Projeto ensina a salvar vidas

Projeto ensina a salvar vidas

Proposta da USP, adotada pela Furg, busca capacitar crianças e jovens para agir em situações de risco de saúde através de aulas de primeiros socorros

Por
Daiana Garcia*

Disseminar o conhecimento de técnicas de primeiros socorros e formar indivíduos autônomos, capazes de agir em situações de risco, são alguns dos objetivos do projeto Kids Save Lives Brasil. A proposta foi implementada no país pela Universidade de São Paulo (USP), sob coordenação das professoras Naomi Kondo Nakagawa e Maria José Carmona Carvalho, e adotada na Universidade Federal do Rio Grande (Furg), coordenada pelos professores Priscila Aikawa, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), e Felipe da Silva Paulitsch, da Faculdade de Medicina (FaMed).

Para desenvolver o projeto, inicialmente é feito um treinamento com universitários voluntários de Medicina da Furg, para que possam passar a ensinar primeiros socorros a alunos e professores da rede pública municipal. Entre as técnicas ensinadas estão ações iniciais de socorro em casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC) agudo, parada cardiorrespiratória não traumática, infarto agudo do miocárdio, afogamento ou engasgo total.

A professora Priscila Aikawa explica que os treinamentos ocorrem desde o ano passado, principalmente, de forma virtual, devido à Covid-19. “Os encontros são pelo Google Meet e, antes de entrarmos em bandeira preta, tivemos a oportunidade de realizar um treinamento presencial.” Durante as aulas virtuais, são discutidos artigos científicos sobre o ensino das técnicas a crianças e leigos, além de aulas práticas em bonecos testes, confeccionados pelos próprios alunos. “Nós fizemos um corpo manequim com garrafa pet, junto com os alunos, nas aulas on-line, para que eles pudessem simular as técnicas com maior precisão”, explicou Priscila, acrescentando que os professores observam com atenção as práticas realizadas, corrigindo e orientando os alunos, no decorrer da atividade virtual.

Ensinando as crianças

As técnicas serão repassadas dos universitários para estudantes (entre 9 e 16 anos de idade) e professores da rede municipal, assim que a situação da pandemia permitir a realização dos treinamentos com segurança. A ideia é que as aulas ocorram em quatro encontros, distribuídos no decorrer de um mês, para cada uma das escolas. No primeiro encontro serão trabalhados conteúdos teóricos sobre cada uma das técnicas de salvamento. No segundo, o projeto levará professores e funcionários da escola para dentro do Laboratório da Furg, para as aulas práticas. No terceiro, será a vez de uma turma, com, no máximo 25 alunos, realizar as atividades práticas na Universidade. E no quarto encontro, a equipe do projeto, em conjunto com a turma de 25 alunos, desenvolverá uma aula no pátio da escola, para demonstrar as técnicas aos demais estudantes e educadores.

Experiência acadêmica

Para os universitários de Medicina que participam do projeto, a experiência tem sido muito bem aproveitada. “Eles estão superempolgados para repassar esse conhecimento e percebem a importância social envolvida na iniciativa”, aponta a professora, ressaltando que os conteúdos teóricos também têm agregado conhecimentos, mesmo junto a alunos que já cursaram disciplinas de primeiros socorros.

A acadêmica Laura Cancian Somavilla, que cursa o 4° ano de Medicina na Furg e que participa do projeto desde novembro de 2020, explica que sempre teve interesse na área pediátrica. Por isso, lembra que quando surgiu a oportunidade de participar desta iniciativa, não pensou duas vezes em se inscrever na seleção. “O que mais nos dá brilho nos olhos é saber que poderemos passar isso à comunidade e ver as técnicas sendo implementadas, de fato, com as crianças, que são a maior fonte de esperança para nosso futuro”, destaca. Laura também admite que há grande expectativa para a realização dos treinamentos nas escolas, mas concorda que os encontros sejam realizados apenas quando a situação da Covid-19 indicar menores riscos de contaminação.

Enquanto os treinamentos ainda não podem ser colocados em prática dentro das escolas, a professora Priscila revela que há previsão de expandir o projeto a outros cursos de graduação da Universidade, como foi feito na USP, através da abertura de disciplina optativa. Dessa forma, qualquer graduando poderá receber o treinamento, permitindo desenvolver e manter esse projeto vivo durante a pandemia. Mais informes sobre este projeto aqui.

*Sob supervisão de Maria José Vasconcelos.

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895