Para não ter que racionar

Para não ter que racionar

Crise hídrica histórica no Sudeste amplia alerta para a possibilidade de o país enfrentar racionamento

Por
Mauren Xavier

Após exatamente duas décadas, o alerta soou novamente em relação à possibilidade de um racionamento energético no país. A justificativa é o baixo volume nos índices dos reservatórios hídricos da região Sudeste, que sozinhos representam 70% do total do Brasil. Porém, ao contrário de 2001, quando a crise e o racionamento foram concretos em apenas parte do país, dessa vez o Rio Grande do Sul pode ser afetado, caso a situação se agrave, por fazer parte do Sistema Nacional Interligado (SNI). Apesar de os especialistas ainda estarem confiantes no fato de que as medidas discutidas no âmbito federal serão capazes de evitar o desabastecimento, o alerta permanece e exige cautela.

O mais recente boletim do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) mostra que a expectativa é de que haja aumento do consumo de energia em função do aquecimento da economia em setores como comércio e serviços, além de depender do ritmo da indústria nos próximos meses. Essa projeção de elevação de demanda, associada ao baixo volume dos reservatórios de água, que fazem funcionar as hidrelétricas (onde está a maior parte da matriz energética do país), pode resultar em déficit de energia e, portanto, no risco real de racionamento. A curto prazo, julho termina com os índices de capacidade armazenada nos reservatórios do Sul e do Sudeste inferiores a 50%. A preocupação existe porque o chamado período de seca se prolonga até novembro. Assim, é uma época em que as hidrelétricas receberão volumes de água abaixo do necessário. Após, são esperados bons volumes de chuvas, para o período úmido, que vai até abril de 2022.

Mas por que ainda dependemos tanto das chuvas e como isso impacta no nosso bolso? Parte da resposta passa pela formação da matriz energética brasileira. “O nosso sistema elétrico é hidrotérmico de grande porte. Ele depende muito da água para a produção da energia. Para teres uma ideia, a potência hídrica instalada no Brasil é de cerca de 60%. No Rio Grande do Sul é de 50%", pontua o coordenador do Departamento de Energia da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), Eberson Silveira. Assim, a dependência das chuvas é severa e se complica no cenário de escassez.

Segundo o ONS, o país enfrenta um cenário hidrológico crítico, com as menores vazões desde 1930, quando teve início o registro dos dados. A situação não é atual, mas vem em processo de agravamento nos últimos sete anos. “A nossa dependência das águas ao longo dos anos é muito severa. Acontece que estamos no sétimo ano consecutivo de chuvas abaixo da média de longo termo, que é a média histórica. Assim, os reservatórios vêm recebendo volumes de água inferiores à média histórica, não permitindo que o sistema recupere os níveis adequados de armazenamento. Cada ano ele termina pior que o ano anterior. Sempre no negativo”, alerta Silveira.

É neste contexto de seca e grande demanda que as atenções se voltam para a região Sudeste, mais especificamente para os reservatórios da bacia hidrográfica do Rio Paraná, com seus afluentes Paranaíba, Grande, Tietê e Paranapanema. Segundo o SIN, a área abrange Paraná e São Paulo e tem os principais reservatórios de água do país. Além desses reservatórios, o país tem um conjunto de usinas que são chamadas de fio d’água, que geram energia sem reservatório, o que reduz a capacidade de planejamento e de acúmulo de água.

Segundo o coordenador do Grupo Temático de Energia e Telecomunicações do Conselho de Infraestrutura da Fiergs, Edilson Deitos, é fundamental que sejam feitos projetos hidrelétricos firmes, com grandes reservatórios. “Erramos em uma política de usinas a fio d'água, que não têm grandes reservatórios. Na hora em que você precisa, não tem água reservada. Pecamos”, reconhece.

O ONS aponta que a expectativa é de que haja aumento do consumo de energia em função do aquecimento da economia em setores como comércio e serviços, além de depender do ritmo da indústria. Foto: Guilherme Almeida

Há motivos que justificam que a maior parte da geração ainda venha da água. E eles passam pelos custos. Há um investimento alto e um impacto grande na construção da usina, muitas vezes causando reflexos ambientais e sociais, como desapropriações. Porém, após, o seu custo reduz. “É uma solução economicamente baixa. Inicialmente (o investimento) é alto, mas depois reduz. Ao mesmo tempo, (as usinas) são mais sensíveis às mudanças climáticas. E quando não chove o suficiente, não há o que armazenar”, pontua o coordenador do Laboratório de Eficiência Energética da Faculdade de Engenharia da PUCRS, Odilon Duarte.

