Centenário a celebrar

Centenário a celebrar

Palácio Piratini completa um século de ocupação e traz em sua existência importantes episódios da história do Estado

Por
Jessica Hübler

Há 100 anos era ocupado oficialmente o Palácio Piratini, a sede do Poder Executivo gaúcho, que acumula histórias, obras de arte e episódios marcantes ao longo desse século. Vários governadores lá residiram, outros optaram por enxergar o Piratini apenas como espaço de trabalho, mas, para todos, o Piratini foi marcante.
Quem criou o projeto do Palácio foi o arquiteto francês Maurice Gras. Ainda nos rascunhos do espaço, já estava prevista a divisão que até hoje é vista: o terreno em dois planos, ligados por escadarias. O primeiro, na rua Duque de Caxias, onde está edificado o corpo principal do Palácio, é destinado a administração e recepções. E o segundo, a ala residencial, para a moradia do governador do Rio Grande do Sul e sua família.

O Palácio Piratini foi construído em homenagem à Revolução Farroupilha e também relaciona a sede do governo do Estado ao nome da primeira capital da República Rio-grandense, Piratini. A assinatura do decreto que deu nome à sede do Poder Executivo ocorreu em 20 de junho de 1955.

A pedra fundamental foi assentada em 20 de setembro de 1909, na época em que o governador era Carlos Barbosa Gonçalves. Nesse meio tempo, diversos imprevistos acabaram atrasando o término das obras do Piratini e, mesmo após a inauguração, em 17 de maio de 1921, ainda havia muito trabalho pela frente, principalmente na ala residencial e nos jardins.

Em 1955, um decreto do governador Ildo Meneghetti oficializou o nome Palácio Piratini, uma homenagem à primeira capital da República Rio-grandense (1836-1845). A sugestão da denominação foi feita pelo Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul.
A arquitetura e a arte do Palácio chamam atenção. Os lustres de cristal dos salões são réplicas dos usados no Palácio de Versalhes e as esculturas da fachada principal e posterior da Ala Governamental são de autoria do francês Paul Landowski, criador do Cristo Redentor do Rio de Janeiro. Em 1951, o pintor italiano Aldo Locatelli foi contratado para pintar os murais nas paredes e no forro dos salões. Em 1986, o Palácio Piratini foi tombado pelo Iphae. E, em 2000, integrando o sítio histórico da Praça da Matriz, passou a ter a proteção do Iphan.

Projeto do centenário do Palácio Piratini

Para marcar o centenário do Palácio Piratini, a equipe do governador Eduardo Leite preparou ações especiais. De acordo com o coordenador do Projeto do Centenário do Palácio Piratini, Mateus da Rosa Gomes, os trabalhos começaram ainda no início do governo e vêm sendo calcados na preservação do patrimônio, da memória e da educação patrimonial.

Além disso, a iniciativa também tem como objetivo apresentar o Piratini para o maior número possível de pessoas. “Um dos diagnósticos que a gente tira daqui é que o gaúcho não conhece o Palácio Piratini. O Palácio foi construído em cima de um ideal, passou por diversos governos, eles contribuíram de alguma forma para a edificação, para a construção cultural do local, mas sempre foi um espaço muito restrito à elite política que circulava por aqui, então o projeto está focado em abrir ainda mais o Piratini para as pessoas conhecerem”, explica Gomes.

Segundo ele, quando o planejamento dos trabalhos começou, a intenção da equipe do projeto era realizar uma grande festa, porém, em seguida, começaram as complicações da pandemia da Covid-19, o que implicou em um movimento de “recalcular a rota” internamente. “Fomos adaptando as ideias conforme as coisas foram acontecendo, paramos de pensar em algumas coisas em função da pandemia”, conta.

Além do setor voltado especificamente para o Projeto do Centenário, Gomes ainda destaca a importância da Assessoria de Arquitetura do Palácio, que existe há mais de 25 anos e que é fundamental para que o espaço tenha a conservação atual. “É um lugar de usos diversos, venho trabalhando com essa equipe na manutenção do prédio, na projeção de algumas melhorias, na intervenção com tecnologia, na zeladoria, na preocupação com o restauro de algumas outras coisas e agora nos reunimos dentro de uma comissão e vamos colocar todo escopo dentro de um Plano Diretor do Palácio. Isso vai materializar e instituir uma diretriz sobre o que esse prédio trabalha na questão do patrimônio arquitetônico e o que pretende para o futuro e também vai salvaguardar o que temos feito e ainda deixar um protótipo encaminhado, como ele deve se encaminhar para que essa preservação tenha sucesso”, detalha.

