Kiss em Porto Alegre: Um show para guardar na memória

Kiss em Porto Alegre: Um show para guardar na memória

Arena do Grêmio vibrou com o público de 20 mil pessoas

Luiz Gonzaga Lopes*

Quarteto formado por Paul Stanley, Gene Simmons, Tommy Thayer e Eric Singer entregou um show com grandes clássicos e uma profusão de pirotecnia

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Porto Alegre teve duas horas de rock'n'roll na potência máxima para se despedir do Kiss na última terça-feira, dia 26 de abril. A Arena do Grêmio vibrou com o público de 20 mil pessoas (um pouco aquém do esperado) que se emocionaram com o “End of the Road Tour” de Paul Stanley, Gene Simmons, Eric Singer e Tommy Thayer.

Às 21h15min da terça, 26, o rock tomou conta da Arena. Com as frases ecoando pelas potentes caixas de som: “Você são os melhores, vocês terão os melhores. Com vocês, a banda mais quente do mundo, Kiss”. Cai a cortina gigante com o logo da banda e a entrada é triunfal e futurista com o trio Gene, Paul e Tommy descendo com elevadores abertos e executando “Detroit Rock City”, o petardo de 1976 do disco “Destroyer”. Após a primeira música, Paul Stanley regeu o coro de milhares de vozes no famoso “Oooooohhhhh” e emendou um “Boa Noite, Porto Alegra”, 
Como o Kiss é perfeito em termos de show biz, até a entrega das músicas, segue uma lógica que alterna petardos e canções dançantes, seguindo com “Shout it out Loud”, também de “Destroyer”. Antes da clássica “Deuce”, Paul Stanley lembrou que é a terceira vez que o Kiss toca na Capital e começou a reger o coro do barulho, elogiando: “Vocês são lindos”.

Um dos pontos altos do show foi o momento de “I Love it Loud”, a sexta música da noite. Com aquele “Ooooooh, oooohhhh” e a sincopagem perfeita da batera de Eric Singer. Este momento foi quando uma das pirotecnias mais esperadas aconteceu: Gene Simmons caprichou no seu cospe-fogo tradicional. Aliás o fogo e as explosões são tão fortes e intensas que chegam a assustar fãs mais ardorosos, acima dos 50 anos, como é o meu caso. 

Após o solo luxuoso de Tommy Thayer, veio outro petardo oitentista e dançante. “Lick it Up”. Com um terço de show, os gaúchos já sabiam que estavam sendo testemunhas de um acontecimento musical.
Antes da décima-terceira música, Paul Stanley quis sentir as 20 mil vozes e almas com ele e puxou o coro do “Oh Yeah” antes dos acordes de “Psycho Circus”. O disco homônimo motivou a primeira vinda da banda a Porto Alegre, em 1999. Ao fim da música, um belo solo de batera de Eric Singer. Por falar em solo, o de baixo de Gene Simmons entrega toda a mitologia do Kiss, com escalas sombrias e aquele efeito de vomitar sangue, como se tivesse mastigado algum bicho (ao melhor estilo do contemporâneo Ozzy Osbourne).

Em “Love Gun”, Paul Stanley surpreendeu o público e foi puxado por um cabo de aço para aparecer na torre de iluminação do show atrás da galera da pista. Voltou ao palco puxado por pelo mesmo cabo em plena “I Was Made for Lovin’ You”, o flerte do Kiss com a disco music, do álbum “Dinasty” (1979). Com “Black Diamond” e uma profusão de pirotecnia, acabou a primeira parte do show. A galera pediu bis. Eric Singer desceu da bateria e conduziu “Beth” ao piano. Logo depois, Paul Stanley avisou que seria a última, a despedida, com todos entoando em coro “Do You Love Me”. Mas é claro que não foi, pois veio a música símbolo da banda, “Rock and Roll All Nite” e uma chuva de papel picado e balões. Com um espetáculo de 1h55min de duração e 23 músicas executadas, o Kiss mostrou porque é a banda mais amada e uma das mais competentes do show biz do planeta em 49 anos de carreira. Um fim de estrada para lembrar pra sempre.

* Editor do Caderno de Sábado


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