A dependência do sistema hídrico, no entanto, já foi superior. Em 2001, quando houve a crise energética mais forte, as hidrelétricas respondiam por mais de 80% da capacidade gerada de energia. Atualmente, ficam em torno de 60%. Para Duarte, a diversificação da matriz energética foi um grande aprendizado das dificuldades enfrentadas em 2001. E, como resposta, houve melhora significativa nos investimentos da geração de energia eólica e térmica de fontes renováveis, que são menos poluentes do que o carvão. A diversificação passa pela utilização de outras fontes, especialmente as térmicas, que usam gás e óleo. “Apesar de mais caras (outras fontes), elas dão uma segurança”, ressalta Odilon Duarte.

Em pronunciamento há cerca de um mês, o ministro de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, defendeu a diversificação da matriz energética, com a expansão das usinas de fontes limpas e renováveis, como a eólica, solar e biomassa, além de termelétricas a gás natural e nucleares. Apesar da defesa, não é um processo rápido e simples.

O segmento eólico é um dos que ganhou mais espaço nas últimas décadas. As usinas eólicas representam atualmente 10% da capacidade instalada de geração. “Temos um potencial eólico muito grande e interessante. Por outro lado, essa fonte de energia também está condicionada a questões climáticas. É bom, mas você não tem a hora que bem entende. É algo complementar”, pondera o professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) Maicon Ramos.
A energia solar fotovoltaica também tem crescido no país em investimentos e representa 2% da matriz em capacidade instalada, em um total de 4GW, segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Segundo dados atualizados deste mês, a fonte solar reúne mais de R$ 49,8 bilhões em investimentos privados, desde 2012. Uma das iniciativas que pode impulsionar a geração de energia solar é o Projeto de Lei 5.829, de 2019, que prevê o marco legal de energia fotovoltaica no país e está em discussão no Congresso Nacional.

Além da defesa da diversificação da matriz energética, Deitos também ressalta que o país deve aproveitar e aprovar projetos que estão “represados”. E, inclusive, cita o caso de duas termelétricas de carvão no Rio Grande do Sul. Para o presidente da Associação Brasileira de Carvão Mineral (ABCM), Fernando Zancan, as térmicas de carvão mineral podem ser uma alternativa na discussão da segurança energética. O Rio Grande do Sul e Santa Catarina são responsáveis por 90% das reservas de carvão mineral do país, segundo Zancan. A principal crítica, porém, aos projetos de carvão são no âmbito de impacto ambiental.

Compartilhando geração e defasagem

Há mudanças relevantes na comparação dos cenários de 2001 e de 2021. A principal delas é que o sistema energético nacional passou a ser totalmente integrado, com exceção do estado de Roraima, que por muitos anos dependia do fornecimento de energia da Venezuela. O SIN permite a transferência de energia entre os quatro subsistemas: Sul, Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste e a maior parte da Região Norte.

Assim, todas as regiões colaboram com o mesmo sistema, mas também compartilham as suas dificuldades. Em 2001, quando não havia essa integração, o Rio Grande do Sul contribuiu com a redução do consumo de energia, mas não chegou a ser impactado pelo racionamento, como ocorreu em São Paulo. “Comparado com 2001, o sistema elétrico brasileiro evoluiu bastante em termos de interconexão. A interlocução permite que todos os subsistemas possam usufruir da energia gerada em outro subsistema através do sistema interligado, mas também permite que todos contribuam para uma redução de energia em um possível racionamento”, pondera Ramos. Esse é um ponto diferente em relação a 2001, porque o Rio Grande do Sul hoje tem condições de contribuir, mesmo que não seja um Estado autossuficiente.

Apesar da integração, os subsistemas correspondem a volumes diferentes na capacidade total. Por exemplo, o Sudeste/Centro-Oeste representa 70,1% do total, mas, atualmente, o percentual de armazenamento é de 30,4%. É essa discrepância que faz com que o sistema como um todo entre em alerta.

Além disso, neste sistema interligado há dois problemas, pondera Ramos, o elétrico e o energético. O energético é quando há falta de geração. “O próprio sistema interligado tem uma segurança para garantir que siga funcionando”, enfatiza. Assim, quando há um problema de falta de energia, todo mundo tem condições de contribuir reduzindo o consumo, para que as máquinas que estão gerando (hidráulica, térmica, eólica, solar) consigam abastecer o sistema, explica Ramos. Já o problema elétrico é quando há limitações nas linhas de transmissão, que mandam energia de um sistema para o outro. “Podes ter geração sobrando, por exemplo, em determinada região, mas tu não consegues transmitir através do subsistema de transmissão, porque existe uma limitação”, enfatiza o professor, complementando que há casos em que há uma combinação dos dois fatores. “Uma demanda muito alta e déficit de geração, que é o que se fala hoje. Se você tiver baixa geração no Sudeste e precisar importar boa parte para o Sudeste, por meio das interconexões, pode ser que tenha restrições, mesmo existindo capacidade de geração”, detalha o especialista.

