Potencial em avaliação

Potencial em avaliação

Projeto analisa condições para fomentar a cultura do lúpulo no Estado

Por
Carolina Pastl*

Criado pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) e Emater/RS-Ascar a partir de uma demanda da Câmara Setorial das Bebidas Regionais, o Projeto de Monitoramento e Desenvolvimento da Cultura do Lúpulo começou a mapear o potencial da produção da planta no Rio Grande do Sul para fomentar o desenvolvimento de uma cadeia produtiva no Estado.

A primeira fase do projeto iniciou em agosto e tem duração de um ano. Para esta etapa, foram selecionadas dez propriedades rurais que cultivam lúpulo em Caxias do Sul, Vacaria, Serafina Corrêa, Nova Petrópolis, Gramado, São Francisco de Paula, Bom Jesus e São José dos Ausentes.

Nessas propriedades, a Emater/RS-Ascar presta assistência técnica e coleta dados para acompanhar o desenvolvimento da cultura. A Seapdr analisa amostras em laboratório. Os produtores participam com as sementes e, em contrapartida, recebem gratuitamente os laudos dos testes feitos pela Seapdr. Até o momento, já foram examinados os solos, para avaliação do potencial produtivo das áreas, e instalados medidores agrometeorológicos nos locais.

Uma das propriedades participantes é de Maria Silva, de Bom Jesus. Pela primeira vez, ela e suas filhas Victória e Letícia Felini devem colher lúpulo, em meio hectare, no início de 2021. A produção já tem nome: “Maria Lupulina”, em homenagem à mãe. O objetivo da família é fabricar cerveja artesanal. “Como o produto ainda é pouco conhecido, temos de ir atrás dos clientes, e isso dificulta e encarece o nosso trabalho. Essa parceria vai nos ajudar muito”, afirma Victória.

Victória (na foto) levou mudas de lavoura em Gramado para cultivar em sua propriedade. Foto: Letícia Felini

O projeto considera a relevância microcervejeira que o Estado tem. A área plantada com lúpulo, no país, é estimada em 40 hectares, dos quais oito estão no Rio Grande do Sul. Não há um levantamento de quantos agricultores atuam nessa atividade, pois as áreas são pequenas e muitas ficam distantes umas das outras. “Por muitos anos, a cultura esteve restrita a imigrantes que produziam sua própria cerveja”, observa o gerente de Planejamento da Emater/RS-Ascar, Rogério Mazzardo.

A expectativa é que o cultivo de lúpulo se torne importante no Estado para agregar valor à economia local, reduzir custos e possibilitar o zoneamento da cultura para que agricultores tenham acesso ao crédito em instituições financeiras. Mazzardo acrescenta que hoje o Brasil importa 98% do lúpulo que consome, tornando o insumo o mais caro da fabricação da cerveja artesanal.

Acompanhamento do cultivo é feito em dez pequenas propriedades de oito municípios gaúcho. Foto; Fernando Dias / Divulgação Seapdr

A iniciativa também tem apoio da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs), Associação Gaúcha de Microcervejarias, Associação Brasileira de Produtores de Lúpulo e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

*Sob supervisão de Elder Ogliari

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895