Um verão como nenhum outro

Um verão como nenhum outro

Municípios do litoral gaúcho preparam-se para uma temporada atípica em função da pandemia da Covid-19

Por
Gabriel Guedes

A temporada de verão, que se inicia em menos de dois meses, promete ser diferente de todos as outras já vividas pelos gaúchos. A não ser que a vacina contra a Covid-19 apareça por estes pagos no final de dezembro, o que tudo indica é que o veranista terá que incluir a máscara e o álcool gel junto aos tradicionais apetrechos levados para a praia, como o guarda-sol e o protetor solar. No Litoral Norte, de Quintão a Torres, o governo do Estado e as prefeituras já trabalham nos diversos cenários que podem surgir, da menor à maior curva de casos da doença. Por isso, protocolos têm sido discutidos e ajustados e a estrutura de saúde repensada para dar conta de um eventual crescimento em atendimentos em razão do novo coronavírus. Eventos que entretêm o veranista e marcam alguns momentos festivos, como o réveillon, ainda estão sendo estudados e podem até não ocorrer. Entretanto, de uma forma ou de outra, vai ter sombra e água fresca. 

Prefeituras da região são unânimes em reconhecer a dificuldade em fiscalizar a aglomeração de pessoas e contam com o bom senso dos visitantes e moradores. Em algumas praias, placas alertam para o uso de máscaras, enquanto em outras, há acessórios disponibilizando álcool gel. O feriadão de 12 de outubro serviu de prévia do que está por vir, quando milhares de pessoas foram ao Litoral e as administrações municipais puderam ter uma ideia do movimento. Com viagens adiadas e restrições de deslocamento para regiões distantes, quem já conhece o comportamento dos turistas acredita na tendência de que ocorra uma verdadeira invasão da orla a partir de dezembro. Algo que pode até mesmo se refletir numa escassez na oferta de leitos de hospedagem e de imóveis para locação, ainda que possamos não ter a presença dos nossos “hermanos” da Argentina e Uruguai. Com a temporada de verão confirmada, prefeituras correm contra o tempo para oferecer melhorias e novas atrações à beira-mar. Nas estradas, os preparativos também seguem acelerados, tudo para que o veranista tenha sossego ao final de um ano bastante conturbado.

No feriadão mais recente, a movimentação no Litoral Norte surpreendeu a empresária Ivone Ferraz, presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Litoral Norte (Sindilitoralnorte). No hotel dela, na Praia da Guarita, em Torres, foi algo que não se via desde o último verão. “Parecia réveillon”, comemora, mesmo com o estabelecimento limitado a trabalhar com 70% da capacidade. O prefeito de Imbé e presidente da Associação dos Municípios do Litoral Norte (Amlinorte), Pierre Emerim afirma que durante o ano, um número maior de pessoas transformou a casa de veraneio em residência fixa em várias das cidades da região. Com a chegada dos veranistas, o contingente populacional deverá ter um efeito elástico. “Podemos ter como comparação este feriado de Aparecida. As pessoas investiram muito mais do que o ano passado. Também tivemos uma boa intensidade de movimento de pessoas que passaram a quarentena no Litoral. A tendência é só aumentar”, avalia. Entretanto, a prévia daquele feriadão, que foi ensolarado e de temperatura agradável, também acendeu um alerta. Foi necessário os municípios atuarem na dispersão das aglomerações. Para Emerim, nada pode dar errado. “Nós estamos mais precavidos, porque a gente sabe, por causa do afrouxamento agora, que se pode colocar em risco a temporada de verão. A taxa de transmissibilidade nos indica que o verão vai ser acessível”, aposta.

O representante dos prefeitos diz ainda que a região conta com um comitê formado por técnicos da saúde dos municípios e especialistas do campus Litoral Norte da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), que está projetando a temporada no Litoral Norte. “A partir destas informações, acabaremos deliberando sobre flexibilizar mais ou menos. Estamos fazendo avaliações de 10 em 10 dias. Ainda é muito cedo para dizer como o verão vai ser em termos de Covid-19. Mas temos um planejamento para um quadro melhor e outro pior. Também temos tido reuniões, até mesmo com o governador. Estamos trabalhando mais com os pés no chão”, resume.


