Análise: Pergunta respondida. E agora?
O episódio da prisão de Queiroz fecha ainda mais o cerco jurídico em torno do clã Bolsonaro
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A pergunta sucessivamente repetida por lideranças da oposição e nas redes sociais, “cadê o Queiroz?”, foi respondida nesta quinta-feira. Fabrício Queiroz foi preso em Atibaia, no interior de São Paulo, em propriedade de Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro, que tem trânsito livre e frequente no Planalto. Ex-assessor de Flávio Bolsonaro, Queiroz é investigado no caso das rachadinhas, escândalo que eclodiu em 2018 e que atinge também o agora senador.
O episódio da prisão de Queiroz fecha ainda mais o cerco jurídico em torno do clã, setor em que o presidente vem acumulando derrotas. A última delas foi o aval majoritário do Supremo à manutenção do inquérito das fake news, que avança rápido e atinge aliados. Os desdobramentos jurídicos do caso Queiroz e do papel do advogado Wassef serão muitos, mas dependem da postura de Queiroz, que é um arquivo ambulante, a partir de agora.
A amizade e a lealdade dele à família Bolsonaro prevalecerão? O fato de sua mulher, Márcia Queiroz, estar com mandato de prisão decretado e ser considerada foragida, e os reflexos de as investigações atingirem sua filha terão que peso? Mantida a lealdade e o silêncio de Queiroz, sua esposa, que não tem a mesma ligação com os Bolsonaro, adotará a mesma postura? São muitas as perguntas ainda sem resposta.
No terreno político, no entanto, o estrago foi imediato e brutal e deve ser ampliado nos próximos dias. O caso, que colocou Queiroz na antessala do presidente, ocorre ainda em meio a crises simultâneas e sem precedentes, na política, na economia, na área institucional e também sanitária, em função da postura errática do governo federal e de Bolsonaro, pessoalmente, no enfrentamento da pandemia. Resta saber ainda como será a reação de parlamentares do Centrão, que têm papel decisivo na blindagem do presidente no Congresso, e dos militares.