A linha do patrimônio arquitetônico, conforme Gomes, é uma das “coisas mais visíveis" pelo fato de o prédio do Piratini apresentar uma arquitetura singular no Rio Grande do Sul, mas também devem ser explorados os contextos do acervo cultural e artístico que estão abrigados no espaço. “É o que as pessoas menos conhecem, muito do que está aqui dentro é pouco conhecido”, destaca Gomes.

Então, dentro da comissão que está envolvida no Projeto do Centenário, a ideia também é realizar a gestão e a catalogação do acervo com cuidado em nível museológico, para que seja possível fazer a exposição de maneira adequada e permitir que as pessoas possam pesquisar e conhecer melhor cada um desses detalhes. Nesse sentido, também entra a questão da memória. Nesta segunda-feira, 17 de maio, quando será celebrada a data oficial da primeira ocupação do Piratini, haverá uma solenidade no Palácio com a inauguração de uma galeria dos ex-governadores, que era algo que não fazia parte da estrutura do Palácio.

“Para o que vai servir? Para termos uma cronologia com as figuras dos ex-governadores onde a gente consegue ler, saber quais foram os governos que passaram por aqui e entender um pouco dessa construção política protagonista deste lugar”, explica Gomes. Além dessa construção física, Gomes ainda ressalta que uma das ações que ele considera mais importante é o ingresso do Palácio Piratini no universo digital, o que, segundo ele, também é o mais adequado para o momento, por conta da pandemia. “Se hoje a gente procurar na Internet, não encontramos informações de acesso rápido e detalhado, então agora entramos com tudo dentro desse universo. A matriz vai ser um site que será inaugurado dia 17, no qual vai ter um tour virtual, as pessoas poderão caminhar por dentro do Palácio”, detalha. Além disso, Gomes diz que o site também vai ter as coleções presentes no Palácio. “Fotografamos todo o acervo para disponibilizar neste site, com as fichas técnicas para as pessoas terem conhecimento sobre o que tem aqui dentro. Haverá acesso a um banco de imagens oficiais, fotos do Memorial da Legalidade, do Galpão Crioulo, de todos os espaços”, afirma. Essas ações estão previstas para a inauguração do site do Palácio mas, além disso, também há uma programação extensa para os próximos meses. Segundo Gomes, também serão trabalhadas iniciativas como uma exposição virtual e a criação de conteúdos mais específicos, como podcasts ligados ao aspecto histórico do local.

Cerimonialista há mais de 50 anos

Uma das pessoas que faz parte de pelo menos metade da história do Palácio Piratini é o Chefe do Cerimonial, Aristides Germani Filho. Entre idas e vindas, há mais de 50 anos ele trabalha no local. Germani atuou também no Ministério da Justiça, na Câmara Municipal de Porto Alegre e na Assembleia Legislativa, porém, foi no Piratini que iniciou a carreira e é onde trabalha atualmente. Septuagenário, ele diz que não pensa em parar de trabalhar tão cedo e que é apaixonado pelo ofício.

“Gosto muito do meu trabalho, essa parte de cerimonial, protocolos, organizar solenidades, gosto muito e, durante essa trajetória toda, muitas coisas que propus foram aceitas”, conta, detalhando que uma dessas sugestões foi a implementação das honras militares quando um embaixador chega ao Rio Grande do Sul em primeira visita oficial.
Germani destaca que todos os espaços do Palácio são muito bem cuidados. “Ele permanece bonito, elegante e interessante, muitos visitantes, até mesmo de fora do país, ficam impressionados com a beleza do interior do Palácio, é simples, uma coisa muito simples, mas é muito requintado, muito bonito”, diz.

Desde os primeiros dias de trabalho, ainda no governo de Walter Peracchi Barcelos, até agora, no mandato de Eduardo Leite, muitas coisas mudaram no trabalho de Germani, principalmente pelas transformações tecnológicas. No começo, Germani recorda que todos os convites para solenidades eram escritos à mão, “era um trabalho imenso”. Agora, muitas vezes os convidados são contatados de forma virtual ou por ligações telefônicas mas, de qualquer forma, ainda há entrega de convites físicos em determinadas ocasiões. “Aqui é onde tudo começa, é um prazer estar servindo ao Estado, ter esse convívio com as autoridades, enfim, é um grande privilégio na minha vida ter tido essa possibilidade de trabalhar em um dos locais mais importantes da nossa história.”

