O agro pós-pandemia

O agro pós-pandemia

Setor se mostra atento para atender o crescimento da demanda mundial por alimentos, água e energia

Por
Carolina Pastl*

A pandemia de coronavírus colocou à prova os sistemas sanitários e alimentares em todo o mundo. No caso brasileiro, em março a população correu aos supermercados para comprar e estocar comida, com receio de um possível desabastecimento, que não aconteceu. O agro brasileiro manteve a oferta de grãos, hortaliças, frutas, ovos, leite e carne no mercado interno, intensificou embarques de commodities e chegou ao final de 2020 com números surpreendentes para um ano de crise planetária.

O agronegócio também foi o setor que mais gerou emprego com carteira assinada de janeiro a junho, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Além disso, foi o único que apresentou crescimento no Produto Interno Bruto (PIB) durante a fase mais aguda da crise econômica, no segundo trimestre de 2020. Enquanto o PIB brasileiro caiu 9,7% na comparação com o primeiro trimestre, o agro cresceu 1,2%.

Fora do território nacional, o agro brasileiro também teve grande protagonismo, contribuindo, inclusive, com o abastecimento de vários países. O arroz, por exemplo, foi exportado pela primeira vez para a China, Índia e Vietnã. A carne suína também intensificou seus embarques para países tradicionalmente demandantes, sobretudo a China. Os motivos desses movimentos comerciais foram o medo de desabastecimento local e problemas sanitários como a Peste Suína Africana na Ásia, entre outros.

Diferentes análises (veja seis delas nas páginas centrais) argumentam que o setor foi bem sucedido neste período porque agiu rapidamente para incorporar tecnologias necessárias às suas atividades, tanto no campo quanto na comercialização. Na avaliação do presidente da Cotrijal, Nei Manica, esse caminho não tem volta. O uso de redes sociais por agricultores familiares, por exemplo, terá cada vez mais importância para o escoamento de produtos. É por isso que há o entendimento de que o agro ficou mais preparado para suas próximas missões, sobretudo a de aumentar a produtividade para fornecer alimentos a uma população mundial que segue crescendo e ainda tem índices gigantescos de desnutrição em várias regiões do mundo.

O presidente da Embrapa, Celso Moretti, defende que, para dar conta do abastecimento, a produção agropecuária deve se basear, cada vez mais, na sanidade animal, saúde humana, segurança dos alimentos e sustentabilidade. “Será necessário definir estratégias que garantam a sustentabilidade em uma realidade que exigirá 35% a mais de alimento, 40% de energia e 50% de água para alimentar 8,5 bilhões de pessoas”, ressalta. O chefe-geral da Embrapa Clima Temperado de Pelotas, Roberto Pedroso de Oliveira, lembra também que a sustentabilidade já é uma demanda corriqueira do mercado internacional.

Já o diretor da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Passo Fundo (UPF), professor Eraldo Zanella, entende que serão necessários mais agrônomos e veterinários com conhecimentos aprofundados para que a produtividade das terras aumente. O professor titular do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), José Fernando Piva Lobato, acrescenta que será preciso levar efetivamente o conhecimento gerado pelas instituições de pesquisa aos produtores.

Ao mesmo tempo em que se discute o aumento da produtividade, se mantém o debate sobre a distribuição. Para a presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) de 2018, María Fernanda Espinosa, “não existe falta de alimentos e, sim, falta de acesso aos alimentos”. A própria Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) também já divulgou um levantamento indicando que cerca de 33% de tudo o que é produzido anualmente no mundo vai para o lixo, o que poderia ser revertido com políticas públicas, por exemplo.

Além da sustentabilidade aliada à produção, a rastreabilidade de toda a cadeia produtiva é outra exigência que será ainda mais recorrente no mercado internacional. “Se antes as certificações eram um plus, a partir de agora isso será um padrão mínimo para atender mercados mais exigentes”, constata o gerente de Certificações e Projetos do Serviço Brasileiro de Certificações (SBC), Matheus Modolo Witzler.

