Cultivares trazem segurança para a safra do trigo

Cultivares trazem segurança para a safra do trigo

Cultivar desenvolvida pela Biotrigo para o combate à giberela está em fase de multiplicação

COLABORE

Pesquisas para o desenvolvimento de cultivares de trigo são realizadas no Laboratório da Biotrigo, em Passo Fundo

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A giberela é um fungo que afeta a cultura do trigo há décadas. Em muitos países, foi responsável por uma série de problemas para produtores, principalmente no momento da comercialização do grão, em que a legislação controlava o nível de toxinas que são geradas pela doença, no produto final.
 
André Cunha Rosa, diretor e melhorista da Biotrigo, lembra que o mercado já sabia que a legislação para as micotoxinas, que regula o controle na alimentação, chegaria no Brasil. “É uma doença presente há muito tempo em nossas lavouras, e muito comum, principalmente em cenários de excesso de água, por exemplo”. Rosa lembra que o Brasil, por não ter uma legislação que determinasse os níveis da micotoxina nos alimentos, corria risco de se tornar um local de despejo, para onde outros países exportavam o produto. Porém, desde 2011, a legislação brasileira controla estes níveis e obriga produtores a controlar ainda mais sua produção.
 
Depois de muitos anos de pesquisa, a Biotrigo chegou a uma cultivar que oferece mais segurança aos produtores no que refere-se à giberela. “É uma variedade capaz de oferecer muita segurança para o baixo índice de toxina, mesmo em locais propensos a giberela”, garante o melhorista. Ele revela que a cultivar é uma combinação de duas variedades gaúchas, resultando em uma ainda melhor. “É o resultado de um trabalho de melhoramento e progresso genético. A sociedade ganha”, reforça André. 
 
A giberela é um fungo que afeta a cultura do trigo no período de floração. A doença entra na planta pela flor e ataca os grãos. É uma doença de difícil controle e com alto custo para o produtor. A doença afeta a produtividade e a qualidade. A variedade degrada a toxina e, sem toxina, não tem doença. Mesmo com a tecnologia, o produtor precisa aplicar o fungicida.
 
André diz que o desenvolvimento ocorreu inspirado na China, apesar da resistência e das características de produção serem diferentes das brasileiras. A tecnologia da Biotrigo está em processo de multiplicação, ou seja, de reprodução das sementes. Em 2021, estará à disposição de sementeiros e, em 2022, estará com os produtores de grãos.
 
A Biotrigo trabalha ainda no melhoramento genético que traz soluções em outras duas doenças das lavouras de trigo: a mancha amarela e o brusone. A mancha amarela é controlada com fungicida. Oferece perigo no período vegetativo, já que a doença ataca a folha, durante todo o ciclo, e afeta a produtividade. Além disso, fica na palha, afetando outras safras. O brusone é um fungo que afeta a espiga e as folhas, e pode trazer grandes perdas de produtividade. O Rio Grande do Sul registrou surtos da doença em 2014.

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895