A experiência de residir no Piratini

Um dos governadores que teve o Palácio Piratini como residência oficial durante o mandato foi Olívio Dutra, entre 1999 e 2003. “É uma boa experiência, evidente, o Palácio é um patrimônio cultural, arquitetônico, não só da Capital, mas do Estado, sendo inclusive uma referência a nível nacional e internacional.” Ele lembra que o primeiro morador foi o então governador Getúlio Vargas, que residiu no local entre 1928 e 1930. Aliás, o quarto de Getúlio ainda permanece preservado no Piratini, no térreo da ala residencial.

Ele conta que uma vez recebeu a visita dos pais e arrumou a cama do Getúlio para eles dormirem. Olívio comenta que ele e a esposa, Judite, optaram por morar no Palácio porque seria mais prático e mais econômico para o exercício do cargo de governador. Segundo ele, permanecer morando na avenida Assis Brasil, onde moravam antes do Piratini, seria muito complicado. “Eram mais de 200 condôminos, teria que deslocar a segurança institucional do governador para a portaria do prédio, o que seria uma inconveniência enorme para os moradores e uma atrapalhação muito grande na avenida, então, para nós, foi mais prático mesmo ir morar lá”, detalha.

Durante todo o mandato, Olívio e a esposa moraram na ala residencial do Palácio. E até hoje ele se lembra de todos os detalhes do prédio. Ao fechar os olhos e contar sobre o ambiente, Olívio destaca que ao entrar pela rua Duque de Caxias, sobe-se uma escada e dobrando à esquerda há a área de atendimento e despachos do governador. Já para a direita se vai para o Salão Alberto Pasqualini, para o corredor onde estão as pinturas de Aldo Locatelli. “Recebi governadores, autoridades, ministros, embaixadores, prefeitos, parlamentares, figuras da cultura, enfim.”

Para o ex-governador, o Palácio precisa ser preservado não só por ser o local onde se instalou a Rádio da Legalidade, por exemplo, mas por ser um ponto muito rico histórica, cultural e politicamente. Olívio também menciona algumas histórias sobre o local que vêm sendo alimentadas há anos. Segundo ele, conta-se de famoso corredor que seria uma espécie de espaço para fuga das situações mais graves, para esconder autoridades, para sair pelos fundos. “E tinha uma porta que nunca se abria, que chega ao Galpão Crioulo. Eu ouvia que era esse tal corredor feito especialmente para situações de perigo, para que as autoridades fossem evacuadas por ali, mas na verdade não era nada disso, não cabia uma pessoa em pé, precisaria andar agachada, e era um local cheio de canos, ou seja, abrigava o sistema hidráulico do Palácio. Então, era um local para isso, mas tinha sinais de gente que entrava por ali, fazendo o que eu não sei”, lembra. Esse era “um dos mistérios” que, segundo Olívio, foi encerrado durante seu mandato. “Aquilo seria o túnel, mas a utilidade daquele espaço era abrigar as instalações hidráulicas, não tinha ligação nenhuma com outras áreas. Antes havia histórias de que iria até a Praça da Alfândega, mas nunca se encontrou sinais disso”, afirma.

A vivência no Palácio Piratini, de acordo com Olívio, marcou muito sua trajetória. “Recebemos ali, acho que nunca tinha acontecido na história do Palácio, os povos indígenas. Pela primeira vez, seus caciques, suas lideranças, foram recebidos com as honras que merecem no Salão Negrinho do Pastoreio”, compartilha. Além disso, Olívio também conta que, durante sua gestão, foi velado no Palácio o corpo do tradicionalista Jayme Caetano Braun, em 1999.

Yeda Crusius e o restauro do Palácio

A ex-governadora do Rio Grande do Sul Yeda Rorato Crusius, cujo mandato foi entre os anos de 2007 e 2011, diz ser uma pessoa muito ligada à questão da arte como representação. E, segundo ela, o Palácio é uma representação de poder. “Eu sempre achei muito lindo, fui atrás da história e me dei conta que as pessoas não percebem que o centro da cidade tem muito da tradição francesa e o Palácio é um dos meus representativos da influência francesa”, afirma.
Quando iniciou os trabalhos como governadora, Yeda tratou com o secretariado sobre a possibilidade de deixar um legado para o Piratini. De acordo com ela, o governador Germano Rigotto havia feito diversas reformas na ala residencial, porém, na “parte pública” ainda havia muito para ser feito. Os trabalhos então começaram. Depois de discussões e muita “mão na massa”, Yeda conta que toda a parte pública foi restaurada. Para que isso fosse possível, ela trabalhou um ano inteiro no 21º andar do Centro Administrativo Fernando Ferrari (CAFF).

