Ciência inspira jovens

Ciência inspira jovens

A produção científica no país tem mobilizado alunos cada vez mais jovens

Por
Maria José Vasconcelos

O Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador Científico, celebrado na última semana, em 8 de julho, marca a importância da produção científica para o desenvolvimento do país e visa estimular a prática da ciência. Apesar das dificuldades do setor no Brasil, uma das importantes comemorações dessa data é que, cada vez mais, o interesse pela ciência se revela entre alunos, da Educação Básica à Superior.

No Campus Osório do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), estudantes do Ensino Médio, já com histórico de destaque em importantes feiras e eventos de jovens cientistas do Brasil e do mundo, receberam, no último mês, três premiações em pesquisa. Na feira internacional Genius Olympiad, realizada de forma virtual entre os dias 7 e 12 de junho, medalhas de ouro e bronze foram conquistadas por egressos, com trabalhos desenvolvidos enquanto eram alunos do Ensino Médio no campus.

A pesquisa “Ecoboard: Desenvolvimento de painéis aglomerados utilizando resíduos de milho e arroz”, de Júlia Oscar Destro e Lucas Oliveira de Lima, obteve ouro, na categoria Ciência. E o bronze foi de Ana Clara Jardim da Silva, com o projeto “Litoral Libras: plataforma virtual da Língua Brasileira de Sinais com foco nas variações linguísticas do litoral norte gaúcho para a promoção da acessibilidade entre surdos e ouvintes”.

No 1° Prêmio de Incentivo ao Empreendedorismo Científico (Piec), a pesquisa “BioStretch: Desenvolvimento de plástico biodegradável utilizando resíduos industriais”, da estudante Laura Nedel Drebes, do 3° ano do curso Técnico em Administração Integrado, foi a vencedora na categoria Consciência Circular. Além de receber R$ 7,5 mil, a jovem ganhou troféu e certificado de participação. Para Laura, compartilhar ciência é extremamente gratificante: “A pesquisa ocupa um lugar imensurável em minha vida, pois me transforma, a cada dia, em um ser humano melhor. Apesar de todos os desafios e dificuldades que nos rodeiam, eu e meus orientadores decidimos seguir em frente”, destacou a estudante, acrescentando que o reconhecimento foi uma imensa alegria e um grande apoio ao trabalho científico.

Projetos

Da inspiração de Lucas em dar uma finalidade às cascas de arroz que ele via acumular em grandes montes, e onde brincava quando era criança, nas três indústrias próximas de sua casa, surgiu o projeto “Ecoboard: Desenvolvimento de painéis aglomerados utilizando resíduos de milho e arroz”, desenvolvido junto com a colega Júlia. Trata-se de um painel aglomerado, feito com casca de arroz, sabugo de milho e colados com resinas vegetais, que é mais ecológico e barato que os convencionais.

Já uma alternativa para a substituição dos plásticos sintéticos convencionais a partir de recursos renováveis, que levam menos tempo para se degradar e não agridem o meio ambiente, foi proposta do estudo “BioStretch: Desenvolvimento de plástico biodegradável utilizando resíduos industriais”. Nele, Laura desenvolveu filmes flexíveis e com fina espessura utilizando o que sobra do processamento de milho e beterraba. Ambas as pesquisas são orientadas pela docente Flávia Twardowski, com coorientação do professor Cláudius Jardel Soares. Segundo Flávia, “trabalhar com aproveitamento de resíduos e ver as inúmeras possibilidades que podemos desenvolver com eles é muito instigante. Porém, fazer pesquisa no Brasil é um desafio e, neste momento, a pesquisa brasileira está muito desacreditada. Mas a pandemia nos impulsionou a continuarmos. A ciência transforma não apenas os resíduos em diferentes produtos, mas a nós mesmos, e é inspirador!”.

Laura usou sobras de beterraba e milho para fazer plástico biodegradável. Foto: Flávia Twardowski / IFRS / CP

Com a proposta didática “Litoral Libras: Plataforma virtual da Língua Brasileira de Sinais com foco nas variações linguísticas do litoral norte gaúcho para a promoção da acessibilidade entre surdos e ouvintes”, Ana Clara buscou contribuir para a difusão da Língua Brasileira de Sinais e colaborar para a redução das barreiras de comunicação na região. A plataforma reúne materiais de pesquisa e estudos de Libras, além de apresentar um glossário com os sinais mais utilizados. O projeto foi orientado pela professora Aline Dubal, com coorientação de Ingrid Gonçalves Caseira.

IFRS

O Instituto Federal do RS oferece cursos gratuitos em 16 municípios gaúchos. São cursos para estudos em ensino de nível médio (Técnicos, que podem ser cursados de forma integrada, concomitante ou subsequente ao Ensino Médio), de Educação Superior (graduação e pós-graduação) e de extensão. O IFRS é uma instituição federal de ensino público e gratuito. As unidades do Instituto, que tem sede em Bento Gonçalves, são os campi Alvorada, Bento Gonçalves, Canoas, Caxias do Sul, Erechim, Farroupilha, Feliz, Ibirubá, Osório, Porto Alegre e Restinga (na Capital), Rio Grande, Rolante, Sertão, Vacaria, Veranópolis e Viamão. No total, são cerca de 22 mil alunos e 200 opções de cursos. Mais informações no site.

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