Cautela com o Carnaval

Cautela com o Carnaval

Entidades carnavalescas se preparam para os festejos, que, neste ano estão programados para março na Capital. Porém, ainda há muitas dúvidas, tanto envolvendo questões de infraestrutura quanto em relação à pandemia, especialmente com a chegada da variante Ômicron ao país

Por
Felipe Samuel

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou para a nova cepa do coronavírus, a variante B.1.1.529 - com origem na África do Sul e chamada de Ômicron -, e a classificou como "preocupante". Desde o anúncio, a comunidade internacional observa o avanço da doença na Europa, Ásia e Oceania e a possibilidade de uma quarta onda da Covid-19. Por conta desse cenário, órgãos de vigilância sanitária dos municípios brasileiros avaliam se há condições para a realização de eventos com aglomeração em cidades, entre eles, o Carnaval. No dia 28, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que um brasileiro que retornou da África do Sul no sábado (27) foi diagnosticado com Covid-19. Agora, vários brasileiros já foram diagnosticados com a variante.

Em Porto Alegre, com a expectativa de voltar a realizar os desfiles das escolas de samba no Complexo Cultural do Porto Seco, na Zona Norte, em março de 2022, representantes de entidades carnavalescas vêm discutindo o regulamento e as possibilidades do próximo ano. A necessidade de readequar o calendário de preparação das escolas dos grupos Ouro, Prata e Bronze deve empurrar o desfile para os dias 18, 19 e 20 de março - datas que ainda precisam ser confirmadas pela prefeitura e organizadores. Este ano, por conta do avanço da pandemia do coronavírus, o evento foi cancelado. Apesar da expectativa pela retomada do desfile em Porto Alegre, outras capitais estão em compasso de espera, como São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Recife e Salvador, que ainda aguardam para decidir o que será feito. No interior do Rio Grande do Sul, várias cidades já cancelaram o evento.

PREOCUPAÇÃO COM LIBERAÇÃO

Na avaliação da epidemiologista Carina Guedes Ramos, do Hospital Nossa Senhora da Conceição, a realização do Carnaval pode trazer consequências no controle da pandemia na Capital. "Vejo com um pouco de preocupação (a liberação), principalmente diante do surgimento dessa nova variante, que a gente ainda não sabe como vai se comportar e o que ela pode causar", ressalta. Contrária à liberação do uso de máscaras, ela explica que o Carnaval tem a tendência de as pessoas se aglomerarem mais.

Nesse contexto, Carina, que também é infectologista, destaca que provavelmente o público vai deixar de adotar as medidas de afastamento, de máscaras e até mesmo de higienização das mãos. "A gente já está com boa vacinação e acaba tendo um cenário otimista, esperando que a variante não cause danos e novos picos de internações e óbitos, mas a gente tem que ter cautela. Eu seguraria essa liberação de carnaval. Mas é uma coisa que depende muito como nossos governantes vão lidar com isso", frisa. Na avaliação da especialista, o ideal seria informar sobre a liberação do evento próximo às datas do evento. "Hoje é bastante complexo dizer 'libera o carnaval, organiza tudo', porque a gente não sabe como vai estar o cenário", compara.

Como a festa dos foliões está prevista para março, ela observa que até lá será possível identificar se a cepa está circulando no Rio Grande do Sul e as suas consequências. "A gente sabe que essa nova variante tem várias mutações que podem ter essa característica de potencial de disseminação maior. Ao longo dos próximos dias, vamos ter novas informações sobre essa variante. Nesse momento, a gente não sabe nem como as vacinas vão se comportar em relação à proteção com essa nova variante. A gente espera que as vacinas tenham eficácia, como já tiveram para as outras variantes que surgiram, mas é tudo muito novo", alerta.

