Alerta!

Alerta!

A manifestação pode ocorrer hoje. Não se surpreenda se as ruas forem tomadas. Mas não fique surpreso também se nada acontecer

Guilherme Baumhardt

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Não se surpreenda, estimado leitor, se uma passeata cruzar o seu caminho ou passar em frente à sua casa. A nossa sociedade consciente resolveu convocar uma manifestação contra o governo. A coluna teve acesso a material sigiloso, de um dos grupos que organizam o ato. Estamos tratando da guerrilha paramilitar mundialmente conhecida como Tarados – Tropa Anticapitalista Revolucionária que Adora o Dinheiro dos Outros.

Além da Tarados, o movimento foi encorpado por outros grupos, menos radicais e barulhentos, mas que não primam pela coerência, como a turma que defendeu ardorosamente o “fique em casa” desde o início da pandemia, mas foi flagrada curtindo a faixa de areia no litoral, durante o verão, ou foi vista naquela festa bacana de réveillon. Engrossam as fileiras também integrantes da patota que defendeu com unhas e dentes que deveríamos adotar o mais absoluto isolamento, independentemente das necessidades mais básicas do ser humano, como trabalhar para comer. Estamos falando, também, do pessoal que lutou com todas as forças para barrar a volta às aulas, mesmo que o resultado desta decisão fosse o aumento do abismo existente entre os alunos da rede privada e os do ensino público.

Os documentos da Tarados revelam que a guerrilha buscou um acerto com o vírus. Uma mensagem de WhatsApp traz o seguinte texto: “Seu Covid, no sábado a gente vai fazer uma manifestação contra o Biroliro, esse fascista. Vamos aglomerar, mas não vamos dizer que é aglomeração. Vamos chamar de ‘ato democrático’ que fica tudo ok. Uma parcela da imprensa nos ajuda nisso. Certos do seu espírito democrático, contamos com a sua colaboração para evitar o contágio dos manifestantes”.

Consta que a Covid-19 não respondeu, mas a Tarados interpretou isso como um sinal positivo e de que a manifestação deveria ir adiante. Há relatos de que um dos organizadores gritou “o vírus é nosso!”, sendo logo repreendido pelos demais que lembraram: “Ele é nosso parceiro, mas não precisamos espalhar”. Outro, mais atento, lembrou: “A China pode não gostar disso. Eles são muito ciosos quando o assunto é propriedade intelectual. A deles, é claro”. A manifestação pode ocorrer hoje. Não se surpreenda se as ruas forem tomadas. Mas não fique surpreso também se nada ocorrer. Em algumas regiões do país, a Tarados não goza de muito prestígio.

“Dobrar” ao centro

Após o deputado federal Marcelo Freixo abandonar o PSOL e buscar abrigo no PSB, agora é a vez do governador do Maranhão adotar o mesmo caminho. Flávio Dino deixa o PCdoB e seguirá para a mesma sigla, o PSB. Não se iludam. Freixo continua tão radical quanto antes. Dino continua sendo um comunista. A estratégia, porém, é clara. Ambos preparam um discurso mais suave para posar como candidatos moderados nas eleições de 2022.

Mais centristas

Já tratei do assunto recentemente, inclusive relembrando a “Carta ao povo brasileiro”, quando Lula e o PT apresentaram sua versão light e venceram a eleição de 2002. Além dos mencionados acima, quem também já colocou a locomotiva em trilhos semelhantes é Ciro Gomes – hoje no PDT, mas que já passou por PMDB, PSDB, PSB, PPS... Após contratar o marqueteiro João Santana, Ciro reduziu a verborragia e, pelo menos até agora, suas manifestações não lembram uma biruta de aeroporto, com mudanças frequentes de posicionamento.

Envergonhados

Durante anos no Brasil era praticamente um pecado ser “de direita”, uma mistura de herança torta do regime militar (que economicamente nada teve de liberal) e das narrativas construídas pela esquerda, especialmente no que diz respeito a assistencialismo e o papel do Estado. Nas eleições recentes, essa “vergonha” parece ter trocado de lado. Se uma direita surgiu (seja ela conservadora ou liberal), foi a vez da esquerda esconder a cor vermelha, adotar o verde e amarelo em peças publicitárias e dar um chá de sumiço em estrelas, foices e martelos, em algumas campanhas.
 


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