Yeda também conta que também desenvolveu outras iniciativas, como, por exemplo, “as tardes das quintas-feiras com a presença de dois músicos gaúchos” e, além disso, lembra um período em que a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) realizou ensaios no interior do Palácio. “A Ospa ensaiou no Palácio antes da restauração e inclusive isso foi reportagem em revista francesa”, revela.

Yeda diz que nunca considerou o Palácio “uma coisa fechada”, por isso nunca quis morar lá. “No meu modo de entender, o Palácio é um museu onde se exerce o Poder Executivo, junto com o CAFF”, afirma. Yeda afirma que sabe o valor da história e o Palácio, segundo ela, é um elemento da história do Rio Grande do Sul e do Brasil absolutamente especial. “Por que restaurei o Palácio? Não tenho o menor apego a ele, mas o valor que dou, pouca gente dá. O palácio não era meu, nunca foi, mas alguém projetou e construiu esse Palácio e eu utilizei, então quis entregar algo melhor ainda do que eu recebi. O poder não é meu, o governo não é meu, o palácio não é meu e eu tive o privilégio de somar à história do Rio Grande do Sul nessa pequena parte de um palácio aberto, um palácio onde abro e mostro não só para o poder, mas para o povo”, ressalta.

A cronologia

Projetos assinados pelo escultor italiano radicado em Porto Alegre Giuseppe Gaudenzi para decoração interna dos salões de banquetes do segundo pavimento do Palácio Piratini. Os desenhos são datados de setembro de 1913. Imagens: CP Memória

O prédio do Palácio Piratini foi construído no mesmo local em que fora edificado, em 1789, o primeiro palácio do governo do Rio Grande do Sul, chamado de Palácio de Barro. Em 1894, o projeto de um novo palácio começou a ser esboçado por iniciativa do então governador Julio de Castilhos. Ele delegou ao arquiteto Affonso Hebert, mesmo autor do projeto da Biblioteca Pública, a execução de projeto, de acordo com suas concepções, alegando “necessidades de asseio e de higiene”. Em 1896, Francisco Gastaldoni foi encarregado da demolição do palácio antigo e o governo transferiu-se para o “Forte Apache”, prédio onde hoje está o Memorial do Ministério Público, também na Praça da Matriz. 

Borges de Medeiros, contudo, mandou paralisar o projeto assim que assumiu o governo, preferindo empregar os recursos em empreendimentos considerados mais urgentes. Mas seu sucessor, Carlos Barbosa, determinou a retomada das obras em 1908. Ele, porém, enviou uma equipe de técnicos do Estado a Paris para organizar um concurso internacional de projetos. Somente dois arquitetos se inscreveram: A. Agustín Rey e A. Janin. Seus projetos foram premiados, porém, não aproveitados.

Um ano depois, o arquiteto francês Maurice Gras foi apresentado a Carlos Barbosa por representantes diplomáticos da França no Brasil e desenvolveu uma nova proposta. O novo projeto necessitava um terreno maior e, por isso, foram adquiridos vários imóveis na Rua Fernando Machado (antiga Rua do Arvoredo) e imediações da Praça da Matriz. Após vários estudos e tratativas, o projeto foi aceito. Em 20 de setembro de 1909 foi lançada a segunda pedra fundamental do palácio e as obras reiniciaram.

O fornecimento de matéria-prima acabou no centro de uma polêmica. O governo alegou que construtores locais pediam o preço de um conto de réis o metro cúbico de granito de Teresópolis, enquanto fornecedores franceses propunham-se entregar no local da obra granito de Villars, França, por 600 francos, equivalentes a 300 mil réis na época. Carlos Barbosa, então, deu preferência ao material estrangeiro, o que gerou muitas críticas. Para atenuar as reclamações nacionais, foi usado granito de Teresópolis na parte residencial do prédio.

Em 1913, Borges de Medeiros reassumiu o governo sob forte reação contra o que foi considerado “os escandalosos gastos da obra” e, imediatamente, rescinde o contrato com Maurice Gras e dispensa seus representantes, mantendo alguns contratos de serviço já firmados. O ritmo das obras, então, diminui e os acabamentos passam a ser executados com artistas e trabalhadores locais: Jesus Maria Corona (arquiteto espanhol que residia na Capital), seu filho Fernando Corona, escultores da Oficina de João Vicente Friederichs, o arquiteto Moreira Maciel, entre outros. 

