Solidariedade enfrenta a Covid

Solidariedade enfrenta a Covid

Instituições de ensino buscam formas de envolver os estudantes e a comunidade em ações e projetos solidários

Por
Vera Nunes

Se para algumas pessoas a pandemia causa ansiedade, tristeza e desânimo, para outras, serve como motivação para o exercício da solidariedade. N, em Caxias do Sul, diversas campanhas têm mesclado educação e disposição de ajudar o próximo. Uma dessas ações ocorreu no final de fevereiro, na 3ª edição do Vestibular do Bem e, agora, nos últimos dias de março, aconteceu a Semana do Bem. As duas iniciativas foram marcadas pela arrecadação de alimentos e brinquedos doados para a Ação do Bem, entidade que auxilia crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social no município de Caxias. Os projetos garantiam que o candidato que realizasse a matrícula para o vestibular on-line, gratuito e agendado e doasse alimentos ou brinquedos no polo de apoio presencial, teria a isenção da primeira mensalidade.

A gestora da faculdade, Tainey Schmitt Damas, destaca a importância dessas iniciativas para diminuir a evasão escolar e ajudar quem precisa. “Por meio dessas ações, reafirmamos o nosso compromisso em acolher e mostramos que os acadêmicos não estão sozinhos.” A instituição informa que já auxiliava diversas entidades caxienses em projetos filantrópicos, mas, desde o início da pandemia, essas atitudes têm sido ainda mais recorrentes e voltadas a estimular o ingresso nos cursos de graduação e pós-graduação de Educação a Distância (EAD).

Inserção profissional

Conquistar a primeira experiência profissional é um desafio marcante para todo jovem. Ainda mais em um momento completamente diferente, como o atual. Com reorganização das ações para atender os protocolos de saúde, segurança e distanciamento social, o Instituto Elisabetha Randon (IER) e as Empresas Randon mantiveram as atividades dos programas Florescer – Iniciação Profissional e Qualificar. As edições de 2020 dos cursos, desenvolvidos em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), foram concluídas neste último mês de março, com certificação de 139 jovens.

Mantido pelo Instituto Elisabetha Randon, o Florescer – Iniciação Profissional (IP) qualifica adolescentes de 15 e 16 anos de idade no curso de Assistente Administrativo. “No decorrer do currículo proposto aos jovens, trabalhamos as inúmeras habilidades da função que eles vão exercer, somadas com atividades que estimulam habilidades emocionais e de comportamento”, relata a coordenadora do Programa Florescer do IER, Cristina Fadanelli. O Senai disponibilizou uma plataforma para a realização das aulas on-line. E, por intermédio das Empresas Randon, o Instituto Elisabetha Randon doou computadores para as famílias dos jovens que não dispunham de equipamentos adequados, permitindo a inclusão digital e a continuidade dos serviços e aprendizados.

Já as Empresas Randon oportunizam aos jovens, com faixa etária entre 16 e 18 anos e que possuem contrato como jovem aprendiz, a realização do Programa Qualificar. Em parceria com o Senai, é desenvolvido o curso de Operador de Processos de Fabricação de Autopeças, Veículos e Implementos Rodoviários e Ferroviários, com mais de 1,6 mil horas de formação ao longo de dois anos de vínculo. A 17ª turma, com 65 jovens concluintes, encerrou em março. “Valorizamos muito o desenvolvimento integral dos aprendizes. Oportunizamos a todos os jovens, à medida que vão concluindo as turmas, a chance de seguirem nas unidades da companhia, crescendo profissionalmente”, revela a gerente de Pessoas e Cultura das Empresas Randon, Silvana Gemelli.

Emoção em ajudar

Foto: Arquivo pessoal / Divulgação / CP

“Me sinto feliz e realizado em poder ajudar quem mais precisa. Além de ter me proporcionado o ingresso em uma graduação na UniCesumar, ainda consigo, por um instante, amenizar a dor de alguém necessitado. Sei que meu gesto é uma gota em um oceano, mas, sem ele, o oceano seria menor. Uma atitude vale mais que mil palavras, então faça o bem, de coração, pois a recompensa de tudo vem de Deus, e um dia iremos dizer que valeu a pena,” destacou Tierre José Lucas Alves (foto acima), que aproveitou a oportunidade para se matricular no curso de Engenharia Mecânica.

