D'Alessandro: de astro do River Plate aos títulos no Inter
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D'Alessandro: de astro do River Plate aos títulos no Inter

Formado no Monumental de Núñez, meia argentino encerra carreira no futebol com a camisa colorada após quase 22 anos e diversos títulos


Lucas Mello

Argentino alcançou a glória eterna com a camiseta colorada e fez história no Beira-Rio

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O Beira-Rio será o palco da "Last Dance" de D'Alessandro. Aos 41 anos, o meia argentino escreve seu último capítulo como jogador neste domingo, às 18h, contra o Fortaleza. E não poderia ser com uma camisa diferente. Tinha que ser com o vermelho e branco do Inter, onde construiu uma grande idolatria e, hoje, é visto como um dos três maiores ídolos da história do clube.

Ao longo de quase 22 anos, D'Ale atuou por sete clubes diferentes em dois continentes, além da seleção nacional. Foram 883 jogos, com 151 gols e 129 assistências (entre River Plate e Inter) durante a carreira profissional. O Correio do Povo relembra a trajetória do ídolo colorado no futebol.

Conquista do Mundial Sub-20 e a ascensão no River Plate

Nascido no bairro de La Paternal, em Buenos Aires, Andrés Nicolás D’Alessandro foi lançado no profissional do River Plate no dia 28 de maio de 2000. Naquela temporada, o garoto de 19 anos foi pouco aproveitado na conquista do Clausura pelos Millonarios. Mas foi após um Mundial Sub-20 pela seleção argentina que D’Ale despontou no cenário futebolístico.


Foto: Divulgação / AFA / CP

Em 2001, sob o comando de José Pekerman, a seleção foi campeã do Mundial Sub-20 e D’Alessandro foi um dos destaques daquela conquista, com dois gols. A chegada ao River Plate depois do título, aliado ao retorno de Ramón Díaz como técnico, fez com que o meia pudesse ter mais espaço e se afirmasse no profissional do clube argentino.

No Monumental de Núñez, “El Cabezón” se tornou um dos principais destaques da equipe e conquistou dois campeonatos argentinos (2002 e 2003). Foi em Buenos Aires que criou o drible conhecido como “La Boba”, nome batizado por Eduardo Coudet, companheiro nos Millonarios.

A jogada característica começa com D'Ale se postando em frente ao adversário, com a bola praticamente colada ao pé esquerdo, suger uma conversão para este lado. Em meio à trajetória, porém, o jogador trava, volta-se na direção contrária e transfere a bola para o pé direito, desconcertando o marcador. Com isso, fica aberto um espaço para o cruzamento com a "perna ruim".

Com a ascensão e os elogios recebidos de Ariel Ortega, Enzo Francescoli e Rubén Paz, D’Alessandro começou a ser assediado pelo mercado europeu. O West Ham, da Inglaterra, foi um dos clubes que tentou a contratação da então joia argentina, mas não conseguiu efetivar.


Foto: Divulgação / River Plate

Foi o Wolfsburg, da Alemanha, que fez a melhor oferta ao River Plate e conseguiu concretizar a contratação para a temporada 2003/2004. Os alemães desembolsaram cerca de 11 milhões de dólares para contar com a principal joia do Monumental de Núñez.

As experiências na Europa

Foi assim que, aos 22 anos, D’Alessandro teve sua primeira experiência na Europa. Foram três temporadas e 74 partidas, com 12 gols marcados. Na passagem pelo futebol alemão, ajudou os Lobos a fazerem a melhor campanha na Bundesliga até então.

Na metade da temporada 2005/2006, “El Cabezón” foi emprestado ao Portsmouth, da Inglaterra. Durante seis meses, disputou 13 jogos e marcou apenas um gol, evitando o rebaixamento do clube na Premier League. Mesmo com a curta passagem na terra da rainha, D’Ale virou ídolo de infância de um garoto à época: Mason Mount, que viria a se tornar um dos grandes jogadores do futebol mundial pelo Chelsea, campeão da Champions League na temporada 2020/2021.

Na temporada 2006/2007, D’Alessandro foi emprestado ao Real Zaragoza, da Espanha. Era o terceiro e último mercado europeu em que o meia argentino atuaria. Ao lado de grandes jogadores, como Gabriel e Diego Milito, Pablo Aimar e o espanhol Juanfran, “Los Branquillos” conquistaram a 6ª colocação na Liga Espanhola.