Impacto no bolso

Como a falta de chuvas e a diversificação da matriz energética impacta no nosso bolso? Na prática, para evitar que a situação fique mais crítica nas usinas hidrelétricas em função dos baixos níveis dos reservatórios, o Operador Nacional do Sistema passa a controlar a produção hidrelétrica e até abrir mão da utilização delas. Porém, ao migrar para outras fontes, como a termelétrica, ocorre a elevação dos custos. E boa parte deles é repassado ao usuário. O exemplo mais prático de entender isso são as bandeiras tarifárias. Elas passaram a ser adotadas em janeiro de 2015 e preveem o repasse imediato ao consumidor de eventual aumento de custos na geração de energia elétrica.

Em outras palavras, quando a energia torna-se mais cara, a bandeira fica mais cara. Elas são divididas em três cores, similares aos semáforos. A verde é quando há condições favoráveis para a geração de energia e sem cobrança adicional, a amarela quando as condições ficam menos favoráveis e a tarifa passa a sofrer acréscimo, e a vermelha quando a produção torna-se mais cara e a tarifa tem acréscimo maior. Diante do panorama atual, a conta dos consumidores está em bandeira vermelha, que é a faixa mais alta. E, no final de junho, a Aneel adotou a bandeira vermelha patamar 2, reajustando o valor dessa classificação em 52%, passando de R$ 6,24 para R$ 9,49 a cada 100 quilowatt-hora consumidos.

A justificativa para a elevação foi o aumento do uso das usinas termelétricas. Segundo o professor Maicon Ramos, o sistema de bandeira traz vários alertas, como o de que o custo da energia está mais cara e que o usuário precisa ficar atento ao consumo. Com as projeções recentes da ONS, que reforçam o nível preocupante dos reservatórios, a previsão é que os valores das bandeiras aumentem ainda mais no próximo período.

Porém, não é somente na conta de luz que sentimos o peso do custo da energia. Por ser essencial, impacta em toda a linha de produção, serviços, entre outros. Recentemente, a energia se tornou a “vilã” da inflação. Em junho, a inflação oficial (medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor - IPCA) aumentou 0,53%, sendo, segundo o IBGE, a maior variação de preços para o mês desde 2018. Com as projeções de novas elevações, o índice deve seguir em alta. Isso porque a energia elétrica responde por 4,24% da cesta de consumo, que são os nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE para formular o índice.

Agora, se há o aumento do custo da energia para os usuários, o valor também impacta toda a economia. O segmento industrial é um dos que têm acompanhado de perto a evolução da crise hídrica no país, assim como as medidas adotadas e projetadas. À frente do Grupo Temático de Energia e Telecomunicações do Conselho de Infraestrutura da Fiergs, Edilson Deitos diz que o monitoramento é constante. Reconhece, porém, que a crise energética pode vir a ocorrer no momento em que a economia começa a dar sinais concretos de aquecimento. No caso da indústria, a situação que mais preocupa são os chamados “horários de ponta”. Por característica específica, no Rio Grande do Sul esse período é das 14h às 16h. É o mesmo horário onde há o pico do calor e de consumo, com o uso de equipamentos como ar-condicionado, no caso de dias quentes. Em complemento, Ramos pontua que, se a economia brasileira estivesse a pleno, talvez “novembro fosse agora”, fazendo uma relação com o que seria necessário ter nos reservatórios para dar conta da demanda. Ele relembra que situação similar nos reservatórios ocorreu em 2015, quando o país vivia uma recessão e o consumo de energia estava menor. “Não ocorreu (naquele momento), mas poderia ter ocorrido”, ressalta.

Consumo responsável e eficiência

A diversificação da matriz é umas das formas de se promover mais segurança energética. Foto: Mauro Schaefer

Como alternativa para preservar os reservatórios de energia, estão os trabalhos de mobilização junto com a sociedade. As medidas passam pelo uso consciente da energia e da água, mas também por ações práticas. “O uso consciente e responsável de água e energia, reduzirá consideravelmente a pressão sobre o sistema elétrico, diminuindo também o custo da energia gerada", afirmou o ministro de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque.