Em 1914, com a deflagração da Primeira Guerra Mundial, dificuldades de importação forçaram algumas adaptações com uso de materiais locais e parte do mobiliário chegou a ser executado por detentos da Casa de Correção. Entre 1918 e 1919, com as obras praticamente interrompidas, os lustres, executados pela firma Francesa “Surmont et Couteil”,foram colocados no pavimento térreo.

Borges de Medeiros decidiu ocupar o prédio em 17 de maio de 1921, ainda com muito a ser feito no prédio. A solenidade de inauguração restringiu-se a uma discreta visita da imprensa e as obras continuaram por muitos anos. Em 1928, Getúlio Vargas, eleito sucessor de Borges de Medeiros, tornou-se o primeiro governante a morar no novo palácio. 

Na década de 1950, Aldo Locatelli foi contratado pelo interventor Ernesto Dornelles para pintar murais com temas do folclore e história do Rio Grande do Sul. E, em 1955, por decreto do governador Ildo Meneghetti, o palácio recebeu o nome de Piratini, em alusão à cidade que sediou a primeira Capital Farroupilha. 

Em termos de gastos, o governo de Carlos Barbosa despendeu na construção 2.006 contos de réis, o de Borges de Medeiros 4.464 contos de réis e o de Getúlio Vargas 333 contos de réis, sendo estes basicamente em melhorias na parte residencial.

Há um século no Correio do Povo

Pesquisa e edição: Renato Bohusch

Correio do Povo do dia 29 de abril de 1921, sexta-feira, noticiava:

A illuminação do novo palacio 

Imagem: CP Memória

Hontem, cerca das 21 horas, chamou a attenção das pessôas que se achavam na praça Marechal Deodoro a illuminação do novo palacio do governo, agglomerando-se em frente a este edificio numerosos populares. Tratava-se de mais uma experiencia da illuminação, trabalho esse que, como ja noticiámos, se acha a cargo da firma Sourmont & Courteilh. A essa experiencia compareceu o dr. Borges de Medeiros, presidente do Estado, acompanhado dos drs. Ildefonso Soares Pinto, secretario das Obras Publicas, e Sinval Saldanha, secretario da presidencia e outras pessôas. S. exc., com os cavalheiros que os acompanhavam, percorreu todas as salas do palacio dotadas de illuminação. A installação, como tivemos occasião de dizer quando nos referimos á experiencia anterior compõe-se de lustres “appliquês” de bronze, guarnecidos de finos crystaes e de estylo Luiz XVI. O effeito da illuminação é bellissimo.

Correio do Povo do dia 17 de maio de 1921, terça-feira, noticiava:

O novo palacio do governo - visita de autoridades e da imprensa

Nos ultimos dias, foram activados os trabalhos de installação do governo do Estado, na parte ja concluida do palacio, construido á praça Marechal Deodoro, no trecho comprehendido entre o edificio da Assembléa dos Representantes e a Cathedral Metropolitana. Para ali já se está fazendo a mudança dos archivos e bibliotheca, motivo que as costumadas audiencias ordinarias do presidente do Estado se encontram interrompidas desde quinta-feira ultima. Hoje, o governo do Estado passará a occupar no novo palacio a parte já concluida, tendo hontem ali já começado a ser montada a respectiva guarda fornecida pela escolta presidencial. Representantes da imprensa e outras pessoas gradas, convidadas pelo dr. Ildefonso Soares Pinto, fizeram hontem uma visita ás installações já concluidas do novo palacio do governo.

Correio do Povo do dia 18 de maio de 1921, quarta-feira, noticiava:

O novo palacio do governo

Imagem: CP Memória

Hontem, ficou definitivamente installada a presidencia do Estado no novo palacio. De accordo com a determinação do dr. Borges de Medeiros, presidente do Estado, o edificio até agora occupado pela presidencia começará a ser immediatamente adaptado para nelle funccionar a Escola Complementar. Sabemos que no edificio occupado actualmente pela Escola Complementar passarão a funccionar o Superior Tribunal e o Tribunal do Jury. A parte do edificio á praça Marechal Deodoro, onde funcciona o forum, será destinado ao Thesouro do Estado e secretaria da Fazenda. Assim, essa repartição occupará todo o predio da referida praça.

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895