Com as boas atuações, D’Ale foi comprado pelo Zaragoza junto ao Wolfsburg. Porém, o bom desempenho da temporada anterior não foi repetido em 2007/2008. Após discussão com os próprios companheiros, D’Alessandro foi emprestado ao San Lorenzo. Voltaria à Argentina após cinco anos. Foram 59 partidas e sete gols marcados pelo clube espanhol.

Ouro Olímpico e vice-campeão da Copa América

O sucesso inicial na carreira o credenciou a ser convocado para a seleção argentina. Com a camisa albiceleste, D’Alessandro viveu dois momentos marcantes: o ouro olímpico em Atenas e o vice-campeonato da Copa América, ambos em 2004.

Entre junho e julho, a Copa América aconteceu no Peru. A final foi disputada entre Brasil x Argentina. D’Alessandro entrou no segundo tempo, no lugar de Lucho González. Os argentinos venciam por 2 a 1 até os acréscimos, mas viram Adriano empatar a decisão e levar para os pênaltis. O então camisa 10 participou das penalidades e teve sua cobrança defendida por Júlio César. A Argentina foi derrotada pela Seleção Brasileira por 4 a 2 e ficou com o vice-campeonato.

Um mês depois, a redenção. Em agosto, a seleção argentina chegava como uma das favoritas a conquistar o ouro olímpico em Atenas. Com jogadores como Ayala, Heinze, Mascherano, Lucho González e Tevez, os comandados de Marcelo Bielsa não tomaram conhecimento dos adversários e chegaram à conquista das Olimpíadas: seis jogos e seis vitórias, com 17 gols marcados e nenhum sofrido.


Foto: Divulgação / AFA 

Na seleção principal da Argentina, além de disputar a Copa América de 2004, o meia foi convocado para amistosos e jogos das Eliminatórias para a Copa de 2006. Porém, teve uma grande frustração: não conseguir disputar uma Copa do Mundo.

San Lorenzo: a volta para a América do Sul

Após passagem pelo Zaragoza, D’Alessandro retornou ao futebol Sul-Americano em 2008. Mais precisamente para o futebol argentino: o San Lorenzo, no ano do centenário do clube. Era a grande contratação para a disputa da Libertadores.

Durante a passagem pelo “Ciclón”, uma partida em especial ficou marcada: contra o ex-clube River Plate, na fase de oitavas de final da Copa Libertadores da América. Após vencer sob seus domínios, no Nuevo Gasómetro, por 2 a 1, o San Lorenzo foi decidir a vaga no Monumental de Núñez, um lugar especial para D’Ale.

Os Millonarios abriram 2 a 0 e estavam com dois jogadores a mais. Tudo parecia liquidado. Só parecia. Mesmo com nove homens em campo, a equipe de Almagro buscou o empate por 2 a 2, com dois gols de Bergessio e uma assistência de D’Alessandro, e garantiu classificação para encarar a LDU, do Equador, nas quartas de final. A eliminação do San Lorenzo viria nos pênaltis para os equatorianos, que conquistariam a América naquele ano.

Foto: FotoBaires / Divulgação / Arquivo CP

O confronto no Monumental de Núñez foi importante para o futuro de D’Alessandro. Isso porque Fernando Carvalho, presidente do Inter nas conquistas da Libertadores e Mundial em 2006, estava acompanhando aquele jogo e a grande atuação do camisa 10 chamou atenção. Carvalho já conhecia o meio-campista e tinha admiração pelo seu futebol. Meses depois, quando retornou ao Colorado na condição de vice de futebol, o dirigente foi peça fundamental, ao lado do investidor Delcir Sonda, na contratação de "El Cabezón".

Rápida idolatria, títulos e história em Gre-Nais 

D’Alessandro chegou para a sua primeira passagem pelo Inter no dia 30 de junho de 2008. O meia argentino desembarcou no aeroporto Salgado Filho com a difícil missão de substituir o ídolo Fernandão, que havia deixado o Beira-Rio para atuar no futebol árabe.

A qualidade com “la surda”, aliada ao perfil sanguíneo e o sucesso em Gre-Nais foram primordiais para D’Alessandro cair nas graças do torcedor colorado. O argentino escolheu o número 15 para iniciar a trajetória em Porto Alegre. A estreia foi no clássico Gre-Nal disputado pela Copa Sul-Americana no Beira-Rio, que terminou empatado por 1 a 1. O primeiro gol pelo clube aconteceu no dia 14 de agosto, em vitória do Inter contra o Botafogo por 2 a 1, no Nilton Santos. 