Na avaliação da especialista, os números positivos da vacinação em todo país, especialmente no Rio Grande do Sul, formam um cenário positivo, com redução das internações e de óbitos, o que aponta para uma “vida mais normal” daqui para a frente. "As pessoas estão se vacinando, muita gente com a terceira dose, mas a gente tem que sempre ir caminhando passo a passo, com cautela. Talvez, nesse momento, liberar o Carnaval não seja a melhor conduta. Mas entendo que existe pressão da sociedade e tem muita coisa envolvida nesse cenário. Com essa normalidade aparecendo, as pessoas querem suas vidas, seus hobbies de volta", reconhece. Mesmo com boa cobertura vacinal na Capital, Carina lembra que a retomada da economia foi conquistada graças ao ritmo acelerado da imunização e à adoção de medidas não farmacológicas, como distanciamento social e uso de máscaras.

Apesar da chegada da Ômicron, a infectologista se mostra otimista em função da cobertura vacinal. "Se a vacina for eficaz contra essa nova variante, e eu tenho expectativa de que seja, imagino que ela não vá fazer um grande estrago. De qualquer forma, tem que ser prudente, a gente conquistou um cenário mais tranquilo. A gente não pode agora relaxar e voltar a ter uma nova onda de internações e óbitos como a gente já viu anteriormente", reforça.

Além dos debates sobre a retomada do Carnaval por causa da pandemia, também o Porto Seco, local que vai acolher os foliões na Capital, é um problema, pois está em péssimas condições de conservação, em um cenário de abandono. Barracões pichados e destelhados, lixo acumulado no sambódromo e grama alta revelam o descaso de diversos governos com a estrutura montada no Rubem Berta, que foi inaugurada em 2004. Nas últimas semanas, entidades carnavalescas, como a União das Entidades Carnavalescas de Todos os Grupos e Abrangentes de Porto Alegre (UECGAPA) e a União das Escolas de Samba de Porto Alegre Região Metropolitana (Uespa), e prefeitura se reuniram para discutir alternativas para a realização dos desfiles.

As negociações com as produtoras Dusk, de São Paulo, e Praservi-Serviços e Eventos, de Porto Alegre, avançaram no início de novembro. Se confirmado o contrato, elas devem assumir o evento a partir de um Termo de Permissão de Uso (TPU) do espaço por pelo menos três anos. A UECGAPA informa ainda que dia 11 de dezembro ocorre evento que elegerá a Corte do Carnaval de 2022 de Porto Alegre. A escolha terá como palco o Clube Farrapos e elegerá o Rei Momo, a rainha e duas princesas para a Folia de Momo. Conforme a entidade, se inscreveram candidatos e candidatas de escolas da Série Ouro, Prata e Bronze.

CONSIDERANDO AS POSSIBILIDADES

O presidente da UECGAPA, Richer Kniest, afirma que a possibilidade de cancelamento do evento não foi discutida nas reuniões. Kniest explica que o evento já foi anunciado no calendário oficial da prefeitura e revela que as tratativas para contar com o suporte de produtoras para a realização do evento avançaram. No entanto, a exemplo de outras cidades brasileiras, ele admite que a entidade está atenta ao cenário da pandemia. "Havendo risco mais ali na frente, daqui um mês, dois meses, na virada do ano, havendo riscos, o que vamos fazer? Teremos que cancelar. Se a ordem for essa, sem problema nenhum", ressalta. "Não podemos nunca negar o problema, até porque é uma questão de risco de vida. Por enquanto não tem decisão nenhuma nesse sentido para o Carnaval de Porto Alegre, mas com toda certeza levamos em consideração a possibilidade de não haver a festa.”

