Ufrgs avalia o ERE

Ufrgs avalia o ERE

Pela primeira vez, em sua centenária existência, a Universidade Federal do RS realizou um semestre letivo de forma totalmente virtual, em razão da necessidade gerada pela pandemia do coronavírus

Por
Maria José Vasconcelos

O 1° semestre letivo totalmente remoto na história da Universidade Federal do RS (Ufrgs), em razão da pandemia, transcorreu entre 19/8 e 2/12/2020, enfrentando vários desafios e buscando alternativas para manter a qualidade no ensino acadêmico. Para acompanhar as atividades do Ensino Remoto Emergencial (ERE), a Ufrgs formou uma comissão, mas cada unidade acadêmica organiza seus levantamentos, para integrar uma análise mais ampla.

Na Faculdade de Educação (Faced), foi instituída, em 13/8/20, a Comissão ERE/Faced, sob coordenação da professora Luciane Corte Real e da técnica-administrativa Sibila Francine Tengaten Binotto. A equipe, formada por representantes da comunidade da Faced, verificou os impactos do ERE junto aos três segmentos: docentes, técnicos e alunos. E os resultados constam em relatório, cuja versão parcial já está disponibilizada em site (ver box).

A intenção, segundo Sibila, é proporcionar um novo olhar sobre este período, para que se possa organizar novas ações e avançar, principalmente no âmbito pedagógico do ERE, no próximo semestre letivo. Apesar de o Ministério da Educação (MEC) definir que a volta presencial nas universidades deve ocorrer a partir de 1° de março deste ano, a Ufrgs deliberou que manterá o ERE, ao menos até reavaliar o contexto de saúde e segurança.

A partir de questões apontadas por seus professores, técnicos e estudantes, o relatório parcial da Comissão ERE/Faced identificou dificuldades como: excesso de trabalho; problemas com Internet, com compartilhamento de espaço de trabalho e para acesso a computadores e smartphones; questões relacionadas a tecnologias; transtornos para cuidados domésticos (incluindo atendimento com crianças); falta de tempo e de espaço adequado para estudo; empecilhos para a devida atenção a parentes enfermos, bem como danos à saúde relacionados e não relacionados à Covid-19; adversidades para acessibilidade a plataformas; fragilidades materiais relacionadas à subsistência (alimentação, moradia, vestuário, etc.); e pouca familiaridade com Tecnologias da Informação e da Comunicação.

O levantamento mostrou que os técnicos precisaram reinventar suas atividades por meio de trabalho remoto. Sibila revela que a biblioteca, por exemplo, ofereceu link de e-books, entre outros serviços disponíveis nas redes sociais, atendeu e orientou de várias formas remotas.

Os professores que não trabalhavam com Educação a Distância (EAD) tiveram que transformar conteúdos que eram desenvolvidos em suas aulas presenciais para aulas on-line. Precisaram aprender várias plataformas, aperfeiçoar as aulas síncronas e propor atividades diferenciadas, como combinação de indicação de filmes/vídeo ou bibliografia com fóruns, indicação de filmes, aulas em formato Podcast, diário com reflexões sobre as leituras, produção de vídeo, entre outras.

A mesma situação foi verificada entre os estudantes. Mas, neste caso, os problemas de acesso ficaram evidentes. Quase metade afirmou que, por vezes, têm dificuldades em assistir às aulas síncronas devido a condições de conectividade e recursos tecnológicos. A maior parte dos alunos informou acessar por meio de computador/notebook, seguido por celular e, em menor quantidade, tablet. E citaram questões ligadas à saúde mental (com aulas ocorrendo no mesmo lugar de descanso) e adversidades em conciliar estudos e afazeres de casa e família. Alguns percebem excesso de atividades, outros avaliam o período como angustiante, e poucos dizem não ter dificuldades. Devido a algumas dessas respostas, a Comissão ERE/Faced considerou esses fatores como relacionados a motivos de cancelamentos em disciplinas no semestre.

Já entre as facilidades no ERE, o estudo revelou possibilidades como: realizar a disciplina no seu tempo, não necessitar deslocamento à faculdade, dispor de materiais on-line, contato com colegas, sentir-se incluído na Universidade, entre outras. Assim, a Comissão considera que para quem tem acesso aos meios digitais, as atividades são facilitadas. Porém assinala que é necessário refletir estratégias de inclusão destes alunos que até agora não puderam acompanhar devidamente as aulas neste formato, uma vez que o próximo semestre terá sequência em ERE. E percebe, ainda, a importância de analisar os questionários dos três segmentos de forma conjunta, para ter uma visão mais abrangente do formato ERE.

Comissão ERE/Faced

  • Para acompanhar a implantação e o desenvolvimento do Ensino Remoto Emergencial (ERE), a Ufrgs formou uma comissão. E cada unidade acadêmica apura e analisa questões a partir de dados específicos de sua comunidade.
  • A Faculdade de Educação da Ufrgs (Faced) instituiu, no dia 13/8/2020, em reunião realizada pelo Conselho da Unidade, a Comissão ERE/Faced. Tem a coordenação da professora Luciane Corte Real e da técnica-administrativa Sibila Francine Tengaten Binotto; e é integrada por três professores, três técnicos e três estudantes de graduação e pós-graduação da Faced. A equipe organizou questionários – abrangendo todos os segmentos, docentes, técnicos e discentes dos cursos de Pedagogia, de Educação do Campo e de outras licenciaturas com formação na Faced – e tabulou resultados.
  • O relatório parcial do levantamento específico da unidade foi apresentado em reunião extraordinária do Conselho da Faced/Ufrgs, dia 16/12/20, e pode ser acessado aqui
  • Na tarefa de assistir e avaliar esta nova modalidade de ensino em suas diversas perspectivas, o recorte permite espelhar um pouco do cenário acadêmico geral da Ufrgs, e propor formas de avanços e superação de adversidades.
  • A partir dos dados levantados, a Comissão ERE/Faced espera aperfeiçoar questões didático-pedagógicas, refletindo com a comunidade acadêmica estratégias para a superação de dificuldades e a busca de novas formas de disponibilizar aulas síncronas e assíncronas.
  • Com o objetivo de favorecer a aprendizagem e permanência nos estudos, facilitar trabalho dos professores e agregar o apoio dos técnicos, a intenção é avançar no ERE, fundamentado na experiência, para ampliar possibilidades de acesso e aprendizagem a todos. 
Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895