Aposta na conscientização

Em Capão da Canoa, a prefeitura até cogitou o zoneamento da faixa de areia, mas desistiu da ideia diante da complexidade. “Nós chegamos a receber alguns orçamentos de empresas que vendem aplicativos e fazem zoneamento da faixa de areia. Acredito que aqui e no Litoral Norte como um todo, não vai ter. Vai ser difícil segurar. Para fazer o zoneamento, você teria que fechar a beira da praia e ter entradas especificas com controle de acesso. A ideia é trabalhar na conscientização e fiscalização para evitar as aglomerações”, projeta o secretário de Turismo de Capão da Canoa, Everson Michel. Isso significa, que na prática, o veranista vai precisar aprender a conviver com a pandemia. Neste sentido, o governo do Estado lançou no dia 16 a Operação RS Verão Total 2020/2021, cujas ações serão focadas na prevenção à Covid-19, com protocolos sanitários específicos para as atividades nos municípios do Litoral. 

A operação que congrega esforços do governo estadual na atenção ao turista, tem abertura prevista para 19 de dezembro, em Capão da Canoa, e encerramento em 28 de fevereiro de 2021, na praia do Cassino, em Rio Grande, no Litoral Sul. Os projetos de atividades específicas elaborados pelas secretarias e órgãos serão encaminhados à Secretaria da Saúde (SES) para que a equipe técnica da Vigilância em Saúde possa agregar os protocolos sanitários específicos e necessários para a prevenção do contágio entre os veranistas. “É importante nos mobilizarmos para que este período seja seguro para a população, mostrando que, mesmo no veraneio, os cuidados devem permanecer”, afirma a secretária de Saúde, Arita Bergmann. 

Entretanto, o governo não detalhou que protocolos são estes. As indefinições deverão prevalecer pelas próximas semanas. “Os decretos partem do Estado e são regulamentados pelos municípios. É o Estado que tem dado o norte nesta questão da pandemia. O mínimo que se espera é que o Estado dê este amparo à proteção da saúde das pessoas. Então muitas decisões ainda vão ser tomadas baseadas nestes protocolos”, argumenta Michel. Para acertar isso, o grupo responsável pela operação está agendando novos encontros com as lideranças da orla. “Não podemos relaxar nos cuidados preventivos para evitar novo aumento nas contaminações. Por isso, será essencial que, além do tradicional planejamento integrado por todos os órgãos, que no último ano trouxe ótimos resultados com redução de afogamentos e salvamentos, tudo seja orientado para assegurar a prevenção contra a Covid-19”, recomenda o vice-governador e coordenador da operação, Ranolfo Vieira Júnior.

O diretor do Hospital Tramandaí, Luís Genaro Ladereche Fígoli, diz que os verões são tradicionalmente marcados por uma sobrecarga nos serviços de saúde da região. “Mas a rede hospitalar já está adaptada a isso. Geralmente temos problemas na emergência, um pouco nas unidades de internação e muito pouco nas UTIs (Unidade de Terapia Intensiva). Mas agora estamos numa realidade nova. Vamos enfrentar um verão em meio a uma pandemia”, avisa.
 

Hospitais a postos

A demanda por atendimentos na instituição costuma aumentar de 40% a 60% durante o verão na comparação com os meses de baixa temporada. “A rede (de saúde) está bem dimensionada. Acho que vocês nunca noticiaram que alguém tenha morrido por falta de atendimento durante o verão”, defende Fígoli. Ao todo, o Litoral Norte conta com 52 leitos de UTI, imprescindíveis no atendimento aos pacientes de casos mais graves de Covid-19. Mas segundo Emerim, os municípios estão correndo para conseguir montar mais 10 leitos no Hospital São Vicente de Paula, em Osório, antes de a temporada iniciar. “Melhoramos muito de março para cá e teremos outros 10 leitos de UTI. Com os municípios fazendo repasse ao hospital, daí teremos 20 leitos em Osório. Teremos uma estrutura no verão, num cenário igual de hoje ou de três semanas atrás, mas com atendimento a contento", garante o presidente da Amlinorte. Além disso, hospitais como o de Tramandaí esperam poder acionar a Central de Regulação de Leitos do Estado para contar com a retaguarda de hospitais de Porto Alegre e também transferir pacientes internados em UTI para instituições de suas regiões de origem, se preciso.

