Para economizar na conta

Para economizar na conta

Com a crise hídrica que atinge o Brasil, alguns cuidados e atitudes simples podem ajudar a diminuir o preço da conta de luz no final do mês

Por
André Malinoski

A conta de energia elétrica vem sendo uma grande dor de cabeça para o brasileiro. Algumas simples mudanças de comportamento dentro de casa podem ajudar na redução dessa despesa. Além de poupar no bolso, fazer uso adequado deste recurso natural é preservar o meio ambiente. Não acender as luzes durante o dia, evitar deixar a porta da geladeira aberta muito tempo e usar lâmpadas LED no lugar das lâmpadas incandescentes ou fluorescentes são algumas atitudes simples que colaboram para diminuir o preço da conta. Não custa lembrar que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou a nova bandeira tarifária na conta de luz, conhecida como bandeira de escassez hídrica. A taxa extra é de R$ 14,20 para cada 100 quilowatts-hora (KWh) consumidos e está em vigor desde 1º setembro, permanecendo vigente até abril do ano que vem. Isto representa um aumento de R$ 4,71, cerca de 50%, em relação à bandeira vermelha patamar 2, até então o maior nível, no valor de R$ 9,49 por 100 kWh.

“Optar pelo uso de lâmpadas econômicas é muito importante quando o assunto é poupar no bolso. Depois do racionamento enfrentado em 2001, começamos a produzir no país lâmpadas mais econômicas”, diz a engenheira eletricista Lilian Bercht, que atuou por 36 anos na Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE). “Crises de energia serão cada vez mais recorrentes, pois os recursos naturais estarão, às vezes mais ou menos, escassos para o uso humano”, acrescenta.

Tirar os aparelhos elétricos da tomada, algo que muitas pessoas desconhecem, também pode representar economia de até 12% no final do mês. Escolher eletrodomésticos mais eficientes, com selo de comprovação de menor consumo de eletricidade, é outro fator aliado quando o assunto é poupar. O selo fornecido pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), que consta em muitos aparelhos, apresenta uma escala de eficiência. Dessa maneira, é possível sair da loja com um produto que vai realmente diminuir o valor da conta.

Lilian Bercht lembra a importância de manter os refrigeradores bem fechados e não esquecer partes internas abertas. “Os refrigeradores, em especial os muito antigos, consomem mais energia. Revisar as borrachas que ficam na porta é importante para evitar que o ar gelado escape por essas brechas”, alerta.

Os aparelhos que esquentam são alguns que mais impactam na conta, casos do secador de cabelo, forno elétrico, ferro de passar roupas e torneiras elétricas. “Esses equipamentos que geram calor são altamente consumidores de energia. Se a pessoa vai passar roupa, é preciso selecionar algumas peças e não passar tudo”, ensina Lilian.

No banheiro é possível mudar o hábito de ficar longos minutos no banho com o chuveiro elétrico ligado. Além de deixar o aparelho no modo econômico, o ideal seria abrir a água, molhar o corpo e fechar. Todo o processo de ensaboamento deveria ser feito com o chuveiro desligado. Em seguida, ligue novamente para tirar o sabão do corpo. “No caso do chuveiro elétrico, deve-se reduzir a temperatura da água e o tempo de uso”, observa Lilian.

“Esta crise que estamos passando vai durar bastante tempo. As pessoas necessitam identificar onde acontecem as maiores cargas de energia dentro de casa, e não se preocuparem com coisas menores”, sinaliza o especialista em administração do custo de energia da Siclo Consultoria em Energia, Paulo Milano. “O chuveiro elétrico, que representa um gasto grande de energia, assim que terminar o inverno é indicado trocar a posição do termostato para o modo verão. Na geladeira, não se deve colocar comida quente dentro nem pendurar panos de prato para secar na parte traseira. Aquela área precisa estar limpa e desobstruída. Em relação ao ar-condicionado não se deve exagerar nas temperaturas. Não é preciso deixar de usar os aparelhos. Esses detalhes ajudam na economia de energia”, completa.

Atitudes simples diminuem os impactos na tarifa. “Se o chuveiro elétrico for usado, em média, 40 minutos por dia pela família, representará um gasto de R$ 80,00 por mês. Colocar o chuveiro no modo verão reduz o gasto de energia deste aparelho em 30%”, orienta o coordenador do Laboratório de Eficiência Energética e professor do curso de Engenharia Elétrica da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Odilon Duarte, que ainda aconselha as pessoas a “limpar os orifícios do chuveiro por onde a água cai.”

