Longevidade na quadra de tênis

Longevidade na quadra de tênis

Torneio Seniors Internacional reuniu alguns dos melhores tenistas nas categorias de 30 a 80 anos. Aos 94, o segundo mais velho do mundo roubou a cena

'Agora está mais difícil pois não consigo muitas pessoas próximas da minha idade para jogar no circuito ITF', conta José Nepomuceno

Por
Amauri Knevitz Jr.

O segundo tenista mais velho de que se tem notícia no mundo jogou em Porto Alegre durante a semana que passou. A 35ª edição do Golden Lake Multiplan Seniors Internacional reuniu nas quadras da Leopoldina Juvenil alguns dos melhores jogadores de vários países em idades dos 30 aos 80 anos, valendo pontos no ranking da Federação Internacional de Tênis (ITF) de cada categoria. Mas tem gente que já passou desse marco há muito tempo e segue na ativa. “Não tenho data para parar. A hora que eu começar a me machucar, eu paro”, garante José Nepomuceno, 94 anos. “Agora está mais difícil pois não consigo muitas pessoas próximas da minha idade para jogar no circuito ITF, então preciso baixar e jogar contra mais jovens, que estão na casa dos 80”, conta.

Cearense radicado em São Paulo, José Nepomuceno viajou sozinho para Porto Alegre e deixou os filhos se revezando para acompanhar a esposa, de 88 anos, que requer cuidados especiais. “O tênis é o último esporte onde você tem condições de seguir jogando com mais idade”, comenta. Ele está atrás do ucraniano Leonid Stanislavskyi, de 97 anos, que detém o título de jogador mais velho do mundo do Guinness Book e recentemente foi filmado jogando um ponto com Rafael Nadal, mas protesta esses dados. “Sou o mais velho do Brasil e mais velho do mundo. O ucraniano é gaiato, jogador avulso, de clube. Nadal, como é solícito, foi lá bater uma bola com ele, mas ele não é federado. Eu sou federado e fui 3ª classe”, argumenta.

Enfrentando os mais jovens, José Nepomuceno perdeu suas três partidas em Porto Alegre. O campeão da categoria 80 anos foi o número 2 do Brasil nesta idade, o goiano José Silvestre. “Comecei a jogar por saúde, mas mudou minha vida, hoje só faço isso. A Covid-19 pra mim foi fácil, ganhei dela de 6/0 6/0”, contou Silvestre, que teve a doença em janeiro, mas sem graves consequências. Porém, a pandemia prejudicou muito os atletas de mais idade, que perderam ritmo com o período de isolamento.

Consagrado jogando outro tipo de bola, Paulo Roberto Falcão participou do evento em simples e duplas: 'Tênis hoje é o meu esporte’, disse ele. Gustavo Werneck / Divulgação / CP

A competição reuniu 210 jogadores de oito países (Brasil, Argentina, França, Itália, Jordânia, Chile, Canadá e Bolívia), incluindo tenistas ex-número 1 do mundo em suas categorias, como André Cury, Adelmo “Federer” Evangelista, Ricardo Tomb e Rosangela Fritelli. Teve até uma presença ilustre de outro esporte. Paulo Roberto Falcão, que é praticante e fã de tênis desde seus tempos de Roma, participou do evento em duplas e simples, caindo na primeira rodada. “Hoje, tênis é o meu esporte”, disse Falcão, de 68 anos.

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895