Pellets transformam a qualidade de vida de produtores de tabaco

Pellets transformam a qualidade de vida de produtores de tabaco

A novidade busca gerar mais agilidade no processo de secagem da planta, no centro do Estado

COLABORE

Secagem do tabaco ocorre a partir da queima de pallets de madeira

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A secagem do tabaco a partir de pallets de madeira já em uma realidade para Ricardo Fengler, produtor da Linha 17 de junho, no interior de Venâncio Aires. É a segunda cidade com maior produção de tabaco no Rio Grande do Sul. Ricardo é o primeiro produtor da cidade a instalar um queimador junto à estufa, utilizando pellets como combustível para a secagem da planta. Fonte de energia renovável pertencente à classe das Biomassas, os denominados pellets são um combustível sólido, produzido a partir de resíduos da indústria de transformação de madeira.

Em funcionamento há três semanas, o equipamento permitiu que Fengler voltasse a rotina normal, tanto na operação do caminhão, quanto com a família. “Quem produz tabaco sabe que na época da secagem ficamos presos ao processo. Com a estufa normal de lenha é preciso ficar sempre por perto e abastecer em média a cada duas horas, dia e noite. Neste tempo é quase impossível fazer outra atividade, prejudica inclusive o descanso, sem contar o perigo de um acidente”, explica o produtor rural.

Com os pellets, o processo ganha segurança e maior dinamismo. Fengler abastece duas vezes ao dia, pela manhã e à noite, o que consome no máximo 20 minutos. “Com este novo combustível é possível deixar a secagem acontecendo sem a supervisão. Além do tabaco, tenho caminhão de carga, quando utilizava lenha não podia trabalhar enquanto secava o tabaco, agora posso deixar o fumo na estufa e fazer meus fretes, além de conseguir dormir melhor à noite e ter mais tempo para as outras atividades”.

Processo de Secagem

A cura do tabaco faz parte do processo de transformações físico-químicas nas folhas colhidas, seguido de uma lenta e controlada extração da água delas. Todo esse procedimento ocorre dentro da estufa. Para favorecer uma boa secagem, a estufa deve ter um sistema de aquecimento e de ventilação, tanto de entrada de ar, quanto de saída de ar. Na maioria das propriedades o processo para aquecer a estufa é feito com madeira in natura, que demanda mais tempo de cuidado e maiores riscos de incêndios.

Os pellets são produzidos com resíduos de madeira natural, que depois de recolhidos, triturados e secos, se transformam em Serrim. Esse material é comprimido em alta pressão e temperatura, para eliminar o máximo de resinas e umidade. Após esse processo, o resultado é um combustível 100% natural, com um elevado poder calorífico. A queima dos pellets gera níveis reduzidos de emissão de CO e CO₂. O material é vendido em sacos, de 15 ou 20kg, e podem ser armazenados em espaços muito menores do que o necessário para a estocagem da lenha.

No dia 23 de novembro, oorreu uma tarde de campo com diretores e gerentes da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra). A equipe conheceu o processo de secagem com pellets e debateu sobre os ganhos para o produtor. Os Diretores da Haas Pellets, Júnior Haas e Charles Fengler, participaram do encontro e destacaram o crescimento dos pellets no uso em estufas e em outros processos agrícolas, como em aviários e cabanhas.

A aplicação do material no tabaco é simples, conforme Haas, as estufas já existentes podem ser facilmente readequadas para a utilização do queimador de pellets. A instalação do equipamento permite ainda que o produtor possa utilizar a madeira in natura quando quiser. Ao apresentar o funcionamento, o produtor Ricardo Fengler destacou o baixo valor de investimento, R$ 14 mil. “Com o ganho de tempo de secagem e qualidade do fumo, consigo ainda diminuir o consumo de energia, porque o tabaco fica menos dias na estufa do que normalmente fica com a lenha e ainda consigo secar com mais agilidade o produto para facilitar a comercialização”.

Júnior Haas destacou que os pellets ainda são mais caros do que a lenha, porém, ressaltou que os ganhos superam o valor do investimento. “Os pellets não possuem nada nocivo, não há sujeira como insetos, galhos, casca e areia, além de possuírem o mínimo de umidade possível. A utilização é simples e traz uma automação que possivelmente só conseguiríamos com processo a gás ou elétrico, porém com um custo muito próximo da lenha”. O diretor ainda enfatizou que acredita que a resistência cultural no processo será baixa, já que o produtor continuará utilizando o mesmo sistema que possui atualmente, na mesma estufa, apenas conseguindo uma autonomia melhor, com mais segurança e ainda diminuindo o tempo de secagem, possuindo uma maior qualidade do produto final.

Para a Associação, o produto é muito prático e de fácil instalação, visto que não precisam fazer adaptações nas fornalhas atuais. A entidade ainda destacou que é uma boa alternativa para otimizar a mão de obra do produtor de tabaco, sendo uma oportunidade para os produtores avaliarem a forma que trabalham hoje e usarem a tecnologia a seu favor.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895