Após goleada sofrida pelo Flamengo, o "guardiolismo" fica em apuros no Brasil

Após goleada sofrida pelo Flamengo, o "guardiolismo" fica em apuros no Brasil

Derrota de 5 a 0 foi o maior revés sofrido por um atual campeão da Libertadores nos 60 anos de história do torneio

AFP

Com cinco gols sofridos, Flamengo teve sua pior derrota em campo na última quinta-feira

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O vento sopra contra Pep Guardiola e seus herdeiros. O jogo posicional que deslumbrou o mundo soma agora uma derrota após outra. O Flamengo de Domènec Torrent foi o último a ser afetado, depois de sofrer uma goleada histórica na Copa Libertadores que deixou seus torcedores indignados. Mudar ou morrer? O legado de Johan Cruyff passa por apuros no Brasil.

Na noite de quinta-feira, na altitude de Quito (a 2.850 metros do nível do mar), o Rubro-Negro, comandado desde julho por aquele que foi auxiliar técnico de Guardiola por uma década, sofreu sua pior derrota numa competição internacional em mais de um século de existência.

O placar 5 a 0 diante do Independiente del Valle, que poderia ter sido mais amplo, é também o maior revés sofrido por um atual campeão da Libertadores nos 60 anos de história do principal torneio de clubes da América, segundo o especialista em estatísticas Mister Chip . "É uma derrota muito dolorosa, temos que pedir desculpas aos torcedores. É um desastre, mas são apenas três pontos", disse o treinador catalão. A torcida do time da Gávea respondeu indignada, nas redes sociais, à tentativa de apagar o incêndio.

A humilhação do atual campeão Libertadores e do Brasileirão reacendeu as críticas ao técnico de 58 anos. Depois de cinco títulos conquistados em treze meses sob o comando do treinador português Jorge Jesus, agora no Benfica, era necessária uma mudança de estilo de futebol?

Ter uma "máquina perfeita"

A jornada sul-americana de Torrent teve um início turbulento e parece cambalear novamente. Perdeu nas duas primeiras partidas do Campeaonato Brasileiro e ocupou a zona de rebaixamento. Então pediu tempo para aplicar as ideias que executou com sucesso com Guardiola no Barcelona, Bayern de Munique e Manchester City.

Dirigentes e jogadores o apoiaram. O respaldo foi acompanhado por uma série de sete jogos invicto (cinco vitórias e dois empates) que colocaram a equipe na luta pela liderança do torneio nacional. Mas antes da partida pela terceira rodada do Grupo A da Libertadores, o time carioca perdeu por 2 a 0 para o lanterna do Brasileiro, o Ceará.

Em algumas partidas do Rubro-Negro surgiram faíscas daquele time do Barcelona que retomou os ensinamentos da época vitoriosa sob o comando de Cruyff e maravilhou o mundo entre 2008 e 2012 tendo em campo astros como Lionel Messi, Xavi ou Andrés Iniesta.

Em outras, o resultado foi alcançado através de um insoso e pouco fluido estilo de jogo, talvez devido às repetidas trocas de peças em um time que é praticamente o mesmo que Jesus dirigiu. "Com o futebol posicional é preciso ter uma máquina perfeita: uma peça cai e tudo desmorona. E se, como aconteceu ontem, várias peças caem, já é uma catástrofe", disse Carlos Salas, diretor da filial colombiana do jornal espanhol Marca.

O jogo de posição busca valorizar a veia ofensiva, as interações entre jogadores, a compreensão e a execução da tática através de uma estrutura que trabalha a posse da bola. Assim, explica Salas, uma falha destrói todo o esquema. "Futebol é automatismo, movimentos que se repetem dia após dia. No final, se uma escalação é mantida e não se muda o estilo de jogar, é muito normal que um adversário que estudou seu estilo saiba onde pode te atingir ", acrescentou.

É o fim?

Os tropeços do Flamengo e as críticas à sua forma de jogar não são um fato novo na América do Sul. O mentor e agora auxiliar de Pep e no Manchester City, o espanhol Juan Manuel Lillo, não conseguiu aplicar sua tática no Millonarios (2014) e Atlético Nacional (2017), dois grandes da Colômbia.

Os argumentos dos detratores de Guardiola na Europa, aliás, ganharam força com a eliminação da equipe inglesa diante do francês Lyon nas quartas de final da Liga dos Campeões, em agosto passado.

A nova queda no torneio europeu, apesar do investimento milionário no time, foi considerada por muitos como um novo fracasso do ex-jogador, que após a sua saída do Barça não conseguiu repetir npor onde passou o brilho que alcançou com a equipe da Espanha. "É preciso entender que o futebol posicional não é mais tão surpreendente quanto parecia na época", destacou Salas.

Agora domina um futebol de transições rápidas, velocidade e alta pressão, que tem como expoente a seleção da França, atual campeã da Copa do Mundo, e o Liverpool, campeão inglês na temporada passada.

O que não significa, avisa Salas, que treinadores como Guardiola, Torrent ou o também espanhol Paco Jémez abandonem uma ideologia que já provou o seu valor.

 


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