A preocupação com a situação da infraestrutura de saúde não é à toa. É reflexo da expectativa para a temporada, que por mais contraditória que pareça, promete ser uma das mais movimentadas dos últimos anos, mas sem estrangeiros. “Eu tenho conversado com nossos agentes da Argentina, não temos expectativa nenhuma dos nossos vizinhos. Se virem, vai ser muito pouco. Uma participação de no máximo 5%. Não vamos ter o turista argentino e uruguaio. Mas nós estamos contando muito, o que já deu para perceber neste último feriado (de 12 de outubro), que vamos ter um turismo interno muito grande. Já estamos inclusive contratando para o verão”, adianta Ivone.

Poucos hermanos em 2021

Segundo a representante do setor hoteleiro, há indefinições a respeito do livre trânsito dos cidadãos dos países vizinhos por suas fronteiras, bem como em relação à delicada situação da economia argentina. “Teve gente que veio morar, teve gente que alugou por uma temporada e durante o ano. Há uma possibilidade de termos uma menor oferta. Muitos imóveis foram comercializados. É recomendável que quem queira locar antecipe a sua reserva, porque é possível até que falte. O veraneio vai ter bastante gente”, prevê o presidente da Associação das Imobiliárias e Corretores de Imóveis de Tramandaí e Imbé (Aiciti), Marcelo Callegaro. “Eu estou há 16 anos no mercado e nunca vi isso. Já estamos em outubro e praticamente não existem mais imóveis para locação para o verão”, acrescenta Eron Valim, CEO da Casaqui Experience, imobiliária de Xangri-lá. No comércio, a expectativa também não é diferente. “Vai ser um ótimo verão. No feriadão teve bastante gente”, torce Sandra da Rosa, 56 anos, proprietária há 12 de um mercado no balneário Nazaré, em Cidreira.

Um verão em meio à pandemia também proporciona um impacto na operação dos negócios que receberão estes visitantes. No caso específico dos hotéis, muitos dos protocolos implementados ao longo do ano para possibilitar o funcionamento serão estendidos à temporada de verão. No hotel de Ivone, em Torres, foi adquirido inclusive um equipamento para higienizar melhor e mais rápido os pisos do estabelecimento. “Hoje o decreto é 70% de ocupação. E se no verão houver isso, vamos ter que respeitar. Mesmo assim, também estamos com medidas preventivas. Higienizando tudo. Mudou até a rotina do café da manhã. Cada andar toma café em um horário diferente. Temos 120 lugares no restaurante. Isso proporciona um distanciamento muito grande. Aí nós temos uma pessoa que fica no bufê só fazendo a limpeza. Se a pessoa tocou na garrafa térmica, a gente já vai lá e limpa. Estamos fazendo este processo de higienização constante”, explica.

“Quando abrir, vai abrir dentro de toda organização e segurança necessária. Estamos planejando todo um conjunto de ações. Por ser um hotel de lazer, vamos adequar todas nossas áreas de lazer. Tem muita área externa. Vamos evitar atividades em ambientes muito fechados”, adianta Marco Adamy, diretor executivo do Hotel Figueiras, que fica no Balneário Mariluz, em Imbé. Nos imóveis de aluguel, o presidente da Aiciti diz que a limpeza e higienização terão que ser diferenciadas pelos contratantes, tanto quando entra como quando sai. “Há a necessidade de se ter um cuidado maior”, frisa Callegaro. “É feita a limpeza normal. Mas as casas têm ficado mais abertas, mais arejadas, de preferência com um dia de descanso entre uma saída e entrada de locatários. Acredito que uma das principais coisas que temos feito na Casaqui desde março, é o contrato digital, o e-tabelionato, que evita o contato das pessoas. Também tem a questão do tour virtual, em que os clientes podem olhar os imóveis pelo celular”, demonstra Valim.