Foto: Arquivo pessoal / Divulgação / CP

“Ingressei na UniCesumar com o incentivo de destinar uma cesta básica para famílias carentes. Essa ação foi possível, pois, no momento da matrícula, houve a possibilidade de optar pela isenção da primeira mensalidade e doar os alimentos, isso devido à visão humanitária da instituição”, declarou Márcia Possenti (acima), que realizou a sua matrícula no curso de licenciatura em Matemática.

Foto: Arquivo pessoal / Divulgação / CP

“A UniCesumar vai ao encontro do que eu penso e da forma que eu ajo. Oferecer a isenção de uma parcela só reflete a responsabilidade social de auxiliar os mais vulneráveis e isso é muito bacana, muito gratificante”, disse Jesus Alexandre Martins Quadros (foto abaixo), que cursa o 9º semestre de Engenharia de Produção.

Doação de sangue

Simone De Antoni Perini / Especial / CP Todos que doarem sangue no Hemocs serão embaixadores da campanha, cujo símbolo é uma foto, que deve ser postada nas redes sociais para multiplicar o gesto solidário.

“Sempre pedimos doações, agora é a nossa vez de retribuir!” Com essa frase, a presidente da Apae Caxias do Sul, Bernardete Pavan Vezaro, resume o foco da campanha “Nas veias de um APAExonado corre a solidariedade!”, lançada pela entidade, no último mês. O objetivo é sensibilizar a comunidade para a doação de sangue ao Hemocentro Regional de Caxias do Sul (Hemocs) que, em plena pandemia da Covid-19, está com baixo estoque de sangue.

O Hemocs atende 100% dos leitos do SUS no Nordeste gaúcho e, hoje, tem cerca de 30% a menos de doações, em relação ao período pré-pandemia. Atualmente necessita, com mais urgência, de doadores de sangue dos tipos A+, O+, e O-. Para recuperar a queda nos estoques, muito em virtude da pandemia que afastou os doadores ao longo do ano passado, é necessário que 70 pessoas, em média, compareçam diariamente ao hemocentro para atender a demanda.

Sabendo disso e do quanto as pessoas se engajam nas campanhas para beneficiar a Apae e os beneficiários atendidos, a instituição vê na ação uma maneira de retribuir à comunidade. Para doar é preciso atender aos requisitos básicos de doação e agendar horário pelo telefone (54) 3290-4543 ou (54) 98418-8487 (WhatsApp). Todos os que doarem sangue no Hemocs serão embaixadores da campanha. Por isso, a ideia é que façam uma foto com as mãos no peito e postem nas redes sociais, com a hashtag #sejaumAPAExonado, marcando @apaedecaxiasdosul (Instagram) e @apaecaxiasdosul (Facebook), para que a ação chegue a mais pessoas.

Mensagens para idosos cegos

Na Fadergs, em Porto Alegre, o tradicional Trote Solidário teve a 2ª edição consecutiva no formato digital, devido à pandemia. O objetivo foi incentivar a prática de boas ações, auxiliar na melhora da sociedade e estimular a convivência saudável e a aproximação entre os alunos. Neste semestre, por meio da ação “Para quem enxerga com o coração”, calouros, veteranos e professores foram convidados a mandar áudios com mensagens positivas para idosos deficientes visuais moradores da Casa Lar da Associação de Cegos Louis Braille.

No site, os estudantes conheciam as características de cada morador da instituição para acertar nas palavras e proporcionar bons momentos a eles, com falas de esperança, após todos terem recebido duas doses da vacina contra a Covid-19. A plataforma também mostrou quantos áudios cada um recebeu, para que todos fossem prestigiados de maneira uniforme. “O Trote Solidário é uma ação que nos faz refletir sobre esse momento. A proposta fez-me lembrar da minha avó, que sempre leu muito e, já bem idosa, não enxergava mais. Recordando a minha história, declamei poemas com base nos seus gostos pessoais, com o objetivo de tocar o coração deles, assim como a realização do gesto tocou o meu”, disse Patrícia Viviane De Antoni, aluna de Nutrição da Fadergs.

A iniciativa fez parte da agenda do Núcleo de Responsabilidade Social da Fadergs e está aberta para toda a comunidade acadêmica. O trabalho da Casa Lar da Associação de Cegos Louis Braille pode ser conhecido aqui.

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895