ou Neymar.

Onde você conheceu Julian Marley? E como nasceu a amIzade entre vocês?
Tive a oportunidade de estar com Juju, como chamo Julian Marley, em 2016, no Bar Opinião, em Porto Alegre. Na ocasião, estavam os integrantes da Banda The Wailers - banda original do Bob Marley. Tive a honra de conhecer o Aston Barrett, muitas vezes chamado de "Family Man" ou "Fams", que é um baixista jamaicano de reggae e parceiro de banda do Bob Marley, que estava fazendo uma de suas últimas turnês antes de se aposentar. Também estava o Aston Barrett Jr, filho do lendário baixista do Bob Marley, que hoje é baterista e CEO do grupo The Wailers.


Onde você nasceu e como foi sua infância? Sempre sonhou com a música?
Nasci em Barra do Ribeiro, cidade da região Costa Doce do Rio Grande do Sul. Mas apenas nasci lá, pois cresci e vivi no município de Guaíba, cidade vizinha de Porto Alegre. Minha infância posso dizer que foi privilegiada. Fui bolsista em escola particular e tive acesso a aulas de diversas artes e idiomas, e um ciclo de amizades que foram cruciais para meu crescimento como pessoa. A música sempre foi meu sonho, conforme fui crescendo, dificuldades foram aparecendo, mas nunca desisti. Nesses mais de 20 anos de carreira, ela sempre esteve no topo dos meus objetivos, desde minha infância me via em cima de grandes palcos.


Como é despontar profissionalmente a partir do Rio Grande do Sul?
Gratificante, pois o Rio Grande do Sul não é um Estado fácil de despontar, não é o lugar mais apropriado para investir em música fora do nativismo. Mas as coisas têm dado muito certo por aqui. Apesar de ter morado no Rio de Janeiro e em São Paulo, as coisas têm andando muito bem aqui no Sul, e poder estar em casa, próximo da família neste “início” faz toda diferença.


Você acha que a gravação com Marley pode alavancar teus sonhos, alinhavados ainda na infância?
Com certeza a gravação com Marley é o ápice da minha carreira. Sempre digo que o sucesso está no processo, pois sempre devemos estar em busca dele, mas o processo já é o sucesso. E com certeza este momento/processo está sendo muito gostoso.


O que pretende conquistar a partir de agora?
Minha maior pretensão é poder fazer com que meu trabalho autoral seja divulgado da melhor maneira, e possa chegar até o maior número de público possível, para que pessoas possam sentir minha obra.


A música escolhida foi "Blessed Words" (em português, Palavras de Bênçãos), composta em parceria com Julian e Elivelto Correa, com arranjos de Aston Barrett Jr. Foi um desafio? Por quê?
O maior desafio foi trabalhar na ponte de Miami, Jamaica e Guaíba, em meio a uma pandemia. Tivemos que utilizar os meios de internet e muitas vibrações para que a energia daqui fosse a mesma de lá e a de lá fosse a mesma daqui. A música é para ser sentida, e foi a primeira vez que foi feita uma conexão Brasil-Jamaica via internet.


A gravação ocorreu em Miami, nos Estados Unidos, mas você permaneceu em solo gaúcho. Como ficou o resultado?
Aston conduziu da melhor maneira toda produção, mas aqui no Brasil tive ajuda de pessoas que foram fundamentais para chegarmos neste nível de gravação e produção. Minha voz foi preparada pela fonoaudióloga Magali Mussi, a produção vocal foi do gaúcho radicado no Rio de Janeiro Juliano Cortuah, e gravação nos estúdios Soma, em Porto Alegre, com a técnica do Juliano Maffessoni.

Sobre o que fala a letra de "Blessed"? Tem alguma relação com os sentimentos vivenciados durante os momentos de "reclusão" durante a pandemia?
A canção fala sobre esperança, fé e perseverança. Estamos em reclusão total, trancados, isolados, queria levar ao meu público um pouco de esperança. Minha ideia quando compus junto ao Elivelto Corrêa, antes de passar para Aston e Juju a canção, era lançar o quanto antes, na pandemia mesmo. Mas claro que seria impossível por questões burocráticas, tanto que estamos lançando somente agora a canção. A música foi composta por mim e o Elivelto Corrêa na minha casa, tomando um vinho e refletindo sobre a vida, em uma folha de caderno e um violão saiu a Blessed. Enviei ao Aston a canção e ele prontamente topou a produção da faixa. Foi quando começamos a trabalhar. Em seguida mostramos para o Julian Marley, que foi convidado a cantar a música, porém ele quis compor uma letra, e virou compositor conosco. Resumidamente a letra fala: "Como é abençoado viver".


A canção será lançada neste mês, durante a turnê do grupo The Wailers pelo Brasil, com shows previstos para Florianópolis, Curitiba, Porto Alegre, Recife e São Paulo. Você vai participar no show de Porto Alegre e vai cantar com Julian?
Julian Marley ainda não tem show marcado em Porto Alegre, somente o The Wailers. Estamos preparando algo legal para este momento, com Aston Barrett Jr. Nos demais shows estamos nos organizando para fazer um lindo lançamento nacional.

O que você projeta para o futuro?
Minha projeção para futuro é simplesmente poder seguir compondo, cantando e dividindo meus sonhos com os demais sonhadores, para que eles nunca deixem de acreditar em si mesmos, em seus sonhos, em suas histórias e raízes, e fazer isso através da música. Tenho outros artistas que sonho em dividir canções, mas com Juju posso dizer que “zerei a vida”.

 


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895