O Brasil encara a pior crise hídrica das últimas décadas. Diante da falta de chuvas, diversos reservatórios de hidrelétricas estão próximos do nível mínimo para a geração de energia elétrica. O impacto é o aumento do preço da energia para o consumidor final. Dessa maneira, cada centavo economizado é importante.

Vilão da conta de energia elétrica

O ar-condicionado é um dos vilões da conta de energia elétrica e pode representar até um terço do valor mensal da luz. Foto: Ricardo Giusti

O ar-condicionado é um dos maiores vilões na conta de energia elétrica das famílias brasileiras. Dependendo da forma como o aparelho for utilizado dentro de casa, o consumo pode representar até um terço do valor mensal da luz. Conforme a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a conta de energia ficará, em média, 6,78% mais cara. A cobrança extra se estenderá até 30 de abril de 2022.

“O ar-condicionado é o maior dos vilões, especialmente no verão, quando as pessoas ligam muito o aparelho que consome bastante energia. É sempre importante observar a potência do condicionador e reduzir o tempo de uso. Todos precisam ter consciência ao usar fontes de energia”, diz Lilian Bercht.

A engenheira eletricista também dá outro tipo de dica para amenizar o impacto. “Na minha casa, tenho ventiladores de teto que consomem menos energia na comparação com o ar-condicionado. E quando decido ligar o aparelho nos dias de calor, aciono esses ventiladores também. Pois auxiliam na circulação do ar gerado pelo equipamento.”

Preocupado com a crise de energia no país, o Ministério de Minas e Energia lançou em setembro uma cartilha com dicas de como poupar energia dentro de casa. Uma página inteira é dedicada ao uso racional do ar-condicionado. Entre as orientações estão usar ventilador em detrimento do aparelho, ligar o ar apenas na hora de dormir e desligar assim que acordar, programar o temporizador para desligar às 4h da madrugada, deixar o aparelho na temperatura de 24 graus, reduzir a velocidade de ventilação, escolher o equipamento na loja conforme o espaço do ambiente, manter os filtros limpos e deixar portas e janelas fechadas sempre que o ar estiver ligado. Além disso, se os aparelhos estiverem instalados em áreas externas da casa devem ter proteção contra o sol e ter cuidado para não bloquear a ventilação do equipamento.

“Precisamos ter cuidado com o uso do ar-condicionado nos períodos de maior calor. Usar um aparelho de 12 mil BTUs por oito horas diárias vai impactar a conta de luz em R$ 200,00. Isto sem colocarmos os valores das bandeiras tarifárias em cima”, informa o coordenador do Laboratório de Eficiência Energética e professor do curso de Engenharia Elétrica da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Odilon Duarte.

Segundo o presidente da Associação Sul Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Aquecimento e Ventilação (Asbrav), Luiz Alberto Hansen, o primeiro dado importante que pode resultar em consumo menor de energia do ar-condicionado é ajustar adequadamente as temperaturas tanto de inverno quanto de verão. A primeira deve ficar entre 20 e 22 graus, enquanto é indicado deixar na faixa entre 23 e 25 graus no verão.

Conforme orienta Hansen, um conselho importante é selecionar o equipamento de acordo com o tamanho adequado para a carga térmica do ambiente. Ações assim resultam em consumo energético menor. Outros aspectos são relevantes. “A manutenção adequada do equipamento, especialmente de maneira preventiva, também possibilita consumo menor. Os equipamentos mais modernos têm sensores de presença, o que ajuda a reduzir o consumo porque deixa o aparelho em stand-by”, ensina.

Além dessas sugestões, Hansen alerta para um detalhe acerca do período atual de Covid-19. “Não é aconselhado neste momento fechar totalmente portas e janelas com o ar-condicionado em uso. A contaminação acontece quando há várias pessoas no mesmo recinto e, pelo menos, uma esteja infectada. Portanto é importante manter algumas aberturas para que aconteça a circulação de ar no recinto, diminuindo as possibilidades de infecção entre as pessoas.”

