A saga da terceira estrela do Inter, parte 3: As vitórias sobre o Vasco e o título
Correio do povo Logo

Receba as principais notícias do Inter no seu WhatsApp

Inscrever-se WhatsApp Logo

A saga da terceira estrela do Inter, parte 3: As vitórias sobre o Vasco e o título

Correio do Povo relembra as dificuldades do jogo no Maracanã e a festa do título no estádio Beira-Rio

Carmelito Bifano

Falcão marcou o segundo gol da vitória do Inter sobre o Vasco da Gama, , por 2 a 1, na final do Brasileirão 1979, no estádio Beira-Rio

publicidade

No terceiro e último episódio do especial “Inter campeão brasileiro invicto de 1979”, o Correio do Povo conta como foram as duas vitórias sobre o Vasco da Gama que garantiram a terceira taça da principal competição do país. 

Mesmo desfalcado, Inter atropela o Vasco

A semana da decisão teve intensa movimentação política nos corredores do Beira-Rio. José Asmuz venceu Frederico Arnaldo Ballvé na eleição e garantiu o cargo de presidente para o biênio 80/81. Dentro de campo, Falcão foi mistério durante os dias que antecederam o jogo. O meia chegou a aparecer com gesso no joelho e dormiu na concentração para fazer tratamento até o momento da partida, mas não se recuperou. Os médicos preferiram preservá-lo para a segunda partida, que aconteceria três dias depois da primeira final. Outro que foi preparado para a finalíssima foi Valdomiro, que ainda buscava a melhor forma física.

Sem os dois, o técnico Ênio Andrade testou um ataque sem ponteiros e com dois centroavantes, Mário e Bira. “Formação para opção e nunca para iniciar, pois iria contra os meus princípios (colocar um centroavante na vaga de um atacante). Durante a partida é diferente, pois tentamos mudar o rumo das coisas e Mário junto com Bira, com os ponteiros fechados no meio é uma grande opção”, explicou.

Leia e escute o primeiro episódio do Especial
Leia e escute o segundo episódio do Especial

Para a função de Falcão, Valdir Lima foi o escolhido. O meia de 26 anos, nascido em Rio Grande, comemorou a oportunidade de olho em uma renovação de contrato: “Considero o jogo mais importante da minha carreira, mas não pelo aspecto decisivo do campeonato. Ele será decisivo para a minha permanência no clube, pois aluguei o meu passe e o contrato termina domingo. Se fizer uma boa partida, acredito que serei comprado”, disse Valdir.

No dia da partida, o Correio do Povo noticiou algo que poderia colocar um tempero a mais na partida: os jogadores do Vasco já haviam tirado fotografias como campeões. “O time do Vasco pode ter cometido um erro inconscientemente com possibilidades de influência negativa na decisão do título da Copa Brasil: antes do treino, todos os jogadores tiraram fotos com a pose de campeão com o uniforme de jogo”, escreveu o colunista Antônio Goulart.

A superstição ficou no papel, mas a qualidade do Inter desfilou no gramado do Maracanã. Aos 28, Valdir Lima, logo ele, fez um excelente passe entre os zagueiros para Chico Spina, deslocado pelo meio. Ele driblou Paulo Cesar, Leão se adiantou para fechar o ângulo, mas o atacante do Inter chutou forte à meia altura, no canto esquerdo da meta. Na comemoração, Chico foi até o banco do Inter e jogou beijos para Ênio Andrade, que lhe deu a oportunidade na vaga de Valdomiro.


Chico Spina recebe o abraço dos companheiros após um dos dois gols que marcou no Vasco da Gama, em pleno Maracanã - Jurandir Silveira / CP memória

O Vasco reagiu e perdeu duas boas oportunidades com Katinha. Na segunda etapa, Ênio Andrade posicionou o Inter dentro do seu campo para ter espaços para contra-atacar. “A estratégia deu certo”, definiu o Correio do Povo. Aos “10min40seg”, em um contra-ataque, Mauro Galvão afastou um cruzamento e a bola caiu no pé de Chico Spina, próximo ao círculo do meio de campo. Ele passou em velocidade pelo marcador, tabelou com Bira e recebeu nas costas do último marcador. Spina invadiu a área e bateu de pé esquerdo. Leão chegou a tocar na bola, mas não conseguiu evitar o segundo gol colorado.

Desesperado, o Vasco partiu para a pressão e Roberto Dinamite passou a perder chances claras de gol. O técnico Oto Glória mandou o clube carioca para o campo com: Leão; Orlando, Ivan, Gaúcho e Paulo César; Zé Mario, Guina (Zandonaide) e Dudu (Paulinho); Katinha, Roberto Dinamite e Wilsinho. O Colorado teve Benitez; João Carlos, Mauro Pastor, Mauro Galvão e Cláudio Mineiro; Batista, Jair e Valdir Lima (Toninho); Chico Spina, Bira (Adilson) e Mário Sérgio.

A vitória colorada foi construída diante de 58.655 torcedores. No dia seguinte, o Correio do Povo citou a ausência de Falcão e mancheteou: “Só goleada tira o título do Inter”.