Avaliações dos militares para guarda-vidas já começaram em outubro. Testes com civis têm início em novembro. Estado ainda não definiu o efetivo para o verão. Foto: Alina Souza

Nas operações do Corpo de Bombeiros Militar do RS (CBMRS), a pandemia não demandará grandes mudanças nos trabalhos dos guarda-vidas. No início de outubro, começaram os preparativos para a temporada de verão. É na área do 9º Batalhão de Bombeiro Militar (9º BBM), com sede em Tramandaí, que está ocorrendo a recertificação de guarda-vidas que irão atuar no Litoral Norte. Cerca de 100 socorristas militares estão recebendo atualização de normas e práticas e se submetendo a avaliações que atestem suas capacidades de atuação no ofício. No dia 13 de outubro, por exemplo, uma das turmas, composta por quase 100 guarda-vidas, estava sendo testada em um aquathlon (prova que mistura corrida e natação), em Imbé. O tenente-coronel Claudio Morais, comandante do 9º BBM, coordena o processo de recertificação. Segundo ele, neste primeiro momento, estão sendo avaliados os guarda-vidas militares. Em novembro, será a vez dos civis. Serão contratados 600 guarda-vidas civis temporários, que atuarão pelo período máximo de novembro a abril de 2021. “Ainda não se sabe quantos guarda-vidas teremos. Somente após o edital para contratação dos guarda-vidas civis”, avalia Morais. No último verão, o Litoral Norte contava com mais de mil guarda-vidas.

Atenção às estradas

As estradas também são outra questão que sempre demandam atenção no verão, por causa da já costumeira intensificação do tráfego. Quem utilizar a freeway (BR 290) para ir ao Litoral Norte, vai encontrar a rodovia com algumas obras em andamento e outras intervenções ainda sem data para acontecer. A CCR Viasul, concessionária que administra esta rodovia e também a BR 101 no Litoral Norte, por exemplo, informa que não há data para que a antiga praça de pedágio de Gravataí, no quilômetro 77, seja removida. A nova opera no quilômetro 60 e a de Santo Antônio da Patrulha conta com cobrança bidirecional desde agosto. Junto com a praça de pedágio de Três Cachoeiras, a empresa abriu 128 vagas temporárias para atuação nestes pontos. Os colaboradores poderão atuar, se necessário, conforme o fluxo, na operação papa-fila, que consiste na cobrança antecipada da tarifa do pedágio.

Até o final do ano, a empresa espera concluir melhorias no pavimento em cerca de 200 km de asfalto em sua área de concessão. Mas os motoristas também precisarão estar atentos às obras que terão andamento mesmo no verão, apesar do cronograma diferenciado, que deverá ser implementado a fim de minimizar os transtornos. Os usuários devem ficar atentos às sinalizações, uma vez que podem acontecer estreitamentos de pista para a realização dos serviços. A concessionária está realizando o alteamento nos viadutos e construção dos novos acessos na freeway, com conclusão prevista para fevereiro de 2021. Um deles poderá ajudar a descongestionar um pouco o tráfego na RS 030, em um ponto crucial do sistema viário do Litoral Norte. É o novo acesso à RSC 101, em Osório, fornecendo mais uma entrada e saída para quem utiliza a Estrada do Mar e a própria rodovia que faz ligação com Capivari do Sul e a região de Mostardas.

Em relação ao sistema de abastecimento de água no litoral, a Corsan afirma que vem trabalhando preparando todos os seus sistemas para o verão. A companhia reitera que os esforços foram reforçados uma vez que, em função da pandemia, as famílias ficam mais em casa e a higienização é ainda mais necessária.

Capão da Canoa

Foto: Alina Souza

O município analisa como se ajustar aos protocolos. Segundo o secretário de Turismo, Everson Michel, vai depender muito do que o governo do Estado decretar. “Estamos vendo como fazer, área de atuação, o que vai ser permitido e o que não vai. Certamente vai ter algum tipo de vedação”, estima Michel. Outra questão que preocupa o secretário de Capão da Canoa é em relação aos vendedores ambulantes, principalmente aqueles que vendem roupas. “Não sabemos como vai ser. Não queremos impedi-los de trabalhar, mas precisamos que sejam tomados cuidados”, garante. Certo mesmo é que haverá álcool gel para o veranista, que poderá higienizar as mãos em acessórios instalados na beira-mar. “Acho que vai dar verão. Tem que ter todos os cuidados: máscara, álcool gel, o distanciamento. Vai ter uma reunião este mês ou mês que vem com a prefeitura para acertar isso. O pessoal (os turistas) quer vir”, avalia João Batista Santos Pereira, 58, proprietário de um quiosque na praia, que aproveitava o tempo ensolarado do final da primeira quinzena de outubro para reformar o deck que dá acesso ao seu estabelecimento. 

