Comunistas

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44% dos brasileiros temem que o país vire comunista a partir de 2022

Guilherme Baumhardt

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Uma pesquisa recente do Datafolha (com todas as ressalvas possíveis ao instituto) mostrou que 44% dos brasileiros temem que o país vire comunista a partir de 2022. Aos 50% que responderam em sentido oposto, restam duas alternativas: ou são desinformados, ou são comunistas querendo vender gato por lebre. Se você ainda não se deu conta, sim, o perigo é real e paira sobre nós. No caso de alguns vizinhos latino-americanos, ele já pousou.

O Chile é o exemplo mais recente de que mesmo altas doses de avanços econômicos e sociais (produzidos por liberdade econômica, não por interferência estatal) são insuficientes para blindar uma nação da ameaça esquerdista. A vitória de Gabriel Boric na disputa presidencial acendeu uma luz vermelha. Não se trata de uma Argentina, que volta e meia mergulha em governos populistas. Não, desta vez estamos falando do Chile, o melhor Índice de Desenvolvimento Humano da América Latina e única nação do continente a fazer parte da OCDE – o que não é pouca coisa. A população chilena cochilou, a esquerda voltou. O índice de abstenção, em um país com voto facultativo, foi assustador – mais da metade do eleitorado não compareceu às urnas. Um alerta: cuidado com aqueles que pintam em Boric um moderado. O novo presidente chileno é uma mistura da Lindbergh Farias – pela origem no movimento estudantil – com Guilherme Boulos – pelo radicalismo esquerdista. Para ilustrar: assim como defende a esquerda no Brasil, o novo ocupante do Palácio de La Moneda prega o “controle social” da mídia, expressão limpinha e cheirosa, mas que não passa da defesa de uma censura imposta pelo Estado ao cidadão, especialmente aos veículos de imprensa.

Alguns anos atrás, o jovem chileno – que a imprensa brasileira reluta em classificar de extrema-esquerda – foi ao encontro de Ricardo Palma Salamanca. Quem foi ele? Um dos integrantes do grupo terrorista Frente Patriótica Manuel Rodriguez. “El Negro”, como ficou conhecido, é uma espécie de Cesare Battisti chileno. Salamanca foi condenado por ser um dos autores do atentado que matou o senador de direita Jaime Guzmán, no início da década de 1990. Com a repercussão negativa, em meio ao processo eleitoral, Boric pediu desculpas, mas ficou evidente a sua posição sobre o caso.

Hoje já temos, na América do Sul, países que são liderados pela esquerda. E os resultados, em alguns deles, já apareceram. Na Argentina, metade da população se encontra abaixo da linha da pobreza, enquanto a inflação está fora de controle (nada, nada comparado ao que temos no Brasil). Na Bolívia, governa o esquerdista Luis Arce, cujo partido é o Movimento ao Socialismo. No Peru, o vencedor do último pleito foi o líder sindical Pedro Castillo, cujo maior destaque até então foi liderar uma greve de professores – no Rio Grande do Sul seria algo próximo de termos a presidente do Cpers-Sindicato, Helenir Schurer, disputando e vencendo as eleições para o governo do Estado.

E a Venezuela, bem, precisamos mesmo falar da Venezuela? Sim, vamos falar. Há escassez de produtos básicos, a população passa fome, não há remédios e o país rico em petróleo mergulhou na mais profunda miséria. Mas, claro, é tudo culpa do imperialismo Yankee. Ironia do destino (ou apenas a vida real, para quem conhece minimamente economia): o único papel moeda que tem algum valor hoje em território venezuelano é o... dólar! Sim, o dólar dos Estados Unidos, correndo e movimentando um mercado paralelo no qual a população de Caracas – que ainda tem algum poder aquisitivo – consegue manter a sua subsistência, comprando produtos básicos.

Se você quiser brincar com fogo, o receituário está acima. Aos que ainda não abriram os olhos, nossos vizinhos nos deram alguns alertas importantes.

Cachoeira do Sul

A virada de ano será em Cachoeira do Sul, cidade com a qual mantenho uma relação de amor desde a infância. São minhas origens, as raízes da minha família. Até os 17 anos, passei praticamente um quarto da minha vida nessa pacata cidade da região central do Rio Grande do Sul, já que as férias escolares tinham parada obrigatória na casa dos avós. Passar pela ponte do Fandango (mesmo com o rio Jacuí baixo como está, em função da falta de chuva) desperta minhas memórias mais calorosas, mais humanas, especialmente com o pôr-do-sol no horizonte. Aos leitores de outras cidades e regiões do Estado, peço desculpas, mas Cachoeira vive no meu coração.

Críticas e elogios

Gosto demais do retorno dos leitores da Coluna. E, em 2021, foram inúmeros. Por razões óbvias, as mensagens elogiosas são as mais aprazíveis de serem lidas. Melhores ainda são aquelas que vão além da reflexão proposta no texto publicado aqui, no jornal. Mas, confesso, as que mais despertam o sentimento de “missão cumprida” são as raivosas, carregadas de ódio e rancor com aquilo que foi exposto. Fico com a sensação de que o objetivo foi atingido. A todos os leitores deste espaço, o meu desejo de um excelente 2022. E aos que divergem frontalmente do que escrevo aqui, um aviso: vou carregar ainda mais nas tintas no ano que se inicia. Amo vocês.


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