Pequenas observações de um liberal

Pequenas observações de um liberal

Livre iniciativa soluciona a maioria dos nossos problemas

Guilherme Baumhardt

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Quem acompanha este espaço já sabe: sou um entusiasta e defensor do livre mercado. E algumas experiências dos últimos dias serviram para reforçar a ideia de que a solução para a maior parte dos nossos problemas está na livre iniciativa, sem amarras, com o mínimo de regulação e interferência estatal. Durante a cobertura da missão do Rio Grande do Sul aos Estados Unidos, mais uma vez, foi possível perceber aquilo que Adam Smith chamou de “a mão invisível”.

Anos atrás, no Brasil, as empresas aéreas decidiram cobrar um valor extra pela bagagem despachada, no porão das aeronaves. Até então esse custo estava embutido no custo da passagem. E convenhamos. Era um exagero. Lembro de viagens internacionais em que pelo valor do bilhete eu poderia transportar duas malas de 32 kg. Quem leva tudo isso?! Bueno, mesmo em um país com o mercado aéreo concentrado em apenas três empresas, o mercado encontrou um caminho.

Não faltou gente, no Brasil, para dizer: “É preciso uma lei para proibir essa cobrança!”. O que houve? O óbvio. Se antes um casal poderia levar uma bagagem de 23 kg, mas agora pode embarcar uma mala (cada um) com no máximo 10 kg, malas menores passaram a ser as preferidas nas lojas especializadas. E o que restou para as companhias aéreas? A adaptação ao caminho encontrado pelos clientes. Em voos que estão lotados, sob pena de não conseguir acomodar os pertences a bordo, a bagagem pode ser despachada sem custo adicional.

Há algum tempo enfrento um problema com a Uber. Por alguma razão até agora sem explicação, consigo fazer corridas apenas no sistema pré-pago, carregando créditos. “Arrá! Viu o mercado também falha!”. Sim e não. Como nos Estados Unidos a modalidade pré-paga não era possível, mas eu precisava me deslocar, além do táxi apelei para um concorrente do Uber, o Lyft, que me entregou um serviço melhor e com um custo mais baixo.

Sim, eu reconheço que em algumas situações e circunstâncias a presença estatal acaba sendo inevitável. Foi assim nos primórdios das telecomunicações, até que o avanço tecnológico e a redução de custos permitiram o ingresso da iniciativa privada, que cumpriu o papel com muito mais competência. O exemplo mais recente desta transição é a exploração do espaço. No passado, tratava-se de tarefa exclusiva da Nasa e da agência espacial russa. Hoje empreendedores privados, de Elon Musk a Richard Branson, já oferecem viagens ao espaço.

Nessas horas é inevitável lembrar Ayn Rand: “Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada”.

No nosso caso ainda dá tempo.

Melo dá o tom e puxa a fila

Primeiro veio a decisão de retirar a obrigatoriedade de máscaras em locais abertos. E agora, mais recentemente, decreto semelhante com validade para espaços fechados. Enquanto o governo estadual titubeia e fica em uma lenga-lenga que mistura análise jurídica e comitê científico, Porto Alegre faz o que a imensa maioria aguardava ansiosamente. Com números de casos de Covid-19 em queda, baixa ocupação de leitos em função da doença e altos índices de vacinação, muito acima da média de outras capitais, o prefeito Sebastião Melo puxa a fila, dá o tom e torna facultativo o uso. Excelente notícia.

Ainda faz sentido?

Questionado durante a missão aos Estados Unidos sobre a obrigatoriedade das máscaras, Eduardo Leite respondeu citando análises jurídicas da PGE e a sugestão de uma Medida Provisória feita pelo presidente Jair Bolsonaro, regrando o tema nacionalmente. Além disso, mencionou o comitê científico, instalado no início da pandemia. A pergunta é: ainda há a necessidade de ficarmos a reboque de um grupo que muitas vezes acaba dando munição para determinados grupelhos?

Falando em grupelhos...

A Associação de Pais e Mães e pela Democracia não me representa. Trata-se de mais um grupelho que reúne meia dúzia de gatos pingados. Um movimento com altas doses de engajamento político partidário – com os quais tenho zero identificação – e que busca, via judiciário, impor sua visão e opinião. E, por vezes, conseguem. É mais um caso de gente que encontra terreno fértil em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul, boa parte por culpa da própria imprensa, que dá a eles um tamanho e dimensão que não têm. Querem outro exemplo? A turma que é contra a revitalização do Cais Mauá. Até quando daremos holofote para quem merecia, no máximo, a luz de uma lanterna sem pilha?


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