Outra preocupação expressada por Michel é o prazo apertado para aprontar a temporada, como atrações artísticas e estruturas para eventos, por exemplo, ainda mais tendo que levar em conta uma série de restrições. O réveillon, por exemplo, é uma dúvida. “Temos em 15 de novembro as eleições. Então temos muito pouco tempo, até 31 de dezembro, para preparar a temporada, para fazer as contratações para o verão”, lembra. Capão da Canoa, segundo o secretário tem uma população de 54 mil habitantes, conforme o último censo do IBGE. “Sabemos que sempre foi um pouco mais do que isso. Mas, neste ano, segundo informações da coleta do lixo e do consumo de energia elétrica da cidade, estimamos que aproximadamente 90 mil pessoas permaneceram em Capão da Canoa. Ou seja, tivemos o aumento de quase o dobro da população mesmo durante a baixa temporada”, calcula. Michel elenca o cancelamento das aulas neste ano e o provável cancelamento do recesso de verão na virada para 2022 como razões para esta ser uma temporada muito mais movimentada. “Nós imaginamos um aumento muito grande de pessoas que virão para o litoral. O incremento na economia também deverá ser grande”, projeta. Mas quem for para a cidade, vai encontrar poucas novidades. O calçadão da beira-mar, danificado pelas ressacas deste ano, foi reparado e 10 passarelas que dão acesso à faixa de areia estão sendo reconstruídas por uma empresa que irá explorar publicidade nelas. Neste mês de outubro, também foi iniciada a roçada de gramados da orla.

Tramandaí

Foto: Alina Souza

As ressacas que atingiram a costa gaúcha ao longo deste ano ainda deixam suas marcas em Tramandaí. Parte da área onde ficava o antigo Restaurante Panorama, que foi demolido e deveria permanecer intacto para recomposição das dunas, teve a mureta de contenção destruída e, com isso, a areia foi levada pelo mar e sobraram apenas vestígios dos escombros. Também houve estragos em uma pequena parte do calçadão revitalizado que estreou no verão passado. Segundo o secretário de Turismo, Rojoel Simas do Amaral, a prefeitura de Tramandaí está impedida de fazer o reparo, depois de a Justiça Federal ter determinado o embargo da área. “Estamos entrando com um recurso para que possamos fazer uma manutenção. Agora vamos esperar o resultado na Justiça Federal”, informa Amaral. Bem perto dali, na esquina da avenida Beira-mar com avenida da Igreja, há um imenso buraco também aguardando reparo. Conforme o secretário, o estrago é consequência das chuvas de setembro. “A prefeitura vem fazendo operação tapa buracos. Até o início de dezembro vai estar tudo arrumado ali”, promete.

O secretário diz que depois da revitalização da beira do rio Tramandaí, vai ser entregue no final deste mês de novembro um trapiche de 70 metros e uma rampa para embarcações na Lagoa de Tramandaí. O local fica na praça Pôr do Sol, já construída no Centro de Eventos Municipal, onde ocorre a Festa Nacional do Peixe, no final da Rua João Pessoa. “Agora o local fica todo aberto”, anuncia Amaral. Apesar da Covid-19, o secretário diz que a prefeitura irá licitar o réveillon, mesmo com a incerteza causada pela pandemia. “Estamos também fazendo a programação de Natal. Mas só mais perto vamos saber se estaremos com os eventos”, diz. “Não sabemos como vai estar em dezembro. Se vai estar com estes protocolos, se vai ser diferenciado. Neste final de semana (do feriadão de 12 de outubro) tivemos um movimento surpreendente. E nos deixou bastante preocupados, porque para as pessoas parece que normalizou tudo”, avalia. “Mas estamos vendo uns projetos piloto para eventos e esperamos no final de novembro ter algo mais palpável. Esperamos o protocolo, mas de uma forma ou de outra vamos tocar alguma coisa. Temos que dar algo para estas pessoas. Se não, fica difícil”, indica.

