Diplomacia faz aliviar a tensão

Diplomacia faz aliviar a tensão

Encontro entre Blinken e Lavrov foi amistoso e positivo

Jurandir Soares

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O encontro desta sexta-feira em Genebra entre os representantes da diplomacia dos Estados Unidos, Anthony Blinken, e da Rússia, Serguei Lavrov, era visto como a etapa derradeira para aliviar a tensão entre os dois países em função da questão que envolve a Ucrânia. Ao final do encontro não houve nenhuma declaração bombástica sobre conquista da paz ou declaração de guerra. As declarações de ambos os chanceleres foram evasivas, com o russo repetindo que seu país não tem intenção de invadir a Ucrânia, porém, ao mesmo tempo atacando a Otan. Já o norte-americano referendava as declarações de seu presidente Joe Biden, no sentido de que os russos pagarão um preço alto se invadirem a Ucrânia. Tudo isto em meio a um cerco que as tropas russas estabeleceram sobre o território ucraniano. Além dos 100 mil soldados que se concentram junto à fronteira leste ucraniana, Moscou deslocou tropas, tanques e aviões de combate para exercícios conjuntos com Belarus, ou seja, junto à fronteira norte da Ucrânia.

Para o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, “segue havendo um risco real de um conflito na Europa”. No entanto, um pequeno detalhe resultante do que foi conversado demonstra um alívio nas tensões. E diz respeito ao fato de Blinken ter concordado em enviar respostas formais, por escrito, às demandas do Kremlin. Esta era uma exigência que o presidente Vladimir Putin vinha fazendo e que a Otan se negava em aceitar. E essas demandas do Kremlin dizem respeito à Ucrânia, Georgia e Moldova. Ou seja, ex-repúblicas soviéticas que os russos não querem ver passar para o âmbito da Otan. Pois, se isto acontecesse, as forças da Otan se estabeleceriam junto à fronteira russa. Não se tem bola de cristal, mas a dedução é de que os integrantes da Otan perceberam que a sua manobra por incorporar aquelas repúblicas ex-soviéticas era muito ousada e que Moscou não está brincando ao mobilizar tropas no entorno da Ucrânia. Poderiam dar motivo para a dita invasão da Ucrânia e aí ficariam na obrigação de ter que defender aquele país e de enfrentar uma guerra de proporções inimagináveis. Assim, uma resposta por escrito, conforme Moscou pedia, pode ser a solução para tudo, sem demonstrar que isto foi um recuo estratégico.

Percebe-se que o resultado do encontro de Blinken com Lavrov foi tão positivo e amistoso que o diplomata norte-americano pediu a ajuda do russo junto ao aliado dele, o Irã. No sentido de ajudar a salvar o acordo nuclear que envolve o país dos aiatolás. E para fechar, acenaram com um novo e próximo encontro entre Biden e  Putin. Salvo um erro de avaliação, a diplomacia deu hoje um passo importante em Genebra.

 


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