Adilson Batista quer ficar no Cruzeiro e desabafa: "O Rogério Ceni tinha razão"
Time mineiro foi rebaixado para a Série B pela primeira vez na sua história
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Adilson Batista não conseguiu livrar o Cruzeiro do rebaixamento no Campeonato Brasileiro - o time perdeu por 2 a 0 para o Palmeiras, neste domingo, no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte. Abatido, o treinador usou a entrevista coletiva para desabafar, pedir apoio do torcedor e indicar qual será o caminho do clube para se reerguer em 2020.
O técnico chegou ao clube faltando três jogos para o término da competição. Lamentou a falta de tempo e, assim como o gestor Zezé Perrella, criticou os responsáveis pela montagem e administração do futebol do clube. E deu razão para Rogério Ceni. "Ele (Ceni) tinha muitas razões quando chegou aqui e disse que era preciso uma mudança geral, tanto de comportamento como de jogadores. Mas, sem respaldo, ele foi embora. Mas ele estava certo", garantiu, visivelmente abatido.
E continuou explicando as razões para queda do clube à Série B após cinco derrotas consecutivas nas últimas rodadas. "Tem muita coisa errada. O Zezé (Perrella) acabou de dizer. Falta aspecto físico, qualidade. Eu quero fazer parte dessa reconstrução. É triste encarar a Série B com a grandeza do Cruzeiro", disse o treinador. Adilson Batista foi o quarto comandante do grupo somente no Brasileirão, atrás de Mano Menezes (13 jogos), Rogério Ceni (8) e Abel Braga (13). O técnico dirigiu o time nas últimas três rodadas e o clube ainda contou com o interino Ricardo Resende na 14.ª rodada.
O treinador também foi questionado sobre a sua permanência para o ano que vem e foi enfático ao dizer que, a partir desta segunda-feira, já iniciará conversas visando a montagem do grupo. Ele indicou que a montagem do elenco será em cima de jovens jogadores, além de atletas das categorias de base.
"Minha colaboração foi aceitar o convite neste momento difícil. Não discuti salário. Vim com a intenção de ajudar, dar o melhor. Tentei fazer o melhor. Esse processo de reconstrução, todos nós podemos colaborar", disse o ex-zagueiro do próprio clube. "Vou ter o respaldo da diretoria do Cruzeiro (para mudanças) e amanhã (segunda-feira) vamos começar a trabalhar. Essas providências (mudanças de elenco) tinha que ser feito ontem", completou.
Com a derrota para o Palmeiras, o Cruzeiro permaneceu na 17.ª posição, com 36 pontos conquistados. Foi rebaixado à Série B de 2020 ao lado de CSA, Chapecoense e Avaí. Em 38 rodadas, o time venceu apenas sete vezes, empatou 15 e perdeu 16 jogos.
Jogadores
Poucos jogadores do Cruzeiro passaram na zona mista do estádio do Mineirão. A maioria saiu cabisbaixo e assustado, mas alguns foram exceções e prometeram lutar pela reação do clube em 2020.
"Estou com dor no corpo e no coração. Eu sou daqui de Belo Horizonte e estou mais sentido do que ninguém por tudo que aconteceu. Eu caí e quero subir com o time. Mas agora estou mesmo arrebentado. Quero ficar com a minha família, descansar e recuperar as energias", comentou o zagueiro Fabrício Bruno, visivelmente abatido.
Sobrou para o garoto Éderson encarar os microfones na zona mista. Ele parecia atordoado, mesmo assim não se negou a comentar tudo que viu. "Estou sem saber o que dizer. Nunca passei por uma situação desta, de ser rebaixado, de tantos protestos e xingamentos da torcida. É um momento difícil na minha vida, do clube e da torcida. Sou atleta do clube e vou dar minha vida pela volta do Cruzeiro à Série A", afirmou.
Muito procurado pela imprensa, o atacante Fred não quis dar entrevistas. Ele é apontado como uma das ovelhas negras do elenco, ao lado do meia Thiago Neves e do lateral-direito Edílson. Ainda no túnel deu para notar que ele estava tranquilo, de cabelo penteado e calção limpo, afinal apenas ficou no banco de reservas e nem entrou em campo.
O colombiano Orejuela, que atuou como lateral-direito na ausência de Edilson, apenas lamentou o ocorrido, também com uma feição bastante assustada. "É um momento muito triste, mas temos que devolver o Cruzeiro no seu devido lugar", resumiu.
Confusão e feridos
Além do rebaixamento inédito para a Série B do Campeonato Brasileiro, o Cruzeiro viu a sua torcida se comportar de modo agressivo e violento. Tanto que o jogo foi encerrado aos 40 minutos do segundo tempo pelas confusões nas arquibancadas do Mineirão. Segundo o coronel Trant, responsável pela segurança no estádio, quatro torcedores foram presos por agressão ou desacato e 32 pessoas foram atendidas pelo posto médico ou encaminhadas ao hospital João XXIII, administrado pelo governo de Minas Gerais.
A administração do Mineirão (Minas Arena) deixou para esta segunda-feira uma vistoria geral dos danos causados pelos maus torcedores. Mas já se sabe da quebra de centenas de cadeiras, muitos alambrados e bebedouros, além da destruição em vários banheiros de espelhos, torneiras, portas e vasos sanitários. A conta da depredação e prejuízo será coberta pelo Cruzeiro.
Além disso, o clube deve sofrer pesada punição do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) pelo mau comportamento de sua torcida. O ponto inicial vai ser a análise da súmula do árbitro carioca Marcelo de Lima Henrique. Em 2017, por situação semelhante, a Ponte Preta pegou cinco jogos de suspensão e que foram cumpridos na disputa da Série B do ano seguinte. Na ocasião, a equipe de Campinas foi rebaixada ao perder para o Vitória por 3 a 2, em casa, no estádio Moisés Lucarelli.