Desconectar da tomada

O site Consumo Consciente Já, iniciativa da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), juntamente com Ministério de Minas e Energia (MME) e Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), oferece dicas para a população poupar. Entre as orientações estão aproveitar a iluminação natural durante o dia e deixar as janelas e cortinas da casa abertas. Além de economizar energia, a pessoa deixa o ar correr pela casa. Outro conselho é pintar as paredes de cores claras. Ambientes escuros precisam de iluminação extra para ficarem mais claros. Se não estiverem em uso, é importante desconectar eletrônicos como televisores, micro-ondas, videogames, carregadores de celular – muita gente tem o costume de colocar o telefone para carregar a bateria antes de dormir e só tirar o aparelho da tomada na manhã seguinte –, roteadores, receptores e aparelhos de som, computadores, entre outros. A retirada dos aparelhos da tomada pode representar economia de até 12% na conta ao final do mês.

“Não é aconselhado deixar o celular carregando muitas horas na tomada, pois o próprio carregador também consome energia elétrica”, adverte o coordenador do Laboratório de Eficiência Energética e professor do curso de Engenharia Elétrica da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Odilon Duarte. “É preciso usar carregadores originais. Aqueles sem procedência não reconhecem o circuito do aparelho e sobrecarregam a bateria, o que ocasiona risco de explosão”, complementa.
Conforme o site Consumo Consciente Já, o Lawrence National Laboratory, da Califórnia, orienta as pessoas a usarem os power strips, aquelas extensões com diversas tomadas.

Dessa maneira, todos os aparelhos de um cômodo podem ser desplugados ao mesmo tempo, simplesmente desplugando o power strip, e proporcionando economia de energia dentro de casa. Outra alternativa é investir em tomadas inteligentes, que podem ser controladas por meio de aplicativo para ligar ou desligar o fornecimento de energia, inclusive quando a pessoa estiver longe de casa. “Todos os aparelhos devem ser desligados após o seu uso. As pessoas costumam ter o hábito de deixar muitos equipamentos ligados na tomada por achar que não consomem energia, mas eles recebem energia”, diz a economista-chefe da Fecomércio-RS, Patrícia Palermo.

Para a economista, é importante que o consumidor esteja sempre atento à eficiência energética dos aparelhos e modifique seus hábitos de consumo de energia. “Hoje, nós discutimos o retorno do horário de verão, que representava mais economia de energia no país. Toda medida que proporcione economia é bem-vinda”, acrescenta.
Também é indicado retirar da tomada até os roteadores de Internet enquanto a pessoa não estiver em casa. “Retirando os equipamentos do tipo stand-by das tomadas e conectando-os somente quando vamos usar, teremos redução no consumo da residência entre 15 e 30%, dependendo do número de aparatos existentes na moradia”, esclarece o professor Odilon Duarte.

Bônus

O governo federal, por meio do Programa de Incentivo à Redução Voluntária do Consumo de Energia Elétrica, criou um bônus para incentivar os consumidores a reduzirem seu consumo de energia. O consumidor receberá um desconto na conta de luz, caso consiga atingir a meta estipulada de redução de consumo. Não é preciso fazer cadastro na distribuidora de energia elétrica para ter direito ao recebimento do bônus. Basta a pessoa reduzir o consumo de energia nos meses de setembro a dezembro deste ano, fazendo que a soma do consumo de energia elétrica no período seja ao menos 10% menor, em relação à soma observada no mesmo período de 2020. Se atingir os objetivos, o consumidor receberá um bônus de R$ 0,50 por quilowatt-hora (kWh) do total da energia economizada na comparação entre os períodos. Mas é preciso atenção: os consumidores aptos a receber o bônus, conforme o Consumo Consciente Já, são os da chamada baixa tensão (grupo B) e os de média e alta-tensão (grupo A), apenas das classes de consumo residencial, industrial, comércio, serviços e outras atividades, rural e serviço público, incluindo os residenciais com benefício da Tarifa Social de Energia Elétrica (TSEE).