Conforme Kniest, as negociações com as produtoras evoluíram. "As duas empresas fizeram uma proposta para os festejos dos carnavais 2022, 23, 24. No intervalo entre os carnavais, elas devem produzir shows e eventos no Porto Seco, se estabelecer por lá, cuidando e fazendo manutenção", detalha, ressaltando que o acordo deve contar também com a anuência da prefeitura. Em outra frente, a UECGAPA busca recursos por meio do Fundo Municipal de Apoio à Produção Artística e Cultural (Fumproarte). "Estamos tentando elencar um projeto, pelo Fumproarte, para que a gente consiga fomentos para escolas de samba tocarem a cadeia produtiva e assim conseguirem confeccionar adereços e carros alegóricos para o desfile. A participação da prefeitura será nesse sentido também", frisa.

Menos de quatro meses para a data prevista para os desfiles, as 17 escolas filiadas à UECGAPA mantêm os preparativos para o evento. "A percepção que tenho, principalmente das escolas filiadas à UECGAPA, é que estão se mexendo com intuito de desfilar. Por enquanto não temos baixa nenhuma, todas estão motivadas, até porque não tivemos desfile de 2021 em função da pandemia. A ideia é desfilar", resume. Ele ressalta o impacto econômico da pandemia da Covid-19 entre as entidades carnavalescas, que viram os recursos caírem a zero.

A retomada dos eventos representa oportunidade de trabalho para muita gente. “Já está aparecendo a necessidade de termos costureiras, aramistas, soldadores, modeladores, pessoal que trabalha com esculturas. Aos pouquinhos a cadeia produtiva vai começar sua movimentação. Dificuldades todos têm, as escolas apostam muito nos seus ensaios, shows e eventos”, avalia. Ao elogiar o trabalho do prefeito Sebastião Melo e a cedência do TPU às ligas, Kniest avalia que o gesto demonstra a vontade do Executivo e da comunidade carnavalesca em cuidar do Porto Seco. Sobre a parceria com as interessadas em utilizar o Porto Seco, Kniest afirma que a empresa vai “se pagar através do que produzir” no Complexo Cultural. “Para as ligas, para o carnaval, vamos ter apoio e suporte necessários para evento, dentro de um contrato com várias exigências, dentro de um padrão aceitável de exigência.”

"Não tratamos de valores. Nessa contrapartida de cedência do lugar para eles explorarem versus condições para que a gente realize o carnaval, para nós não interessa valores. Interessa mesmo o modelo da estrutura. Nesta sim fizemos muitas exigências, colocamos qual estrutura, como nós queremos, mas não tratamos de valores", afirma.

COMEÇO COM ATRASO

Mesmo com todas as dificuldades estruturais e financeiras, agravadas pela pandemia da Covid-19, a Uespa destaca que a ideia é realizar os desfiles no Complexo Cultural do Porto Seco em meio às comemorações de 250 anos de Porto Alegre. O presidente da Uespa, Maurício Santos, explica que algumas escolas já deram início à preparação da parte musical e artística, além de já contar com estrutura de trabalho definida. "Estamos começando com atraso", destaca.

Conforme Santos, a expectativa é que as quadras das escolas de samba sejam liberadas para atividades com a participação do público, o que representa aumento de receita. "O público do samba está sedento por poder se reunir", destaca. Conforme Santos, o grande desafio das escolas de samba é buscar recursos para viabilizar o desfile das entidades carnavalescas. "Apresentar o Carnaval, ainda que não na plenitude, mas como um grande evento de retomada das atividades culturais no ano que vem, é um grande desafio", avalia. Apesar das dificuldades históricas enfrentadas pelos carnavalescos, como o tempo reduzido para promover melhorias na infraestrutura do sambódromo, Santos afirma que a ideia é entregar “um produto adequado” para o aniversário da cidade. “O Porto Seco está em condição precária e acaba sendo preparado nos 90 dias que antecedem os desfiles. No restante do ano fica abandonado. Quem mantém minimamente são os carnavalescos, mesmo com um ano e meio sem atividades”, frisa. Ele destaca que são recorrentes os relatos de falta de energia elétrica decorrente do furto de cabos.