Xangri-lá

Foto: Alina Souza

A cidade dos condomínios não deve apresentar aos veranistas muitas melhorias na sua estrutura nesta temporada. Segundo o secretário de Turismo, Meio Ambiente, Agricultura, Esporte e Lazer, Joel Leandro o calçadão de cerca de 10 quilômetros, entre as praias de Rainha do Mar e o Centro, poderia sair do papel, mas depende das eleições. “Está tudo liberado, com licenças ambientais, do Ibama, da Fepam. Mas é algo que não ficaria pronto agora e dependeria da futura administração também continuar”, justifica. Além da ausência de novidades, os eventos, que eram um chamariz para visitar a cidade, não irão ocorrer nesta temporada. “Nesta pandemia não podemos fazer nada. Até o encontro do motoclube não teve e outros foram cancelados”, resume.

Mesmo assim, Leandro diz que a expectativa é de triplicar o movimento na cidade. “Já tem muita gente morando aqui”, pontua. Por isso, em relação à Covid-19, os cuidados da orla também deverão ser intensificados. “Vamos seguir com nosso trabalho de conscientização. Fizemos até umas placas de madeira grandonas pedindo para as pessoas usarem máscara”, afirma. Além da beira-mar, as placas também acompanham a interdição de espaços como pistas de skate, praças e quadras. “Enquanto não vir um novo decreto, nada muda. Se o pessoal estiver frequentando, é porque é irresponsável”, insinua.

Imbé

Foto: Alina Souza

O prefeito Pierre Emerim diz que, em conversa recente com comerciantes e setor de gastronomia, observou otimismo para a temporada. “Estavam satisfeitos pelo movimento e a perspectiva. Tendo tempo bom, o pessoal está otimista”, garante. O prefeito acredita que o bom trabalho realizado em Imbé só vem a somar. “A zeladoria da nossa cidade é muito boa. Temos a nova iluminação, a inauguração da Policlínica e a programação do verão, que estamos segurando. A cidade está um brinco e a fiscalização ambiental está atuante”, acredita. Grande novidade para o verão, a nova iluminação da avenida Beira-mar, no trecho de cerca de 2 quilômetros, compreendido entre a avenida Garibaldi e a praça Lourdes Rodrigues, já está funcionando. Novos postes equipados com lâmpadas led proporcionam melhor cobertura luminosa, tanto da via quanto da praia. Para o projeto foi investido cerca de R$ 1 milhão.

A infraestrutura de saúde também ganha um reforço com a previsão de funcionamento da Policlínica Municipal, que fica na Avenida Paraguassú, a partir deste mês de novembro. Segundo Emerim, o local vai funcionar 24 horas e funcionará melhor que o atual Pronto Atendimento, podendo oferecer especialidades médicas em vários horários do dia, além da capacidade de atendimento ampliada, de 350, do atual Pronto Atendimento, para 700 pacientes diários. O local ainda conta com leitos de retaguarda, serviços de raio X, radiologia e atendimentos de urgência e emergência. Em Santa Terezinha, o pronto atendimento seguirá destinado a atender os pacientes com suspeita de Covid-19.

Osório

Foto: Alina Souza

Na pequena orla de Osório, de quase 3 quilômetros e representada pelos balneários de Atlântida Sul e Mariápolis, a expectativa para o secretário de Turismo, Rossano Teixeira, é que o verão seja uma repetição do forte movimento observado no feriadão de 12 de outubro. “Nos assustou”, relata. A tendência é que o município mantenha os bloqueios de acesso às praças. Também está sendo estudada a implantação de uma estrutura pela Secretaria Municipal de Saúde à beira-mar, além da passagem de carros de som alertando para uso da máscara, bem como da manutenção do distanciamento entre as pessoas. “Vamos conversar com a Saúde para avaliar a possibilidade de se estabelecer um distanciamento entre os guarda-sóis”, afirma.