Outra tendência será o desenvolvimento, pelo Brasil, de cadeias produtivas ainda pouco ou nada exportadoras. De acordo com a superintendente de Relações Internacionais da CNA, Lígia Dutra, mel, lácteos, flores, frutas, hortaliças e peixes têm condições para isso.

Mas nem todas as projeções são otimistas. O auxílio emergencial do governo federal às famílias de baixa renda será suspenso em janeiro. A partir de então, a demanda interna deve diminuir, já que vinha sendo sustentada por essa renda básica, na visão do presidente do Conselho Diretor da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Marcello Brito.

O economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz, diz que o país deve se preparar para o fim do auxílio emergencial porque ele tende a se transformar em inflação e elevar a curva de juros futuros.

Ainda que as projeções não se concretizem logo, o que se sabe é que a pandemia, em algum momento, vai passar. Segundo analistas, acadêmicos, executivos e dirigentes rurais, tudo indica que o agronegócio, com mais de 19 milhões de pessoas envolvidas, será fundamental para a recuperação econômica de todo o país.

 

Crise mostrou exigências e caminhos para o futuro

Em artigos exclusivos para o Correio do Povo, analistas, professores e representantes do setor projetam como ficará o agronegócio depois da pandemia da Covid-19

Mais cadeias têm potencial exportador

Por Lígia Dutra, superintendente de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil

Foto: Wenderson Araújo

Olhando os gastos da balança comercial no período de janeiro até setembro deste ano se vê que o agro no Brasil cresceu, apesar de toda a dificuldade, e isso lança uma perspectiva para o futuro. Primeiro porque mostra que o agro brasileiro conseguiu superar as dificuldades, principalmente de logística, que a pandemia trouxe, para continuar produzindo e entregando. Não houve descumprimentos de contratos; muito pelo contrário: se continuou entregando aos fornecedores internacionais. Isso traz uma confiança para os importadores do Brasil para o ano que vem, porque, se nesse momento difícil se conseguiu suprir, em momentos futuros o país também será capaz.

Uma outra característica para o futuro do agro é a nossa capacidade de abastecimento do mercado interno. O brasileiro é o principal consumidor do agro do Brasil. Quase tudo o que se produz fica no país. As exportações deram uma capacidade para o agro ter escala e, com isso, ganhar competitividade. E o maior beneficiário disso é o brasileiro, porque abaixa o preço aqui quando se analisa no longo prazo. Não se pode analisar esse impacto inflacionário só deste ano. Ao analisar o valor dos produtos do agro nos últimos 20 anos, por exemplo, se vê que o aumento da produtividade, aliado às exportações, tem trazido uma queda média nos preços dos alimentos no país.

Um terceiro ponto é que nós, apesar de produzirmos e sermos muito competitivos em vários setores, como o de carne bovina, suína, de frango, milho, soja, algodão e celulose, temos muito a crescer. Há ainda muitas cadeias em potencial que praticamente não exportam no Brasil. A Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) está apostando em cinco cadeias para o pós-pandemia: lácteos, apicultura, frutas, flores e hortaliças, cafés especiais e pesca e aquicultura. Nós queremos estimular não só por exportação de oportunidades, mas também para melhoria de renda de trabalhadores, já que são cadeias que envolvem um grande número de pequenos e médios produtores rurais. O mercado internacional delas também ainda é pouco explorado. E, com isso, poderemos agregar valor a serviços, trabalhando com marcas e publicidade, por exemplo. Para tanto, é necessário investir em competitividade e melhorar todos os elos das cadeias produtivas.

 

Produção e inovação saem fortalecidas

Por Nei César Manica, presidente da Cotrijal

Foto: Adavilson Kronbauer

De março até os dias de hoje, a pandemia de coronavírus nos mostrou tudo o que podíamos já ter feito no setor e não estávamos fazendo. A crise sanitária revelou, por exemplo, a importância de ferramentas tecnológicas de comunicação, que possibilitaram que produtores pudessem sobreviver neste período de recessão econômica. Para o pós-pandemia, vamos sair mais fortalecidos ainda na produção e na inovação. A comercialização, a negociação e a busca de informação serão executadas com novas plataformas virtuais.