Com recursos limitados por conta do reflexo da pandemia do novo coronavírus, muitas escolas devem aproveitar material que não foi utilizado em função do cancelamento do desfile este ano. "O que a gente tinha preparado em 2021, que não podemos usar, vamos usar", observa. Além das discussões acerca do regulamento, as entidades carnavalescas entregaram documento à prefeitura, que propõe um plano decenal. "Precisamos de um olhar de cultura, de estado para a cultura, que não fique só vinculado a governos, porque muda governo e muda diretriz de investimentos da cultura. Isso dá condição de pensar dez anos de investimento, com olhar cultural, comercial e turístico", completa.

SAMBA-ENREDO E RAINHAS DA CORTE DEFINIDOS

Mesmo com cenário marcado por incertezas na Capital, a Imperadores do Samba, vice-campeã da última edição em 2020, já deu início aos preparativos para o desfile do próximo ano. Em novembro, a escola apresentou as quatro rainhas da Corte de 2022. Presidente da Imperadores do Samba, Luana Costa explica que a escola ficou sem atividades durante boa parte do ano por conta da pandemia. Sem poder promover eventos e movimentar a bilheteria, a instituição observou a queda de arrecadação e o agravamento da situação financeira. “Não deu para recuperar 100%. É caro para abrir uma escola, pois temos que contar com equipe de limpeza, segurança, copa. Às vezes não vale a pena."

Segundo Luana, apesar das dificuldades e da preparação com “pé atrás”, a escola já definiu o samba-enredo: “Um espetáculo entre os palcos da cidade”. Ela reforça que a Imperadores mantém o cronograma tradicional e já conta com as alegorias prontas. A expectativa agora é pela confirmação da realização do evento. "Não adianta trabalhar com custo alto sem saber se vai ter Carnaval", afirma, destacando que foi eleita em abril, no auge da pandemia. "Contamos com a colaboração dos sócios e de eventos que fizemos. Estamos fazendo ensaios e aguardando a retomada dos eventos para começar a ter recursos, pois está bem complicado. Antes da pandemia já era difícil", resume.

Com o impacto da pandemia, Luana salienta que as entidades carnavalescas sequer conseguiram ocupar os barracões do Porto Seco em função da falta de recursos. "O desfile deve ser parte das comemorações dos 250 anos de Porto Alegre. Esperamos que a prefeitura ajude na captação de recursos, mas não tem nada efetivado", pontua. Se antes da pandemia as escolas já lidavam com orçamento apertado, agora os custos de produção também aumentaram. "Está tudo muito caro. O preço do ferro triplicou do ano passado para cá, e é um material que usamos bastante na nossa estrutura. Além disso, muitas lojas fecharam no Rio de Janeiro e em São Paulo", alerta.

Em alguns casos, a solução para suprir a necessidade das escolas é importar material da China. Mas a alta dos equipamentos não é o único desafio das entidades carnavalescas. Sem poder trabalhar em meio à pandemia, muita gente que vivia do samba abandonou a profissão, provocando escassez de mão de obra. "Muitos foram procurar outras fontes de renda e agora não podem largar", explica. Sobre as condições precárias do Porto Seco, Luana avalia que o local segue abandonado desde que foi inaugurado. "A prefeitura devia colocar a Guarda Municipal e usar para outros serviços", sugere. "Cada vez que a gente entra no barracão é um custo, pois fica abandonado durante o ano inteiro", frisa.

Como a estrutura do Porto Seco fica vazia a maior parte do ano, o local é alvo fácil para criminosos, que roubam cabos de energia e canos. "Aquela área precisa regularizar muita coisa. Seria importante que uma empresa explorasse o ano inteiro, com manutenção básica da iluminação. Roubam tudo lá, grade, concreto", afirma. A favor da realização do desfile em 2022, a Imperadores do Samba reforçou o posicionamento da escola em uma rede social, destacando as ações promovidas durante a pandemia, como a abertura da Quadra de Ensaios para o Rolê da Vacinação.