De estrutura e melhorias, o secretário diz que estão sendo reformados os postos dos guarda-vidas, que é um antigo pleito da corporação, bem como se espera contar mais uma vez com a parceria do Sesc para oferecer atividades de lazer e saúde aos veranistas. O réveillon e outros eventos ainda são uma incerteza. “Temos um mês, um mês e meio para confirmar tudo”, avisa.

Torres

Foto: Alina Souza

A praia gaúcha mais próxima de Santa Catarina está investindo pesado para o verão. Segundo o diretor de Comunicação da prefeitura de Torres, Norman Machado, a cidade está realizando algumas obras e um pacote de infraestrututura para o verão. O principal deles é a melhoria do Molhe Sul do Rio Mampituba. “Vai ser feita uma calçada com uma iluminação de led no chão. A previsão para ficar pronta é na metade de dezembro. De agosto a outubro tivemos três ressacas, que atrapalharam. Vai ficar bem bonito”, ilustra. Também estão sendo construídas cinco passarelas novas por cima das dunas da Praia Grande. No entorno da Lagoa do Violão, está sendo reformada a calçada e a obra deve terminar até o final do ano. O novo Centro de Informações Turísticas vai ser inaugurado até dezembro no Parque do Balonismo e contará com estacionamento para os ônibus. O antigo, situado no Centro, se transformará num espaço para artesãos locais. “Estes veículos não precisarão circular no Centro, ajudando a melhorar o trânsito”, acrescenta o diretor de comunicação.

Conforme Machado, o município ainda está construindo um protocolo junto às entidades comerciais. A ideia é fazer uma barreira sanitária na entrada da cidade, para controle de sintomas e conscientização, e focar no funcionamento dos estabelecimentos com forma de diminuir a propagação da Covid-19. “A gente não confirma ainda o réveillon, com queima de fogos ou festa. Mas tudo depende dos protocolos. Estamos mesmo aguardando um desfecho disso mais próximo da data”, conclui.

Cidreira

Foto: Alina Souza

Para não deixar o visitante na mão, a prefeitura de Cidreira precisará fazer pouco em termos de infraestrutura. No calçadão João Rios, uma passarela que compensa o desnível até a areia da praia, está pela metade. Segundo a secretária de Turismo interina, Janaína Maria Groff, foi arrancada pela força das ondas em uma das ressacas. Uma pista de skate no Calçadão Kanitã, que ainda não está totalmente pronta, começou a ser construída em março, mas já é utilizada pelos jovens. “Mas ficará tudo pronto até o verão”, afirma Janaína. A cidade, que não tem hospital e depende de Tramandaí para atendimentos de urgência e emergência, além dos pacientes com Covid-19, suspendeu todos os eventos, como shows na Concha Acústica e o réveillon. “Nós vamos ter uma reunião com o comércio, fazer um planejamento novo. O decreto impede até mesmo pessoas sentadas na praia. Estamos vendo a melhor forma. Mas a gente não tem definições. A pandemia é um ensinamento a cada dia. Vai exigir criatividade. Estamos estudando uma forma de que todos possam aproveitar Cidreira com segurança”, deseja. Entretanto, para compensar a “falta de animação”, Janaína diz que está sendo estudado até mesmo a possibilidade de um caminhão de som passando pelas ruas com músicas e apresentações itinerantes de bandas. Outra ação que está sendo realizada é a conversão dos quiosques que forneciam água quente para o chimarrão em acessórios para álcool gel.

A RS 786, que faz a ligação com Tramandaí, historicamente bastante danificada pelo tráfego intenso e a falta de manutenção, agora está recebendo uma atenção. Em setembro, o Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem (Daer) contratou R$ 2 milhões para conservação da rodovia, no trecho em Tramandaí e Balneário Pinhal, num total de 41 quilômetros. O segmento próximo a Oásis, na zona Sul de Tramandaí, já conta com revestimento finalizado. Mas também há alguns trechos próximos ao Balneário Salinas, em Cidreira, já com a recuperação do pavimento feita. A sinalização horizontal será providenciada quando a 16ª Superintendência Regional do Daer, de Osório, licitar um contrato para esse fim, o que deve ocorrer em breve.

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895