Energia solar

O mercado de energia solar fotovoltaica cresceu mais de 212% em 2019. No ano passado, o aumento foi de 70%, mesmo com a pandemia da Covid-19 em expansão. Foto: Ricardo Giusti

Com abundância de sol o ano inteiro, o Brasil é um país com alto potencial para o uso da energia solar. Além desse fato, os recentes aumentos na conta de luz devido à crise hídrica serviram como incentivo para que as pessoas apostem neste tipo de geração de energia em casa. “Percebemos aumento de 20% de clientes interessados na procura por esta fonte de energia. No Brasil, o estado que mais utiliza energia solar é Minas Gerais. Em seguida aparecem São Paulo e, em terceiro, o Rio Grande do Sul, com destaque para as regiões de Caxias do Sul, Santa Cruz e Porto Alegre”, conta o engenheiro eletricista Leandro Krummenauer, que é diretor técnico da Life Energia Solar.
A energia solar fotovoltaica funciona com painéis solares que captam a luz do sol e geram energia elétrica, por meio do efeito fotovoltaico. Trata-se de grandes placas que vemos, às vezes, nos telhados de algumas casas. A energia produzida pode ser utilizada em residências, empresas ou propriedades rurais, representando economia para quem opta por seu uso.

O mercado de energia solar fotovoltaica no Brasil cresceu mais de 212% em 2019, conforme dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). No ano passado, o crescimento foi de 70%, mesmo com a pandemia da Covid-19 em expansão. A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), fundada em 2013, é uma entidade nacional, sem fins lucrativos, que reúne empresas de toda a cadeia de valor do setor solar fotovoltaico com operações no Brasil. Segundo dados da Absolar, o consumidor pode gerar até 95% de economia na fatura se utilizar o sistema que produz energia solar fotovoltaica. “Graças à versatilidade e agilidade da tecnologia solar, basta um dia de instalação para transformar uma residência ou empresa em uma pequena usina geradora de eletricidade limpa, renovável e acessível. Já para uma usina solar de grande porte, são menos de 18 meses desde o leilão até o início da geração de energia elétrica. Assim, a solar é reconhecidamente campeã na rapidez de novas usinas de geração”, compara o presidente do Conselho de Administração da Absolar, Ronaldo Koloszuk.

O Brasil possui cerca de 10 gigawatts (GW) de potência operacional da fonte solar fotovoltaica em usinas de grande porte e em pequenos e médios sistemas instalados pelos próprios consumidores. Somados, os sistemas fotovoltaicos representam mais de 70% da potência da usina hidrelétrica de Itaipu, segunda maior do mundo e maior da América Latina. Ainda de acordo com a entidade, a fonte solar já trouxe ao Brasil mais de R$ 52,7 bilhões em novos investimentos e gerou mais de 300 mil empregos acumulados desde 2012. Com isso, evitou a emissão de 10,7 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade.

O Rio Grande do Sul possui 785 megawatts (MW) em operação, segundo mapeamento da Absolar. O Estado possui 75.345 conexões operacionais, espalhadas por 496 municípios. Hoje, são cerca de 93.965 consumidores de energia elétrica que contam com redução na conta de luz e maior autonomia e segurança elétrica.
“O Estado do Rio Grande do Sul é atualmente um importante centro de desenvolvimento da energia solar. A tecnologia fotovoltaica representa enorme potencial de geração de emprego e renda, atração de investimentos privados e colaboração no combate às mudanças climáticas”, observa a coordenadora estadual da Absolar no Estado, Mara Schwengber. Desde 2012, a geração própria de energia solar já proporcionou ao RS a atração de mais de R$ 4 bilhões em investimentos, geração de mais de 23,5 mil empregos e a arrecadação de mais de R$ 1 bilhão aos cofres públicos.

Manutenção de aparelhos elétricos

No uso do chuveiro elétrico, diminuir o tempo dos banhos e reduzir a temperatura da água são dicas para economizar. Foto: Ricardo Giusti

Muita gente desconhece a importância de realizar a manutenção dos aparelhos elétricos dentro de casa. Especialistas em economia de energia elencam uma série de atitudes simples que podem abater o valor da conta mensal, como limpar os spots e as lâmpadas regularmente, pois a poeira pode enfraquecer a iluminação, evitar áreas expostas ao sol e manter os filtros limpos para não forçar o ar-condicionado, trocar instalações elétricas antigas ou que estejam apresentando problema, evitar fios expostos nos telhados, paredes e jardins, entre outras ações. No caso dos fios, além do risco de choque elétrico, as fugas de energia também acontecem pela fiação em estado inadequado.
“A manutenção dos equipamentos é essencial. Nos ares-condicionados, limpar e trocar os filtros quando necessário, por exemplo, pode fazer o rendimento do aparelho melhorar e representar economia de energia”, afirma o especialista em administração de custo de energia da Siclo Consultoria em Energia, Paulo Milano.