No terceiro Gre-Nal disputado, D’Ale deixou a sua marca e ainda distribuiu duas assistências. Foi o grande destaque da partida. A partir de então, o argentino marcaria a história dos clássicos como um dos grandes carrascos do Grêmio. Ao longo de todo o tempo no clube, o meio-campista disputou 40 Gre-Nais, com 16 vitórias, 13 empates e 11 derrotas. Aproveitamento de 51%.

Foto: Jackson Zenziani / Arquivo CP

A primeira conquista foi no mesmo ano da chegada, em 2008. Ao lado de Bolívar, Índio, Guiñazú, Alex e Nilmar, D’Alessandro foi figura importante na conquista da Copa Sul-Americana diante do Estudiantes, da Argentina. O meia contribuiu com dois gols ao longo da campanha, além de ter cobrado o escanteio que resultou no gol do título, marcado por Nilmar na prorrogação da final no Beira-Rio.

Ao longo da primeira passagem, da metade de 2008 ao início de 2016, D’Alessandro conquistou 11 títulos, entre eles: a Copa Sul-Americana (2008), a Libertadores (2010) e a Recopa Sul-Americana (2011). Foram sete campeonatos gaúchos (2009, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015 e 2016), além de uma Recopa Gaúcha (2016). Ele disputou 341 partidas, com 76 gols marcados.

Foto: Fabiano do Amaral / Arquivo CP

Em 2010, o argentino foi escolhido o “Rei da América” pelo jornal “El País”, do Uruguai, pelo o que fez na conquista da Libertadores com o Colorado. Era o título que D’Ale almejava desde os tempos de River Plate.

Outro fato importante de D’Alessandro na idolatria que construiu no Inter aconteceu no dia 6 de abril de 2014. Na ocasião, o meia entrou para a história ao marcar o primeiro gol da reinauguração do “novo” Beira-Rio, em vitória contra o Peñarol, do Uruguai, por 2 a 1. O segundo gol dos mandantes no amistoso também foi marcado por “El Cabezón”. No final daquele ano, com a identificação que criou com Porto Alegre, D’Ale criou o “Lance de Craque”, evento beneficente que reuniu diversos craques do futebol mundial. A renda arrecadada foi repassada para instituições de caridade da Capital. A sexta e última edição ocorreu em 2019. 

Foto: Fabiano do Amaral / Arquivo CP

Para a surpresa dos torcedores colorados, no dia 3 de fevereiro de 2016, D’Alessandro foi emprestado ao River Plate.

Retorno às origens

Na volta ao Monumental de Núñez, D’Ale conquistou dois títulos: a Recopa Sul-Americana e a Copa Argentina. Foram 30 partidas disputadas e cinco gols marcados.

Foto: Divulgação / River Plate / Arquivo CP

Em Buenos Aires, o jogador foi comandado por um velho conhecido: Marcello Gallardo. Na apresentação, D’Alessandro falou do carinho que tem pelo River Plate e não escondeu a emoção de retornar ao clube que o formou para o futebol. No final de 2016, com a queda do Inter para a Série B do Brasileirão, o meio-campista decidiu por retornar ao Beira-Rio e ajudar o clube gaúcho na caminhada para voltar à elite do futebol brasileiro.

Segunda passagem com acesso à Série A, vice-campeonato da Copa do Brasil e despedida no Beira-Rio

Aos 35 anos, D’Alessandro retornou ao Colorado com um objetivo muito claro para a temporada 2017: recolocar o clube na Série A do Brasileirão. E conseguiu. 

Antes, porém, o argentino conquistou o último título com a camisa colorada: a Recopa Gaúcha contra o Ypiranga, em Erechim. O Inter ainda ficou no “quase” no Campeonato Gaúcho ao ser derrotado pelo Novo Hamburgo nos pênaltis e o próprio camisa 10 desperdiçou uma penalidade.

Depois de um início irregular no Brasileirão da Série B, o Inter conseguiu crescer na competição e encaminhar o retorno à elite do futebol brasileiro com o vice-campeonato, atrás apenas do América-MG. D’Alessandro disputou 31 jogos da campanha, com cinco gols marcados e dez assistências distribuídas. O meia argentino foi um dos principais responsáveis pelo acesso.

Foto: Ricardo Duarte / Inter / Arquivo CP

Após um bom Campeonato Brasileiro de 2018, com a terceira colocação, o Inter de Odair Hellmann chegou em uma final no cenário nacional em 2019: a Copa do Brasil. Para o azar de D’Alessandro, ele sofreu uma lesão muscular e não pôde estar em campo no jogo de volta da final contra o Athletico-PR. O Colorado não conseguiu reverter a desvantagem do jogo de ida, derrota por 1 a 0, e para piorar: voltou a perder para o Furacão por 2 a 1, no Beira-Rio. Sendo assim, ficou com o vice-campeonato da competição.

