Laços de Iberê Camargo com a cidade aniversariante

Laços de Iberê Camargo com a cidade aniversariante

Na celebração dos 250 anos de Porto Alegre, a Fundação Iberê abre neste sábado, às 11h, a exposição ‘Iberê e Porto Alegre - No andar do Tempo’

Um passei de Iberê Camargo pelas Rua dos Andradas no Centro Histórico

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Para celebrar os 250 anos de Porto Alegre, a Fundação Iberê inaugura hoje, 11h, a exposição “Iberê e Porto Alegre – No andar do tempo”. Serão apresentadas 38 obras do acervo, entre pinturas e desenhos, e propõe um passeio pelo olhar do artista por alguns locais significativos, como o rio Guaíba, a Cidade Baixa, a Catedral Metropolitana, a Praça da Matriz, a Ponte de Pedra, a Rua da Praia, a Usina do Gasômetro, o Parque da Redenção e o pôr do sol. Algumas serão expostas pela primeira vez no atual prédio da Fundação, que completa 14 anos no dia 30 de maio. A mostra integra o calendário oficial das comemorações do aniversário de Porto Alegre.

Nascido em Restinga Seca, a 257km de distância de Porto Alegre, Iberê sempre teve laços fortes com a Capital, como descreveu, em julho de 1970, na carta de agradecimento à Câmara de Vereadores pelo título Cidadão de Porto Alegre: “Foi nesta cidade, na igreja do Menino Deus, que recebi o batismo e o nome. Meu pai, então agente da estação de Restinga Seca, minha terra natal, escolheu a capital do nosso querido Rio Grande, como primeiro marco da minha humanização (...) Gosto de perambular, sonhando, pelas tuas mais antigas ruas cheias de sol e poesia. Olaria, Varzinha, Arvoredo - Oh! a rua da Praia dos encontros e dos namoros! Praça da Alfândega, do Portão, da Matriz... são ilhas cheias de verde e de luz. Nomes que nasceram da poesia popular e foram guardados na boca do homem, no tempo que torna as coisas sagradas. Lugares cheios de histórias... História do povo... história de gente... História simples da vida, do dia a dia em que cada um é herói, sem o saber...”

O professor da PUCRS e pesquisador das transformações da cidade, Charles Monteiro, foi convidado a contribuir com pequenos verbetes, contextualizando e trazendo à imaginação os ambientes da época. Em “A chegada”, ele fala de quando o artista mudou-se para a Capital:

“Em 1935, aos 22 anos de idade, Iberê Camargo mudou-se para Porto Alegre, como muitos jovens que saem do interior em busca de oportunidades na capital. Morando em uma pensão do centro da cidade, começou a trabalhar como desenhista técnico na Secretaria Estadual de Obras Públicas e a frequentar o Curso Técnico de Desenho de Arquitetura do Instituto de Belas Artes –, o qual abandonou após três anos para dedicar-se à arte...”

Eduardo Haesbaert e Gustavo Possamai, que organizaram a mostra, lembram que “em textos memorialísticos, Iberê mostra especial interesse pelas sangas, águas turvas e árvores retorcidas”, um pouco do que se verá nas pinturas dos anos 1940 retratando o rio Guaíba e o antigo riacho da Cidade Baixa.

 

 


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