As Máscaras
Poema de Luiz Coronel
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De tal forma as máscaras
aderem a nossa face,
que se tornam nosso rosto,
deixando de ser disfarce.
Olhe a máscara do riso,
por simulada, descobre,
como soltar as algemas,
abrir as portas do cofre.
Sugerindo mil mesuras,
ao encobrir nosso rosto,
impedem que se revele
nosso rancor ou desgosto.
A soberba e sua máscara
de tão cênica vaidade,
revela, a olhos atentos,
nossa vil fragilidade.
O poder e suas máscaras,
ora solenes, austeras,
não poucas vezes ocultam
as ruínas de uma tapera.
Quem ousa proclamar
o que existe de sinistro
sob a máscara inserida
sobre o rosto do ministro?
Findo o baile de máscaras,
com seus rútilos disfarces,
buscaremos nos espelhos
nossa verdadeira face.