O pós 11 de setembro

O pós 11 de setembro

Passados 20 anos dos terríveis atentados, o terrorismo ainda assombra as nações

Jurandir Soares

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Vinte anos se passaram desde os terríveis atentados de Nova Iorque e Washington, em que terroristas da Al Qaeda, sob a liderança de Osama Bin Laden, assinalaram um novo marco nas ações de terror, ao transformarem aviões de carreira em mísseis. Algo nunca imaginado pelos serviços de Inteligência. Foram dois aviões contra as torres gêmeas do World Trade Center, símbolo do poder financeiro dos Estados Unidos, outro contra o Pentágono, na Virgínia, símbolo do poder militar norte-americano. E o quarto avião acabou caindo em um campo aberto na Pensilvânia, depois que passageiros e tripulantes tentaram retomar o controle dos sequestradores. Não havia informação para onde esse avião se dirigia, mas, seguramente, visava à Casa Branca ou ao Pentágono, símbolos do poder político norte-americano. Enfim, a maior potência do mundo fora golpeada muito fortemente.

A reação do então presidente norte-americano George W. Bush foi imediata. Declarou o lançamento de uma “guerra ao terror”. Que teve como primeiro objetivo caçar Bin Laden e seus asseclas da Al Qaeda. E esses estavam refugiados no Afeganistão, sob a proteção do nefasto regime do Talibã, que dominava aquele país desde 1996, quando havia expulsado do país os soviéticos, com a ajuda de armas fornecidas pelos Estados Unidos. Nada mais certo, portanto, do que dirigir essa guerra para o Afeganistão, buscando desbancar aquele regime que tanto mal fazia ao país, especialmente às mulheres. Em pouco tempo a missão de desbancar o Talibã do poder foi cumprida. Mas, não a de eliminar o grupo. Nem tampouco a Al Qaeda e Bin Laden. Todos se refugiaram pelas montanhas do país, e Bush, ao invés de seguir na caça aos mesmos, buscou outro objetivo.

E este objetivo foi o Iraque, que nada tinha a ver com a situação. Resolveu atacar o país em nome das tais armas de destruição em massa que nunca existiram. Estava, no entanto, atendendo os interesses das corporações do petróleo, das armas e da construção, entre outras, que deram sustentação à sua eleição à presidência, assim como a do seu vice, Dick Chaney. Este, um homem profundamente ligado aos negócios petrolíferos. Resultado: os Estados Unidos destruíram o Iraque, desmontaram seu Exército, cujos integrantes, em boa parte, foram se juntar a outra nefasta organização terrorista que surgiria ali, o Estado Islâmico (EI). Organização que veio a ter o reforço da Al Qaeda, que se reestruturara a partir das montanhas afegãs. Assim como também se reestruturou o Talibã, que passou a golpear o governo que se instalara em Cabul com o apoio dos Estados Unidos. O resultado da “guerra ao terror” se viu recentemente com a desastrada saída dos EUA do Afeganistão. Saíram correndo e deixaram todo o armamento à disposição do Talibã, que recuperou seu domínio sobre o país.

Não se pode esquecer que a Al Qaeda ainda praticou terríveis atentados, com várias mortes, nos metrôs de Londres e de Madri, e o EI não só praticou ataques terroristas diretamente como criou uma escola de seguidores, os chamados “lobos solitários”, responsáveis entre outros atos pelo ataque com um caminhão no balneário de Nice, na França, que matou cerca de 80 pessoas. Tudo isto obrigou o mundo a ficar muito mais atento ao terror. Especialmente no que toca às viagens aéreas. Mas fica a constatação de que a maior potência do mundo conduziu muito mal a sua “guerra ao terror”, estabelecida após os atentados de 11 de setembro de 2001.

 


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