É verdade que o aumento do poder aquisitivo das famílias ao longo das últimas duas décadas e a grande disponibilidade de eletroeletrônicos faz com que a energia elétrica seja mais essencial do que nunca. Ao mesmo tempo, houve uma grande atenção para a eficiência dos produtos eletrônicos, como o selo Procel de eficiência energética, que vem anexado aos eletrodomésticos no momento da compra. Com classificação a partir do A, o marcador busca identificar aqueles itens que são mais eficazes.

Para o professor Odilon Duarte, o selo representou uma grande conquista para a sociedade. Entre outros fatores, porque, mesmo mais caros, são itens que terão melhor desempenho e que consomem menos energia. Outra mudança cultural recente foi a substituição das lâmpadas incandescentes pelas fluorescentes. O primeiro modelo é mais barato, mas dura menos e o seu gasto de energia é maior. O segundo tipo, é o oposto, com durabilidade e preços medianos, mas menor consumo. E, em um processo mais recente, as de modelo led estão ganhando mais espaço, por, mesmo sendo mais caras, terem durabilidade e consumo menores. Mesmo assim, os especialistas são unânimes ao defenderem campanhas contínuas para alertar sobre o consumo de energia. “É um processo que precisa ser contínuo”, defende Duarte.

Ações contra o racionamento

Uma série de ações está em debate no âmbito nacional. Entre elas, a flexibilização das restrições hidráulicas; o aumento da geração térmica (operando a pleno); a importação de energia da Argentina e do Uruguai; e a campanha do uso consciente da água e da energia. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), flexibilizar as restrições hidráulicas é importante para preservar os volumes dos reservatórios, de maneira que a água possa ser utilizada, gradualmente, no período seco e evitar situação mais crítica nos meses futuros, evitando que eles se esvaziem. Atualmente, a flexibilização se dá de forma controlada, monitorando seus efeitos e gerenciando os impactos. Assim, o caminho acaba sendo o de ampliar o uso das termelétricas, que tiveram usinas acionadas em outubro de 2020.

Sobre os riscos de racionamento, Maicon Ramos, da Ufrgs, cita o boletim mais recente da ONS, que faz o alerta sobre a situação preocupante, mas não prevê restrição. “Pela nota, o ONS vai fazer todo o esforço do ponto de vista de geração térmica, de importação de energia para que não tenhamos o problema até novembro”, pontua. Ao mesmo tempo, ressalta que o panorama está baseado em algumas projeções de níveis dos reservatórios, que estão condicionadas à ocorrência de chuva ou não. “Agora, se me pergunta se tem risco de um possível racionamento? Diria que sempre tem. Porque estamos em uma situação complicada. Mas existem mecanismos para que a gente possa contornar esse problema”, assegura.

Ramos destaca que o ONS prevê cenários para que a gente passe por esse período. Entre eles, a flexibilização dos limites de transmissão de algumas linhas. Na prática, algumas linhas vão poder operar acima da sua capacidade, para que se possa escoar a geração entre os subsistemas. “Essa flexibilização é algo que o operador está prevendo fazer. Terá que ser transmitida mais energia dessas linhas, acima da capacidade, e não diz quanto. É bom operar acima da capacidade? Nunca é bom. Mas não significa que não possamos operar por um determinado período”, avalia.

Além do alerta à população, há outras frentes que o governo tem trabalhado para afastar o risco de racionamento no Brasil, há uma outra série de medidas que são pensadas e desenvolvidas no país. Uma delas, segundo Bento Albuquerque, que deverá ser aplicada em breve, é um programa voluntário que incentiva as empresas e indústrias a deslocarem o consumo dos horários de maior demanda de energia para os de menor demanda, sem afetar a sua produção. Outra ação foi a criação de uma Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética, para discutir medidas emergenciais. A intenção do governo, segundo o ministro, é garantir agilidade nas decisões.

O RS em busca da autossuficiência

Atualmente o sistema energético nacional é totalmente integrado, com exceção do estado de Roraima. Foto: Mauro Schaefer

No panorama nacional, o Rio Grande do Sul ainda é deficitário em relação à geração de energia. Assim, precisa importar para dar conta da quantidade necessária. Atualmente, o Estado importa cerca de 34% da energia que consome, levando em consideração a média anual de 2016 a 2019. Para mudar essa realidade, tornar o Estado exportador de energia, contribuindo com a produção nacional de eletricidade, há uma série de projetos na área de geração e transmissão.