A pandemia também forçou com que muitos eventos agropecuários ocorressem em formato híbrido, presencial e virtualmente – e foram um sucesso. Mas nós não podemos esquecer que o contato presencial ainda é fundamental para qualquer atividade – e isso também foi evidenciado neste período.

As cooperativas também têm e continuarão tendo um papel muito importante em relação à sociabilidade. A Cotrijal, por exemplo, passa 365 dias por ano junto com o cliente, levando tecnologia, informações e oportunidades de negócio ao meio rural. Esse tipo de relação não tem como desaparecer. Mas, com certeza, o uso de tecnologias vai avançar muito no Brasil. Acredito que não com a velocidade que muitos imaginam. Será introduzida gradativamente no mundo rural.

Em relação ao mercado, a demanda de alimentos deverá permanecer bastante elevada, tendo em vista a necessidade e a falta de alimentos no mundo. O preço dos produtos agropecuários também deve seguir em um patamar muito bom. Ainda que existam produtores que fizeram parte da comercialização do seu plantio de soja e de milho, haverá grandes oportunidades para os grãos, como o trigo, a soja e o milho no ano que vem. Uma preocupação, entretanto, que nos sonda é o clima no Sul do Brasil. A previsão de pouca chuva e temperaturas altas no verão pode nos trazer dor de cabeça.

Enfim, a pandemia foi um momento de alerta mundial sobre a segurança e a soberania alimentar. A partir de agora, nós precisaremos manter a utilização dessas novas tecnologias, cujo uso foi bastante acelerado por conta da necessidade de escoar alimentos.

Estamos vivendo realmente uma revolução. Quem não estiver preparado para se adequar a essa nova situação com certeza vai ter dificuldades para continuar seu negócio.

 

Sustentabilidade se torna indispensável

Por Roberto Pedroso de Oliveira, chefe-geral da Embrapa Clima Temperado (Pelotas-RS)

Foto: Paulo Lanzetta

A pandemia de Covid-19 está provocando impactos políticos, econômicos, sociais e culturais sem precedentes em todo o planeta, com reflexos na produção agropecuária. Paralelamente, ainda sobre o cenário de nova ordem mundial, tem-se o significativo aumento de consumo de alimentos na Ásia, principalmente na China, e agora se iniciando na Índia, países onde vive um terço da população mundial.

O Brasil é o quinto maior país em extensão territorial, com menos de 3% da população mundial e com produção agropecuária alimentando 15% da humanidade. Mesmo diante da pandemia, caminhou-se para recordes de produção em várias culturas. Há vários anos, o agronegócio é, literalmente, a locomotiva econômica do Brasil.

Segundo a Conab, a safra brasileira de grãos já superou 250 milhões de toneladas em 2020, aumento de 4,8% em relação à safra anterior. O Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária brasileira aumentou 1,2% em relação ao ano anterior, mesmo diante da pandemia. A valorização dos produtos agropecuários, atingindo aquilo que os produtores classificam como preço justo, tem motivado os investimentos no setor. Em verdade, os preços dos alimentos subiram, para não dizer decolaram, nesses meses de pandemia, motivados por um aumento de consumo interno e das exportações. A desvalorização do real frente ao dólar aumentou o custo de produção, pois muitos insumos são importados ou têm seu preço atrelado ao dólar, levando, também, ao aumento dos preços dos alimentos.

Para os próximos anos, diante da disponibilidade de terras e de água no Brasil ser maior do que em qualquer outro país, a perspectiva é de aumento da produção de alimentos, fibras e energia a partir de produtos agropecuários. Também se espera aumento de produtividade, de forma que a atividade não avance sobre áreas de florestas, o que tem sido uma demanda da humanidade. O importante, além de produzir alimentos, é fazê-lo com sustentabilidade. Para isso, é importante a valorização de instituições públicas que fazem a diferença no setor, como a Embrapa, universidades e Emater. O setor agropecuário brasileiro está vencendo a pandemia e vem garantindo a segurança alimentar mundial, gerando, também, desenvolvimento econômico e social no Brasil.