REINVENTAR-SE PARA COLOCAR O CARNAVAL NA RUA

Com avanço das negociações para realização do Carnaval, a Bambas da Orgia, atual campeã da Série Ouro de Porto Alegre, já realizou a primeira edição do festival que vai escolher o samba-enredo da escola. O presidente da entidade, Carlos Augusto Gonçalves Leite, conhecido como Breik, explica que serão duas eliminatórias até a final. "As dificuldades aumentaram em função da pandemia. Como escola de samba estamos nos reinventando para poder colocar o Carnaval na rua. Óbvio que se não tiver auxílio do Poder Público ou do privado, ou seja, uma renda que possa nos ajudar a impulsionar isso, não tem como ter Carnaval. Não tem como botar escola na rua", afirma.

Ao destacar que as negociações com a produtora são conduzidas pelas entidades carnavalescas, Breik diz que ainda “não tem nada de concreto”. "Temos que bater o martelo. Quanto antes, melhor. Temos que montar o barracão. Não pode chegar em janeiro e começar a trabalhar, temos que começar agora. Dezembro seria o prazo máximo para que a gente consiga começar a trabalhar e apresentar um bom espetáculo.” Segundo Breik, nessa época o tema já estaria pronto desde agosto. “Se tivéssemos com outra estrutura já estaria tudo pronto, trabalhando nas fantasias. Mas já temos modelos, tudo alinhavado, estamos esperando a infraestrutura, a parte financeira, para que a gente possa tocar os trabalhos.”

A falta de manutenção e de segurança do Porto Seco é apontada como um dos principais problemas enfrentados pelas escolas de samba. Conforme Breik, as condições do local são propicias a “tudo que é tipo de coisa”, como a bandidagem e a prostituição. "É um problema, porque gostaríamos que já estivesse pronto. O ideal é que já tivesse uma pista em definitivo, porque daí, quando chegasse perto do Carnaval, só se fariam ajustes, porque montar toda uma estrutura fica difícil", destaca, reforçando a importância de se ocupar a estrutura todo ano, ao invés de apenas no período de três meses. Mesmo com o impacto financeiro provocado pela pandemia, ele avalia que as escolas não podem contar com um orçamento reduzido.

Por isso, cobram algum tipo de apoio da prefeitura. “Não vai se igualar ou comparar com Rio de Janeiro ou São Paulo, que estão bem mais à frente, mas seria importante uma boa receita para que as escolas pudessem apresentar bom espetáculo. Precisamos de verba adequada para o tamanho do nosso espetáculo.” De acordo com o carnavalesco, escolas da elite do Carnaval da cidade precisam de um orçamento mínimo de R$ 250 mil, cada uma, para fazer um bom espetáculo. “Uma alegoria, um carro, custa em torno de R$ 40 mil. Se usar três dá R$ 120 mil. Se tiver orçamento de R$ 200 mil, por exemplo, sobra R$ 80 mil para o resto. Falando bem economicamente, pois já tivemos, em outros carnavais, escolas gastando R$ 500 mil”, compara.

'EQUIVOCADO E PRECONCEITUOSO'

Questionado sobre os projetos o Complexo Cultural do Porto Seco, na Zona Norte, o prefeito Sebastião Melo criticou a decisão de levar o Carnaval para aquela região. Lembrou que participou das discussões sobre a realização do Carnaval naquela região na Câmara de Vereadores, quando era vereador. “Achei muito equivocado levar o Carnaval lá para o Porto Seco e até preconceituoso. Acho que a cultura do Carnaval é uma cultura muito arraigada no Brasil. Um prefeito tem que dar vazão a todas as manifestações culturais, não tem que dar só para uma ou para outra”, afirmou.

