A pandemia transformou o seminário, que seria presencial, em atividade virtual de contribuição e valorização pedagógica, com a 1ª Mostra das Boas Práticas da Escola Pública do RS da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa do RS (ALRS). Com o tema “A Escola Pública e seu compromisso com o conhecimento, a cultura, a inclusão, a cidadania e a democracia”, o evento foi realizado, de 15/10 a 9/11, pela primeira vez pela ALRS, com o objetivo de incentivar professores a apresentarem suas práticas escolares, apoiando e ampliando sua potência ao compartilharem suas experiências. Outro foco é melhorar a sintonia da Assembleia com as comunidades escolares do Estado, a fim de avaliar e propor iniciativas legislativas, bem como acompanhar a execução destas políticas na área da educação.
“Mais do que se imagina, muitas escolas desenvolvem projetos de sucesso, no sentido de resultarem em felicidade e aprendizagem em sala de aula. Atividades aparentemente comuns são criadas, reinventadas e adaptadas, com um toque especial, que se modifica e faz a diferença, evidenciando a ‘boniteza de ensinar e de aprender’, como diz Paulo Freire”, destaca a idealizadora da mostra e presidente da Comissão, deputada Sofia Cavedon.
A partir de inscrição livre de escolas públicas municipais e estaduais, houve a seleção de 71 projetos. Com a impossibilidade de ser presencial, foi então organizada atividade on-line, num conjunto de quatro webinários, onde 18 experiências foram apresentadas. Sofia explica que a mostra “contempla as diferentes áreas do conhecimento, abordagens pedagógicas, modalidades de ensino, culturas, regiões e municípios, afirmando que, através de importantes exposições, a Casa Legislativa traduz sua confiança nas escolas do RS e valoriza a educação de qualidade que é praticada em nosso Estado”. A deputada revela que os 71 projetos selecionados serão reunidos em publicação impressa, que terá distribuição gratuita e deverá ser lançada no início de 2021.
Projetos
Os trabalhos selecionados envolvem temáticas desenvolvidas com êxito, em questões como aprendizagem, gestão, formação, diversidade, cultura e tecnologia na escola e comunidade. Entre eles estão “Kaxo na Escola: Aprendizagens Interculturais na Escola Indígena Mbyá Guarani”, da professora Márcia Tomazzoni, da Escola Estadual Guajayvi (em Charqueadas). O projeto respeita e valoriza especificidades culturais, buscando fortalecer, junto aos estudantes indígenas, seus modos próprios de aprendizagem, partindo de sua realidade e conhecimento ancestral para estimular outras aquisições.
Em “Horta Orgânica Escolar: Meu Pedacinho de Chão”, da professora Juliana Marcia Piotrowski, da Escola Estadual do Campo Tomé de Souza (Vila Sertãozinho/Alpestre), o ambiente e as vivências da escola do campo se transformam em conhecimento construído, através de ações pedagógicas interdisciplinares, baseadas na experimentação, na pesquisa e no protagonismo dos estudantes, que realizam estudos, produção escrita e descobrem aplicações diversas, como em culinária e divulgação em posts no blog da escola. Em 2019, foi lançado o livro: “Panc: de volta para o futuro”, com a descrição das plantas antigas já resgatadas.
A proposta “Aproveitar e produzir alimentos de forma sustentável”, das professoras Rosemar da Silva Wesz e Aurea Machado Dorneles, do Colégio Estadual Monsenhor Assis (Santiago), promove boas práticas de manipulação e aproveitamento integral de alimentos. A partir do uso de alimentos que seriam descartados no lixo, propõe o reaproveitamento, dentro das normas legais de adequadas ações de higiene e manipulação, além de respeito e preservação do meio ambiente, com técnicas de fundamentos agroecológicos que são aplicados na horta da escola.
Já o “Eco Saberes: As Plantas Alimentícias Não Convencionais – Panc na merenda escolar”, do professor Leandro Martins, da Escola Municipal Guerreiro Lima (Viamão), após dois anos de trabalho, contabiliza ótimos resultados, gerando mudanças de hábitos alimentares não só dos alunos, mas de suas famílias. Com o projeto, aprendizados e técnicas em agroecologia são aplicados nas hortas domésticas e receitas feitas na escola são levadas ao consumo familiar, como novas opções de alimentos, muito mais baratos e nutritivos. E há resgate de conhecimentos informais transformados em pesquisa científica, adaptada à realidade local.
Iniciativas
Laboratório Tecnológico: Professor Felipe Nóbrega Ferreira, da Escola Estadual Prof. Carlos Loréa Pinto (em Rio Grande). No Laboratório Tecnológico de Ciências Humanas/Labtch, 25 alunos do Ensino Médio constroem conteúdos orientados para anexação em plataformas de streaming e audiovisuais. Um aplicativo on-line de QRCode torna possível o compartilhamento da produção, assim como materiais diversos vinculados ao componente curricular de História.
Al Podcast: Professor Felipi Fraga, coordenador do projeto e diretor da Escola Estadual André Leão Puente (Canoas). O objetivo é levar à comunidade escolar uma mídia digital de acesso fácil e flexível. E o podcast permite transmissão de informações que se assemelham à programa de rádio, porém, gravado e disponibilizado em plataformas digitais, como Spotify, Google Podcasts, YouTube e Facebook.
Robótica na Escola Pública: Professora Elis Regina Albano, do Instituto Estadual Santo Tomás de Aquino (Marau). Os alunos do Instituto já conquistaram o 1<SC120,176> lugar na Olimpíada de Robótica Educativa Livre da Universidade de Passo Fundo (UPF). Além de estimular o desenvolvimento cognitivo e trabalho coletivo, instiga valores como cooperação, integrando alunos e docentes em saudável convivência.
Bicelétrica: Professor Cristianderson Lubini, da Escola Estadual Aurélio Reis (Porto Alegre). O projeto “Bicelétrica: transformando energia corporal em eletricidade” proporciona amplo debate e reflexões em relação ao que comemos e como nos movimentamos. Durante o estudo, percebeu-se que os aparelhos eletrônicos têm tomado grande parte da vida da sociedade, em especial os jogos eletrônicos junto aos mais novos.