 

Redução de custos é meta permanente

Por Antônio da Luz, diretor de Estudos Avançados e Inovação do Senar-RS

Foto: Tiago Francisco / Divulgação Sistema Farsul

Um olhar para o pós-pandemia, sem saber ao certo quando virá, remete para o início desse terrível processo, pelo qual ninguém escolheu atravessar. Estarão gravadas as imagens das pessoas se acotovelando na frente de supermercados à espera da abertura, quando dariam início a uma caçada cujo troféu era um saco de comida. Isso no Brasil? Não, na Europa, berço da civilização ocidental. Também nos Estados Unidos, maior economia do planeta. Aqui vivíamos um verão qualquer, mas preocupados, pois nosso espírito de vira-lata nos dizia que se lá está havendo isso, aqui haveria de ser pior.

Nos antecipamos à escassez que ocorria nos desenvolvidos e fomos em manada estocar comida, gerando um efeito de demanda gigantesco na trilha de uma profecia autorrealizável – no sentido psicológico –, contribuindo para que houvesse desabastecimento. Não houve nem por um minuto, mesmo que a pandemia tenha nos atingido em cheio e as medidas de distanciamento tenham obstaculizado o fluxo das cadeias produtivas.

Sofremos um enorme choque cambial que tornou ainda mais baratos nossos produtos lá fora, facilitando a vida dos países desabastecidos que viam em nós uma oferta resiliente, de alta qualidade e de preços baixíssimos. Não deu outra: exportamos para 202 países, um recorde. Abastecemos o mundo e não faltou comida aqui sequer por um minuto.

O governo lançou o auxílio emergencial, necessário para as circunstâncias, mas que jogou R$ 254 bilhões nas contas de 63,5 milhões de brasileiros, que não correram para o mercado acionário, mas para o supermercado comprar comida, ampliando a pressão sobre a oferta. Nem assim houve desabastecimento.

Mas como um elástico que se espicha e, ao livrá-lo, uma imensa energia é dissipada, gerando deformações, todos devem ficar atentos ao pós-pandemia, quando a ansiedade não mais guindar a demanda, o auxílio acabar e a taxa de câmbio for repensada. O auxílio tem que acabar, pois está se transformando puramente em inflação, que está elevando a curva de juros futuros. Juros mais altos atraem o fluxo financeiro de volta, o que implica no câmbio, sobretudo se a economia voltar a crescer.

Ao final disso tudo, todo o cuidado será pouco, por isso a importância de não se levar por preços altos, não relaxar na obstinada busca por redução de custos ou fazer investimentos e expansões de área mal mensuradas. A gestão será posta à prova se o “elástico” se soltar.

 

Pecuária deve aumentar a produtividade

Por José Fernando Piva Lobato, professor titular do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs)

Foto: Pedro Revillion

Graças aos jovens profissionais formados pelas universidades, especialmente nos últimos 65 anos, a partir da criação dos cursos de pós-graduação, e aos produtores, o agro será cada vez mais informado, conectado e capacitado para dobrar a produtividade até 2030 e ampliar sua participação no PIB brasileiro.

Essas condições, vistas também durante esta crise, sustentarão os mercados nacional e internacional embasadas na sustentabilidade de práticas agrícolas, com rastreabilidade de produtos, certificações de origem, técnicas e pesquisas que chegam e chegarão aos produtores através dos novos colegas e meios de divulgação. Para isso, temos que continuar levando aos produtores com mais persuasão os conhecimentos gerados.