Melo destacou a realização de outros eventos na cidade como os festejos farroupilhas ou os que destacam as culturas italiana e alemã. Com a expectativa de realizar o Carnaval dias 18, 19 e 20 de março - as datas ainda precisam ser confirmadas -, Melo explicou que a prefeitura discute a realização do evento com uma empresa de São Paulo, que receberia um Termo de Permissão de Uso (TPU) do espaço por pelo menos três anos. “A gente passa o TPU para as duas entidades (que representam as escolas de samba) e elas negociam comercialmente com essa empresa, que faria as estruturas do Carnaval e consequentemente estaria autorizada a fazer outros eventos.” Conforme o prefeito, a ideia é permitir que a empresa utilize o espaço durante o ano.

PELO INTERIOR

Alguns municípios do Rio Grande do Sul também já estão tratando dos festejos carnavalescos. Entre eles:

ARROIO GRANDE - A Prefeitura de Arroio Grande cancelou os concursos e desfiles do Carnaval de 2022. A decisão ocorreu junto com a Liga das Escolas de Samba de Arroio Grande e representantes das escolas de samba. Em nota, a prefeitura destaca que a decisão foi tomada em função das condições epidemiológicas da região de Pelotas e a instabilidade no sistema vacinal.

BAGÉ - A previsão é que a festa ocorra antes da data oficial no país. Segundo o Secretário de Cultura e Turismo, João Schardozim, um grupo composto por integrantes de 15 entidades carnavalescas está conversando sobre a retomada do carnaval competitivo. Além do carnaval das marchinhas que acontece no Centro Histórico de Vila de Santa Teresa, pode ocorrer também o Samba na Praça. A proposta está em discussão no Conselho Municipal de Cultura.

CANOAS - Em reunião quarta-feira entre o prefeito de Canoas, Jairo Jorge, e os integrantes do Conselho da Cidade, foi decidido o cancelamento do Carnaval de 2022, em função da chegada ao Brasil da variante Ômicron. Para o prefeito, esta foi uma decisão importante para não colocar em risco a saúde da população.

CAXIAS DO SUL - A Secretaria Municipal da Cultura pretende definir nos próximos dias o formato do carnaval 2022 que irá acontecer no mesmo período da Festa Nacional da Uva. A secretaria está realizando reuniões com as escolas de samba para analisar a melhor forma de realizar o carnaval. Uma das propostas é da não realização do tradicional desfile das agremiações carnavalescas. Entre os motivos está a questão da pandemia, a falta de recursos das escolas e a desmobilização das comunidades pelo longo período sem atividades relativas ao Carnaval. A secretária Aline Zilli informou que uma das propostas que está sendo avaliada é a realização de uma grande festa de carnaval, em apenas um dia, no centro da cidade.

PASSO FUNDO - Por conta da preocupação com a pandemia, a prefeitura de Passo Fundo decidiu vetar a realização do carnaval de rua. Além das condições sanitárias, a administração alegou que não há tempo hábil para a captação de verbas, organização das agremiações e produção do evento. A decisão foi anunciada pelo prefeito Pedro Almeida, após reunião com a Liga Independente das Escolas de Samba. Como alternativa, o Executivo propôs um evento no Parque da Gare, similar às festividades dos Carnavais populares promovidos em anos anteriores.

URUGUAIANA - O tradicional Carnaval Fora de Época não será realizado em 2022 por falta de recursos das escolas de samba e pelos riscos da pandemia. Além disso, os prazos para elaboração e montagem de enredos e a ausência de empresas privadas interessadas em investir no evento inviabilizaram a realização da programação, que era prevista para 17 a 19 de março. A decisão foi tomada em reunião entre a prefeitura e a Associação das Escolas de Samba do Primeiro Grupo de Uruguaiana.

ITAQUI - Conforme Juliano Cabral, coordenador de comunicação do município, está descartada a possibilidade de desfile das escolas de samba em 2022. A folia deverá estar restrita aos salões que investirão em bailes no período oficial do carnaval.