Há outras atitudes que ajudam o consumidor a garantir economia na conta de luz. Em tempos de home office e de isolamento devido à pandemia de Covid-19, por exemplo, ao se afastar do notebook por mais de três minutos, é necessário colocá-lo no modo hibernação para economizar energia. “Quanto mais regulados estiverem todos os aparelhos usados dentro de casa, mais eles utilizarão apenas a energia necessária para seu funcionamento”, salienta a economista-chefe da Fecomércio-RS, Patrícia Palermo. “Precisamos lembrar que as despesas que antes eram das empresas nas quais trabalhamos agora estão dentro de nossas casas com o home office. Como estamos mais dentro de casa, abrimos mais a geladeira e iluminamos os ambientes pelos quais passamos. Isto aumenta a conta de energia”, acrescenta.

O professor Odilon Duarte, dá outras dicas de manutenção. “No caso do chuveiro elétrico, não se deve reaproveitar a resistência queimada. Na hora de escolher um aparelho novo, confirmar se ele carrega o selo do Inmetro e a etiqueta A, que é a de maior economia de energia”, orienta. “A geladeira deve estar com as borrachas de vedação em bom estado e não pode ficar perto de outras fontes de calor na cozinha. Os alimentos não devem ser levados quentes para o interior do refrigerador e é necessário estar atento para fazer os degelos periódicos da geladeira. No caso do micro-ondas, é aconselhável limpar os resíduos de alimentos que ficam depois que aquecemos algo no aparelho. Cuidados de manutenção com a fiação elétrica são relevantes para que não ocorra fuga de energia elétrica”, completa.

A preocupação em relação à crise de energia que afeta o país é visível. O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque afirmou que a escassez de água se agravou e que o esforço para reduzir o consumo é inadiável. “O período de chuvas na região Sul foi pior que o esperado”, destacou, dizendo que a perda de geração elétrica equivale a todo o consumo de uma cidade do tamanho do Rio de Janeiro por cinco meses.

Cuidados com a geladeira

Além do cuidados já mencionado, na hora da compra de um novo aparelho, também deve-se estar atento. Os novos modelos de geladeiras gastam menos energia. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informa que uma geladeira com capacidade para 280 litros tem um consumo mensal de 25,0 kWh. Se a capacidade for de 360 litros, o consumo por mês sobe para 31,5 kWh. A Aneel orienta o consumidor a poupar com este aparelho. “Não vale a pena desligar a geladeira como forma de economizar energia, pois este eletrodoméstico leva aproximadamente 10 horas para perder a refrigeração interna depois de desligada. Na hora em que for ligada novamente vai funcionar até resfriar por completo e, por isso, a energia que foi poupada durante o tempo em que ficou desligada não será compensada. Desligar a geladeira só é interessante quando o período sem uso for longo.”

O Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) para refrigeradores vendidos no Brasil será atualizado. Os novos aparelhos terão de ser até 30% mais econômicos que os atuais em uma primeira etapa e até 61% na última fase, a partir do fim de 2030. Serão R$ 32,2 bilhões de economia acumulada com energia até 2035, de acordo com avaliação do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). “Entre os objetivos desta atualização está a ideia de reforçar o papel da Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE) em indicar os produtos que consomem menos energia. Como as geladeiras estão presentes em praticamente todos os lares brasileiros, sendo utilizadas 24 horas por dia, a atualização da sua etiqueta é especialmente relevante para promover a conservação de energia nas residências, com impacto positivo nas contas de luz, e reduzir a demanda energética do país”, observa a coordenadora do PBE para Refrigeradores e Assemelhados, Danielle Assafin.

As mudanças nos refrigeradores foram elaboradas em parceria com a indústria nacional. Os fabricantes brasileiros abastecem 97,2% do mercado brasileiro, representado por cerca de 80 milhões de residências. Em 2020, foram vendidas 5,5 milhões de geladeiras, de acordo com a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros). Conforme o Centro Brasileiro de Informação de Eficiência Energética (Procel Info), 98,14% dos domicílios do Brasil possuem refrigerador. A região Sul do país lidera a lista de casas com geladeira, com 99,25%. Os dados provam que o eletrodoméstico é um dos mais presentes na vida das famílias brasileiras. Dessa maneira, cuidar para diminuir o gasto de energia do equipamento pode representar um grande alívio para o bolso.

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895