Com a chegada de Eduardo Coudet em 2020, D’Ale foi perdendo espaço na equipe e virou um “reserva de luxo” do Inter. Na campanha do vice-campeonato brasileiro, o camisa 10 disputou 20 partidas e não marcou nenhum gol. Já no final daquele ano, que coincidiu com o início da pandemia da Covid-19, o camisa 10 anunciou que não renovaria contrato com o clube e sairia ao final da temporada.

Em meio à segunda passagem pelo Beira-Rio, o meia argentino naturalizou-se brasileiro. Após 12 anos vivendo em Porto Alegre, o ídolo colorado conseguiu a dupla nacionalidade no dia 17 de setembro.

No dia 19 de dezembro, D’Alessandro realizou a sua despedida, que não foi definitiva, do Inter na vitória diante do Palmeiras por 2 a 0. Em um Beira-Rio completamente vazio por conta da pandemia, o argentino foi colocado pelo técnico Abel Braga aos 41 minutos do segundo tempo, quando o jogo já estava decidido. Após a partida, com a presença da família no gramado, ele recebeu homenagens e se emocionou.

D’Alessandro alcançava a marca de 517 jogos com a camisa colorada, o terceiro jogador com mais partidas pelo Inter. Com 95 gols e 113 assistências.

Foto: Ricardo Duarte / Inter / CP

Passagem rápida pelo Nacional

A saída do Colorado não significou o encerramento da carreira. Aos 39 anos, o meia argentino seguiu seus passos no futebol em Montevidéu, no Uruguai, pelo Nacional em 2021.

Pelos “Bolsos”, D’Ale disputou 30 jogos, com um gol marcado e um título conquistado: a Supercopa Uruguaia. Entre as competições disputadas pelo Nacional: Libertadores e Copa Sul-Americana, além de Campeonato Uruguaio e Supercopa Uruguaia.

Último gol tinha de ser Colorado

D’Alessandro escolheu o Inter para encerrar a carreira do futebol. No dia 8 de janeiro de 2022, o Colorado anunciou a terceira passagem do ídolo pelo Beira-Rio, com contrato até o final de abril. Nesse pouco tempo, D’Ale disputou 11 jogos e marcou um gol. 

O último gol de "El Cabezón" não poderia ser diferente: com a qualidade da canhotinha. No retorno ao Beira-Rio, no dia 29 de janeiro, o camisa 10 entrou na segunda etapa da partida contra o União Frederiquense pelo Gauchão. Aos 38 minutos, em cobrança de falta da entrada da área, bateu com categoria no canto direito do goleiro, que ainda resvalou na bola, mas não evitou que ela entrasse. A noite terminou com festa do argentino junto à torcida no estádio.

Foto: Ricardo Duarte / Inter / CP

Revelado pelo River Plate, o argentino Andrés Nicolás D’Alessandro não imaginava tamanha idolatria que teria em um país vizinho, o Brasil. No Beira-Rio, ele é visto por muitos torcedores como um dos três maiores ídolos da história do Sport Club Internacional ao lado de Paulo Roberto Falcão e Fernandão. Ao todo, são 528 jogos com a camisa colorada e 96 gols marcados, além de 113 assistências. É o segundo jogador que mais entrou em campo pelo clube. Atrás apenas de Valdomiro, que soma 803 partidas.


Trajetória no futebol:

2000 – River Plate-ARG
2003 – Wolfsburg-ALE
2006 – Portsmouth-ING
2006 – Zaragoza-ESP
2008 – San Lorenzo-ARG
2008 – Internacional
2016 – River Plate-ARG
2017 – Internacional
2021 – Nacional-URU
2022 – Internacional

Conquistas:

Campeonato Argentino – Clausura (2000, 2002 e 2003)
Seleção das Américas – Jornal El País (2001, 2002, 2008 e 2010)
Medalha de Ouro nos Jogos Olímpicos (2004)
Copa Sul-Americana (2008)
Copa Suruga Bank (2009)
Campeonato Gaúcho (2009, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015 e 2016)
Copa Libertadores da América (2010)
Recopa Sul-Americana (2011 e 2016)
Melhor jogador das Américas – Jornal El País (2010)
Bola de Bronze do Mundial de Clubes (2010)
Prêmio EFE – Melhor estrangeiro do Brasileirão (2013)
Recopa Gaúcha (2016 e 2017)
Copa Argentina (2016)
Super Copa Uruguai (2021)


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