ALEGRETE - Sílvio Balestra, da assessoria de comunicação, afirmou que não há possibilidade de desfiles de escolas de samba na cidade. O evento deverá contar com a “descida dos blocos” que partem da Praça Getúlio Vargas com direção aos QGs de cada grupo ou a locais definidos pela prefeitura.

SÃO LEOPOLDO - Segundo o secretário de Cultura e Relações Internacionais, Pedro Vasconcellos, em reunião com representantes das seis escolas de samba na cidade, foi definida a data de 5 de março para o Carnaval. O desfile com as escolas ocorrerá juntamente com eventos de muambas descentralizadas em três finais de semana. Ele comenta que ainda há dúvidas sobre os protocolos sanitários. "Mas como a tendência é cada vez mais flexibilização, por conta da imunização da população, iremos respeitar os decretos que estarão em vigor no momento."

NOVO HAMBURGO - A Secretaria de Cultura prevê o Carnaval para 12 de março. Já estão ocorrendo encontros e reuniões com os representantes das cinco escolas de samba a fim de organizar o evento que ocorrerá na Pista de Eventos, Centro do município.

TRIUNFO - A cidade se prepara para o Triunfolia. De acordo com a Secretaria de Turismo e Cultura, a previsão para 2022 é manter o Carnaval conforme o calendário, iniciando na sexta-feira e sábado (25 e 26 de fevereiro), no Centro Histórico, com os blocos, estendendo a programação para domingo e encerrando as festividades na segunda, dia 28. Quanto ao desfile das escolas na avenida ainda não há definição.

ELDORADO DO SUL - A cidade terá trio elétrico em algumas ruas do Centro no dia 5 de março de 2022. Conforme informou a Prefeitura, a festa acontecerá com todos os cuidados e respeitando protocolos de prevenção contra Covid-19.

GRAVATAÍ - A prefeitura informou que não organizará nenhum evento de Carnaval em 2022, mas está sendo estudada a possibilidade de apoiar algum evento que possa ser organizado pela escola de samba da cidade, a Acadêmicos de Gravataí, que faz parte do grupo especial do Carnaval de Porto Alegre.

SANTA MARIA- Há cinco anos a cidade não promove Carnaval de rua. “Não podemos em 2022 ficar sem o evento", diz Leonardo Ribeiro, presidente da Associação Aliança para o Samba. “Queremos que a prefeitura nos ajude com infraestrutura e iremos atrás dos patrocinadores”, acrescentou. Santa Maria conta com sete escolas de samba e todas estão dispostas a participar do evento. O prefeito Jorge Pozzobom afirmou: “No momento, nosso Carnaval é a saúde, pois o objetivo é continuar vacinando para combater a Covid-19”. A secretária de Cultura, Rose Carneiro, disse que o Executivo tem mantido diálogo com as escolas com o objetivo de construir o Carnaval para 2022.

PELOTAS - Ainda não há um posicionamento do município quanto a realização da festa ano que vem. Por meio da Assessoria de Comunicação, a Prefeitura disse que isso depende principalmente do momento da pandemia que a cidade estará vivendo.

RIO GRANDE - Está confirmado o desfile de blocos na Praia do Cassino. Porém, caso os números da pandemia voltem a crescer, a festa poderá ser cancelada. Segundo o Secretário Municipal do Cassino, Sandro Oliveira, a projeção por enquanto é positiva. “Vamos fazer camarotes, com infraestrutura e segurança para quem for acompanhar a festa na Avenida Rio Grande”, pondera.

JAGUARÃO - Na fronteira com o Uruguai, o carnaval que fez a cidade ganhar o apelido de “A Salvador do Sul” deve ocorrer. Com o desfile de trios elétricos, a iniciativa é discutida desde a metade do ano e deve durar uma semana.

OUTROS MUNICÍPIOS - Cachoeirinha, Esteio e Viamão Erechim, Três Passos, Frederico Westphalen e Palmeira das Missões não definiram se irão promover atividades de Carnaval em 2022..

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895