“O Inter mostrou que não é por acaso que chegou a condição de preparar um lugar para guardar o troféu conseguindo, em tão pouco tempo, vitórias nos três nos maiores estádios do país: Mineirão, Morumbi e Maracanã. Falta alguma coisa para o Inter provar que é a melhor equipe do Brasil, no momento? Não precisa mais nada. A vantagem permite ao Inter jogar a finalíssima despreocupadamente”, analisou o colunista Antônio Goulart.

“Ênio teve participação grandiosa na vitória de ontem à noite no Maracanã. Foi ele que congestionou o meio de campo, com Batista, Valdir Lima, Jair e Mário Sérgio, de modo com que o Vasco se chocasse sistematicamente no “quadrado” do meio de campo. Do início ao fim. Explorou os contra-ataques e ganhou. O Inter foi um time de personalidade, maduro e obediente. O Vasco foi impotente, sem criatividade e menos time que o Inter”, escreveu Lasier Martins.

Apesar do preço mais caro, casa cheia e o tri nacional

A única dúvida para o segundo jogo da final era Bira, que sentiu dores no joelho. Por outro lado, Falcão e Valdomiro estavam prontos para retornar ao time. Com a iminente possibilidade de título, a direção do Inter aumentou o preço dos ingressos, o que gerou reclamação dos torcedores. Ainda assim, 54.649 pessoas estiveram presentes do Beira-Rio para conferir a decisão.


Príncipe Jajá abriu o placar na partida decisiva no estádio Beira-Rio, no dia 23 de dezembro de 1979 - Foto: José Doval / CP Memória

Logo no começo da partida, Jair lançou Bira nas costas da defesa do Vasco e o centroavante bateu na saída de Leão, que teve que saltar para trás, para empurrar pela linha de fundo. O Vasco respondeu com um “chute despretensioso de Wilsinho, que bateu no montinho artilheiro e obrigou Benitez a dar um tapa na bola, que passava ao lado da sua cabeça”. Na sequência, Batista aproveitou um rebote e deu uma paulada de fora da área para a defesa segura de Leão.

Aos 41, o primeiro gol. Benitez passou para Mário Sérgio na intermediária defensiva. Ele levantou a cabeça e lançou a bola para o campo do Vasco da Gama. Bira disputou de cabeça com Gaúcho e Ivan. Jair ficou com a bola, invadiu a área, driblou Leão e, sem goleiro, chutou para abrir o placar. Festa no Beira-Rio.

A etapa final começou com Valdomiro acertando a trave de Leão. O segundo gol do título iniciou com Mário Sérgio, que lançou Cláudio Mineiro na esquerda. O lateral cruzou para o meio da área, Bira dividiu com Leão e, no rebote, Falcão chutou para marcar o segundo. Com o título quase assegurado, Chico Spina por pouco não ampliou em um rápido contra-ataque, mas foi o Vasco que diminuiu. No final, Wilsinho chutou de fora da área, a bola fez uma curva e enganou Benitez. Àquela altura, já não fazia diferença.

O Inter que garantiu o tricampeonato foi escalado com: Benitez; João Carlos, Mauro Pastor (Beliato), Mauro Galvão e Cláudio Mineiro; Batista, Jair e Falcão; Valdomiro (Chico Spina), Bira e Mário Sérgio.


No último dia 6, os campeões de 1979 foram recebidos no estádio Beira-Rio com um jantar para comemorar o título invicto - Foto: Jéssica Caldas / Inter / Divulgação / CP

“A conquista inédita do Inter veio através da organização dentro e fora de campo, a partir de uma conscientização dos jogadores, pois em nenhum momento Ênio Andrade deixou de comandar”, escreveu o Correio do Povo do dia seguinte.

Quarenta anos depois, o Inter ainda não voltou a conquistar o Campeonato Brasileiro, mas nenhum clube do Brasil conseguiu repetir o feito do “time que nunca perdeu”.

• Créditos:

Textos e pesquisa: Carmelito Bifano.
Edições: Márcio Gomes e Tiago Medina, do Correio do Povo, e Davis Rodrigues, da Rádio Guaíba.
Entrevistados: Jair, o príncipe Jajá, e Valdomiro.
Locutores: Carlos Guimarães, Geison Lisboa, Gutiéri Sanchez, Rafael Pffeifer e Bruno Ravazzolli.
Narração de 1979: Armindo Antônio Ranzolin.
Pesquisa de jornais: Ramon Ferreira (Arquivo de Jornais CP memória).
Pesquisa de fotos: Paulo Bitencourt (Arquivo fotográfico do CP memória)
Pesquisa de áudios: José Bitencourt (Discoteca e arquivo de áudios da Rádio Guaíba).


Mais Lidas

Confira a programação de esportes na TV desta terça-feira, 23 de abril

Opções incluem eventos de futebol e outras modalidades esportivas em canais abertos e por assinatura







Placar CP desta terça-feira, 23 de abril: confira jogos e resultados das principais competições de futebol

Acompanhe a atualização das competições estaduais, regionais, nacionais, continentais e internacionais

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895