Também temos grandes volumes de produção pela imensidão de nosso território, mas carecemos de maior produtividade. Na pecuária brasileira, propriedades rurais com até 200 hectares são 90% do total, com 40% do rebanho bovino. Com 200 a mil hectares são 6,3% do total, com 27% do rebanho. Em todo o Brasil, urge a necessidade dos pecuaristas deixarem de ser “proprietários” e passarem a ser “criadores”, gerindo os fatores de produção.

No Rio Grande do Sul, precisamos aumentar taxas de desmame, determinando quilos de terneiro desmamado por 100 quilos de uma vaca ou por hectare. Vacas de cria e novilhas em recria são 70% do total de 11,4 milhões, ou seja, são muitas para um desmame de apenas 2,6 milhões de terneiros, e com baixos pesos. Vacas precisam ter “nome” ou “número” para serem passíveis de seleção. Com cerca de 295 mil pecuaristas, 97,2% deles têm até 250 bovinos e 56,3% do rebanho. Parcerias entre pequenos fazendeiros precisam ser criadas para melhor exploração de seus recursos físicos e forrageiros.

Possibilidades existem há anos para o crescimento mais rápido da produtividade, com valorização e diversificação dos ambientes de produção, integração lavoura/pecuária e até criação de atrações turísticas no bioma Pampa. Podemos produzir mais “novilhos precoces”, não somente para consumo interno, mas também para exportação, em nossas pastagens naturais e terminados em pastagens cultivadas, os “grass fed”.

Enfim, temos de intensificar a chegada ao produtor dos conhecimentos já gerados, à disposição há anos. Se todos usarem os conhecimentos disponíveis, aumentaremos a produção e a produtividade em todos os setores.

 

Cresce a busca por conhecimento técnico

Por Eraldo Zanella, diretor da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Passo Fundo (UPF)

Foto: Gelsoli Casagrande

De acordo com as últimas previsões liberadas pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), as profissões que compõe as áreas agrárias, como os engenheiros agrônomos e os médicos veterinários, verão um aumento muito grande de demanda por diferentes fatores.

Há vários trabalhos e pesquisas que apontam para um crescimento populacional no futuro. Isso implicará em um aumento de demandas, principalmente de alimentos. Essa demanda por alimentos deve aumentar em cerca de 60% aquilo que nós já produzimos. Ou seja, precisaremos produzir 60% a mais nos próximos 10 anos. Isso é um monte. Quer dizer, nós estamos falando aqui em aumentar mais de 50% dos produtos na área de alimentação das pessoas.

A outra demanda que vai aumentar é a de energia porque, querendo ou não, se você tem energia, obviamente você consegue produzir mais coisas. Também vai crescer a necessidade de água potável, cerca de 40% a mais daquilo que já temos hoje.

Além disso, haverá uma necessidade de profissionais mais técnicos. Hoje, as pessoas que estão trabalhando no mercado lidam muito mais com a parte comercial. Elas conhecem muito de produtos e pouco das tecnologias que os produtos possuem.

Em conversas com diversos colegas, engenheiros agrônomos, médicos veterinários e outros profissionais que trabalham nesse setor, eles mencionam que a grande dificuldade que têm hoje é de encontrar profissionais com conhecimento técnico. Então, o que eles precisam são pessoas que tenham conhecimento técnico aprofundado.

A Universidade de Passo Fundo (UPF) vem fazendo reformas curriculares nas áreas agrárias, estimulando essas pessoas justamente nessas áreas. Porque vai ser o conhecimento técnico que implementará as mudanças necessárias e atenderá o aumento de demandas que mencionei no início.

Para agora, recomendo que os estudantes das áreas agrárias façam muitos estágios, pois eles precisam de experiência de campo, e se aprofundem em áreas específicas. Porque, como disse, o mercado vai precisar de pessoas com conhecimento técnico bastante aprofundado.

Quanto antes esses profissionais do futuro conseguirem ver qual é a necessidade de suas áreas, melhor preparados eles vão estar para assumir a profissão e a posição de destaque que querem mais para frente.

*Sob supervisão de Elder Ogliari

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895