Parasitas

Parasitas

O mundo encara neste momento uma espécie de reorganização econômica. Está em curso e é bem provável que a pandemia tenha provocado uma espécie de efeito catalisador em algo que estava no horizonte, mas distante.

Guilherme Baumhardt

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O mundo encara neste momento uma espécie de reorganização econômica. Está em curso e é bem provável que a pandemia tenha provocado uma espécie de efeito catalisador em algo que estava no horizonte, mas distante. A instalação do parque industrial global em território chinês foi um grande erro, evidenciado pelo coronavírus e suas consequências. Como se isso não bastasse, passamos a enfrentar outros problemas, tais como economias que ainda trabalham para absorver uma injeção de dinheiro – sem lastro – poucas vezes vista na história e que, consequentemente, produziu inflação. Ah, e uma guerra, em pleno território europeu, bagunçando o fornecimento de gás, petróleo e insumos agrícolas.

Apesar da turbulência e do mar agitado, há otimismo. Com alguma boa vontade, é possível vislumbrar uma estrada razoavelmente bem pavimentada para que o mundo entre em um ciclo virtuoso, de crescimento e geração de riqueza. Se teremos algo parecido com o que ocorreu no início dos anos 2000, com o ‘boom’ das commodities, não sabemos. Ainda não há bola de cristal que ofereça a resposta com a precisão que gostaríamos. Mas a história nos ensina (e mostra) que a economia é feita de ciclos.

Traçando um paralelo de tempo, convido o leitor a fazer uma reflexão. Se a previsão estiver correta, a eleição deste ano ganha contornos ainda mais fortes. Abre-se nova uma janela de oportunidade para o Brasil, tal qual ocorreu no início do milênio – e que, na época, desperdiçamos com capricho. Houve forte expansão econômica, o Brasil surfou a onda, mas da pior maneira possível.

Em 2002, Lula foi eleito pela primeira vez presidente da República e, no lugar de reformas profundas, modernizando o Estado, ele adotou o caminho inverso. A máquina pública inchou, o gasto público disparou e o que poderia se transformar em um salto de qualidade derreteu na primeira grande crise internacional. De sexta economia do mundo, despencamos. Não havia base, o alicerce era fraco, os fundamentos mais básicos foram desrespeitados.

Dito isso, fica aqui uma espécie de alerta. Há uma onda de parasitas na América Latina. Na biologia, parasitas são seres que vivem em função dos outros. A esquerda (especialmente a radical), que nada produz, é, portanto, parasita. Nada produz (exceto pobreza), não gera riqueza e está acostumada a viver agarrada ao Estado, por acreditar que dinheiro dá em árvore, quando na verdade é fruto do suor de quem realmente trabalha e empreende.

O mais recente parasita foi eleito na Colômbia – vitória do guerrilheiro Gustavo Petro. Entre as propostas do valente estão: taxar grandes fortunas (algo que já se mostrou ineficaz, porque o dinheiro muda de país ao menor sinal de sobretaxa); criar um ministério da igualdade (ainda as pautas identitárias?); retomar as relações diplomáticas com a Venezuela (zero surpresa); e, no caso das drogas, acabar com a política de proibição de consumo.

Além da Colômbia e Venezuela, parasitas venceram eleições recentes no Chile – que era uma espécie de oásis em meio a tanto atraso – e na Argentina – que ostenta inflação de 60,7% nos últimos 12 meses, o pior índice dos últimos 30 anos. As escolhas de outubro cabem exclusivamente ao eleitor. Se o caminho for o dos parasitas, não digam que houve falta de aviso.

Agradecimento

Fiquei lisonjeado com a leitura da coluna pelo ex-governador Eduardo “fiz que fui, não fui, mas acabei fondo” Leite, o Nunes de Pelotas. Sobre o pagamento imoral de pensão a ele, escrevi no sábado passado o seguinte: “Encerre a discussão e, de maneira livre e espontânea, devolva o dinheiro. Faça isso antes que a Justiça assim o determine. O vexame será menor”. Na segunda-feira, Leite anunciou que vai abrir mão do pagamento e devolver os valores. Só poderia ter adotado outro caminho, não o vitimismo, afirmando que foi atacado. Não houve ataque, mas uma crítica, algo a que todo homem público está sujeito.


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