Mudança de ano pode ser incentivo extra para buscar novos desafios profissionais

Mudança de ano pode ser incentivo extra para buscar novos desafios profissionais

Estudo revela que 53% dos brasileiros desejam mudar de profissão em 2022. Entre as principais motivações apontadas no levantamento estão atingir equilíbrio entre a vida pessoal e profissional e busca por salário maior

Dados revelam expectativa de se reinventar no mercado de trabalho para conquistar realização profissional e renda, fazendo o que gosta. Mas a transição de carreira envolve etapas e preparo.

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Por Júlia Provenzi, sob orientação de Maria José Vasconcelos

A pandemia obrigou muitos profissionais a alterarem suas rotinas de trabalho. Em muitos casos, isso significou passar mais tempo em casa, com a família, ou gerou um estímulo para buscar novas atividades de lazer e hobbies.

Não à toa, 53% dos brasileiros desejam mudar de profissão em 2022. É o que demonstra o relatório “Protegendo o Futuro do Trabalho”, elaborado pela Kaspersky e divulgado em março/2021. Entre as principais motivações estão atingir equilíbrio entre vida pessoal e profissional e busca por salário maior (box). Esse movimento é um dos fatores que tem aumentado a rotatividade em empresas. Em 2020, as demissões aumentaram 10,5% e as admissões caíram 9,6%, segundo dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Os números revelam a expectativa de se reinventar dentro do mercado de trabalho, para conquistar realização profissional e obter renda fazendo o que gosta. Entretanto, iniciar uma transição de carreira nem sempre é fácil. Especialistas indicam as etapas desse caminho e dão dicas de como os profissionais devem se preparar para enfrentar esse processo com mais segurança e satisfação.

Motivações

Para Nereida Prudêncio Vianna, professora do Senac Porto Alegre e treinadora de líderes, é importante o profissional entender que não é preciso permanecer, para sempre, na mesma profissão: a carreira se transforma ao longo da vida. “Têm dois movimentos que modificam a carreira: nossos desejos, gostos e vontades e o mercado”, avalia. Com isso em mente, aponta que o profissional deve refletir entre ficar na empresa em que está e se desenvolver ou se instrumentalizar para buscar outra colocação. E pode obter outros indicadores, ao se perguntar: “Eu gosto dessa atividade? Me sinto realizado? Gosto de onde eu estou?”.

Nereida recomenda que o profissional tente se desenvolver na empresa que está. “O trabalho atual não precisa ser um fim: pode ser um meio, para que a pessoa se capacite em direção ao seu sonho”, diz.

Autoconhecimento

Para entender o lugar que o profissional quer ocupar, a professora orienta estar atento a gostos e paixões. E recomenda experimentar coisas novas e conhecer pessoas, pois a partir dessas experiências é possível descobrir oportunidades em outras áreas. “É importante que possamos estar atentos a nossas vocações. O que temos facilidade para desenvolver, o que gostamos e faz nosso olho brilhar. Pode ser um hobby, um esporte, algo relacionado à cultura e à arte. Geralmente o que gostamos é onde mora nossa vocação”, sinaliza Nereida.

Capacitação

Ao entender em que área o profissional quer atuar, chega o momento de se aperfeiçoar, de preferência sem abandonar o emprego em que está. E quando as habilidades paralelas estiverem tão boas quanto o trabalho, quem sabe possa se dedicar à monetização do sonho.

Para o diretor e especialista em educação do Centro Brasileiro de Cursos (Cebrac), Jefferson Vendrametto, estar atualizado com as tendências do segmento importa muito. “O mundo mudou e traz, com ele, novos formatos de se adaptar a um trabalho no âmbito tecnológico ou estrutural. É preciso estar preparado para estar, lado a lado, com a inovação e modernidade através de um curso de capacitação profissional.”

O mercado corrobora o argumento de Jefferson. Uma pesquisa do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) mostra que profissionais que fazem cursos de qualificação têm 30% mais chances de conseguir um novo emprego. Assim, após decidir pela mudança, vale entender o mercado que se pretende atuar, buscando informações, como em sites ou agências de emprego. E analisar os requisitos solicitados também ajuda a se preparar para ser contratado. “É importante que se dominem as atribuições e esteja-se seguro para as atividades”, reforça Jefferson.

Mudanças

A professora Nereida assinala que é inevitável lidar com as mudanças no mercado de trabalho. Por isso, reitera a validade de se preparar. “O mercado é muito mutável. Estamos lidando com quatro gerações presentes e atuando nas organizações. Isso movimenta, traz diferenças de pensamento, de mentalidade. Então, aconselho acompanhar as mudanças de mercado e olhar, em si, quais são as mudanças importantes a fazer.”

Uma das formas de entender o mercado é prestar atenção nos concorrentes e clientes. “O concorrente pode ser um parceiro para a empresa, porque, dependendo do movimento que ele fizer, posso sair na frente ou ele pode dar elementos para mudar meu negócio”, afirma. Ouvir sugestões e críticas de clientes e de colegas de trabalho também é atitude estratégica em direção ao crescimento profissional.

Planejamento

Depois de entender aonde quer chegar, de visualizar a carreira, o profissional deve traçar o passo a passo para chegar até lá. Mesmo com as incertezas da nova situação, é necessário estabelecer metas e planos de curto, médio e longo prazo. O planejamento deve levar em conta etapas que caibam na realidade financeira de cada um. “A mudança abrupta é muito dolorida, a não ser que a pessoa tenha um estofo financeiro – como apoio de alguém ou boa reserva”, destaca Nereida. Por isso, é fundamental o planejamento financeiro para essa transição. “É essencial para saber o momento de investir em capacitação, por exemplo, ou perceber quando será possível sair do emprego atual. Assim, aconselha a troca de emprego só quando tiver uma ocupação que permita, pelo menos, uma equivalência nos ganhos.

“Mesmo com os sonhos da nova carreira, é preciso se preparar tecnicamente para as funções do novo trabalho, como buscar cursos voltados à área de atuação. Custos são investimentos e o valor retornará da forma mais gratificante possível”, sugere Jefferson.

Motivos para trocar de carreira

  • Atingir um equilíbrio entre a vida pessoal e profissional (50%).
  • Desejo por um salário mais alto (49%).
  • Busca por uma função mais significativa (31%).
  • Vontade de reduzir a quantidade de tempo trabalhado (31%).
  • Desejo de trabalhar por prazer (14%).
  • Fonte: Relatório “Protegendo o Futuro do Trabalho” (Kaspersky).
Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895