A matriz elétrica do RS tem 9,4 GW instalados, cerca de 80% provém de fontes renováveis (hidrelétricas 49,2%; eólica 19,5%; fotovoltaica 8,2%; termelétricas à biomassa 3,8%); e cerca de 15 GW em projetos de empresas privadas em algum estágio de licenciamento ambiental, aguardando oportunidade de comercialização no mercado regulado ou no livre. Esse percentual está dividido em 10,9 GW de eólica, 390 megawatts em hídrica, 2,2 GW da hidrelétrica binacional Garabi-Panambi e mais dois projetos de termelétrica a carvão que somam 1,33 GW. “São projetos em várias regiões do Estado. Temos um potencial de fontes renováveis e de projetos para seu uso. Por exemplo, o RS tem o maior potencial eólico individual entre os estados brasileiros (103GW em terra firme, a 100 metros de altura, mais 114 GW no oceano e lagoas)”, pontua Eberson Silveira, da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura. Na mesma linha, Edilson Deitos, da Fiergs, acredita que o Estado está, apesar da crise, em um “movimento positivo” com o início de importantes projetos no setor energético, ao citar os leilões previstos e os investimentos em pequenas usinas elétricas.

Segundo o relatório anual de conformidade do setor elétrico de 2020, que foi divulgado há poucos dias e mostrou o panorama hidrelétrico, no Rio Grande do Sul atualmente existem 59 Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs), 87 Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e 17 Usinas Hidrelétricas (UHE) têm outorga para uso de água. Desses empreendimentos, 58% estão em operação.

Ao olhar para os outros segmentos, são boas as possibilidades de aumento da oferta de gás natural, que está há muitos anos com demanda reprimida em decorrência da abertura do mercado deste segmento e de energia solar, cuja capacidade indica que é possível instalar em apenas 2% da área não urbana, 23 GW de energia fotovoltaica e produzir o equivalente ao consumo de eletricidade do mercado gaúcho. “Temos um potencial de fontes renováveis. Importante salientar que a grande diferença da solar para a eólica é que, na solar, tu consegues fazer projetos de qualquer tamanho, em qualquer lugar onde tenha sol. Já a eólica precisa de espaços maiores e mais selecionados”, pondera Silveira.

Outro ponto que precisa ser levado em consideração é sobre a capacidade da Metade Sul, onde, segundo o diretor da Sema, estão 89% do potencial eólico do Estado e 89% das reservas brasileiras de carvão. “Além das renováveis, precisamos fortalecer a nossa matriz com gás”, destaca, citando que estão paradas as termelétricas UTE de Uruguaiana, por falta de gás, que tem capacidade de 639 MW, e a UTE Canoas (249 MW), que opera com óleo diesel. Ele ressalta ainda o fato de que há, atualmente, sendo implementados no Estado, nove lotes de transmissão de energia elétrica. Eles representam R$ 6,5 bilhões de investimentos, com 3,2 mil quilômetros de linhas e 8,8 giga volts-ampères de capacidade. “Assim, nenhum projeto hoje deixa de acontecer (no RS) por falta de conexão, como aconteceu há um tempo”, ressalta Silveira. Como resultado, na avaliação dele, o Estado está em situação extremamente privilegiada.

Como economizar

  • Coloque lâmpadas led na sua casa, elas são mais econômicas. 
  • Desligue o chuveiro quando estiver se ensaboando. Chuveiro consome muita energia e muita água ao mesmo tempo. 
  • Tome banhos curtos. 
  • Abra as janelas para a luz do sol entrar e apague as lâmpadas.
  • Desligue os equipamentos antes de sair de casa. Aparelhos em stand-by também consomem energia. O melhor é tirar da tomada. 
  • Pense no que vai pegar antes de abrir a geladeira. Toda vez que a porta se abre, o ar frio escapa e o motor tem que trabalhar de novo. 
  • Coloque a geladeira longe do fogão e não deixe exposta ao sol. 
  • Verifique se as borrachas de vedação da geladeira estão boas. Prenda uma folha na porta. Se ela sair com facilidade, as borrachas precisam ser trocadas. 
  • Não guarde alimentos quentes na geladeira. O calor força a geladeira a trabalhar e isso consome mais energia. 
  • Tire o videogame da tomada quando não estiver jogando. Tanto o console quanto a televisão podem ser desligados após o jogo. 
  • Jogue fora suas extensões e benjamins. Ligar muitos aparelhos na mesma tomada é perigoso e desperdiça energia. - Desligue a chave geral da casa quando ficar fora por um longo tempo. Esvazie a geladeira e desligue tudo para não ter nenhum consumo de energia. 
    Fonte: Ministério de Minas e Energia
Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895