Confronto na Europa

Confronto na Europa

Polônia e Belarus estão em vias de confrontação armada com tropas na fronteira

Jurandir Soares

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Por incrível que pareça, em pleno século XXI, dois países da Europa, Polônia e Belarus, estão em vias de uma confrontação armada. Ambos concentraram tropas na fronteira, e a Rússia até enviou aviões de combate para dar suporte ao regime do aliado da Belarus Alexander Lukashenko. A causa do incidente é originária de outros países. São refugiados vindos basicamente do Iraque e do Afeganistão, que entraram no território de Belarus, para dali tentar chegar até a parte ocidental da Europa. O que acontece é que a Europa, que, desde 2015 vem sendo invadida por um enorme contingente de refugiados, já não suporta receber mais gente. Lukashenko, porém, também quer se livrar dos intrusos e procura os empurrar para os países vizinhos, Polônia e Lituânia.

A área em conflito está barrada aos jornalistas, o que impede informações mais precisas sobre o que ali está acontecendo. Sabe-se, no entanto, que a chanceler alemã, Angela Merkel, telefonou para o líder russo, Vladimir Putin, buscando a participação do mesmo para amenizar o conflito, mas sem sucesso. E a Alemanha tem razões de sobra para temer pelos resultados da confrontação. Isto porque Lukashenko ameaçou bloquear a passagem do gás que vem da Rússia, cruza o território de Belarus e vai para países europeus através da Polônia. E mais: a Alemanha acaba de concluir a construção do gasoduto Nord Stream 2, que a abastecerá com o gás russo. Ou seja, a Alemanha não quer saber de conflito. Como também não quer saber de receber mais refugiados, pois só numa leva, em 2015, chegou ao país um contingente de 1 milhão, fugidos das guerras da Síria, do Iraque e do Norte da África. Porém, o certo é que para acabar com o conflito é preciso acomodar em algum lugar essa gente que está em Belarus e que já demonstrou que ali não quer ficar.

O pior é que em meio a esse conflito, Putin ameaça gerar mais outro. No caso, com a Ucrânia. Comprovação dessa intenção é o fato de ter concentrado enormes contingentes militares na fronteira ucraniana. Vale lembrar que, em 2014, Putin já tomou de volta a província da Crimeia. E desde antes disso vem apoiando os separatistas de duas províncias da parte oriental da Ucrânia, de Donetsk e Lugansk, que possuem um contingente significativo de população de origem russa. E a Ucrânia é outro país que depende do gás russo e por cujo território também passa gás que vai para a Europa Ocidental. Assim é que Putin, que poderia agir como um moderador na crise entre Polônia e Belarus, parece estar mais interessado em ver o circo pegar fogo na região. E a dúvida que se estabelece é se, nesse caso, a Europa sairia em defesa de seus parceiros? De momento, a resposta é não. A não ser que houvesse uma mobilização da Otan sob a liderança dos Estados Unidos. Mas, isto também é pouco provável no atual momento. E assim, Putin vai dando as cartas no jogo da região.

 


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