Adeus, Jô

Adeus, Jô

Marcos Santuario

Jô Soares concede entrevista a Fábio Porchat na Record TV

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Já tinha preparado dois temas para esta coluna. Um sobre os 80 anos de Caetano Veloso, que se festeja neste domingo e outro reverenciando os 40 anos da obra cinematográfica que marcou época: “E.T. O Extraterrestre”, de Steven Spielberg. Caetano, Spielberg e o E.T que me desculpem. Ficam para outro momento. É que nesta última sexta-feira o mundo da comunicação, da arte e da cultura despertou mais triste com a notícia da morte, na madrugada, do apresentador, escritor, humorista, diplomata, diretor e intelectual Jô Soares, aos 84 anos. Nunca estive com ele, mas os muitos amigos em comum, sobretudo no universo do cinema e da televisão, sempre foram unânimes em ressaltar as muitas qualidades daquele que viria a ser um dos maiores nomes no universo da comunicação e da arte no Brasil. De Cacá Diegues a Pedro Bial, passando por outros grandes nomes ligados de alguma forma ao Jô, todos me revelaram detalhes pessoais que faziam dele um ser admirável. De 1970 até a primeira década dos anos 2000 foram muitas as grandes entrevistas, os artigos, livros, peças de teatro que me mostraram como Jô Soares fazia diferença por onde cruzava. 


Passou pelo humor, e mostrou que ele pode ser reflexivo sem ser rasteiro ou escrachado. Passou pela literatura, criando uma narrativa envolvente. Levou ao seu “sofá de entrevistas” os nomes mais desejados por qualquer jornalista e apresentador. Construiu uma personalidade no universo da comunicação, talvez já destinado ao fato, desde que, ainda como José Eugênio Soares, estudou em Lausanne, na Suíça, pensando em ser diplomata e aprendendo várias línguas. Ao saber falar com tantas outras culturas também soube entender melhor cada uma delas e viveu as artes. Jô passou por várias emissoras de televisão. Um de seus momentos marcantes também foi na Record, em 1966, quando conquistou audiências importantes ao escrever e atuar no lendário programa “Família Trapo”, sitcom que depois inspiraria tantas outras e faria a glória de nomes que também deverão para sempre reverência ao Jô, como Ronald Golias, Renata Fronzi, Renato Corte Real e Zeloni. Eu estava em fraldas ainda, e o Jô nem imaginaria que, como a minha, a vida de muitos seria marcada pelo que ele faria. Obrigado, Jô. 


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