Eliminação do Inter na Sul-Americana tem "cascudos" abaixo da média e sugere mudanças

No final da noite dessa quinta-feira, o Inter contabilizou um novo vexame na atual temporada. Depois de ficar de fora das finais do Gauchão e ser eliminado pelo Globo na Copa do Brasil, o Colorado naufragou na Copa Sul-Americana para o Melgar, de Peru. A dura queda sofrida dentro de um Beira-Rio lotado teve jogadores "cascudos" como protagonistas, uma vez que Edenilson, de atuação fraca, ainda errou uma cobrança na decisão por pênaltis. Alan Patrick, sem força, aguentou até  15 minutos do segundo tempo e Taison frustrou a torcida quando pouco fez na etapa complementar. 

"O que o Inter sofreu ontem foi um nocaute. E agora é preciso ver como o grupo irá reagir. A verdade é que o Inter não mereceu passar. Deveria ter matado o jogo no primeiro tempo. Na segunda etapa teve chance de fazer o jogo que mais gosta, de transição, e não conseguiu encaixar. Assassinou contra-ataques. O time teve atletas que sumiram nas horas decisivas. Tudo bem errar um pênalti, mas a cobrança do Edenilson foi um escândalo. Taison errou tudo e mais um pouco e o Alan Patrick até pode ser o centro da equipe, mas precisa estar em condições físicas", analisou o comentarista da Rádio Guaíba Carlos Guimarães. 

Guimarães ainda chamou atenção para Pedro Henrique, que no momento decisivo foi quem assumiu uma postura combativa de tentar reagir diante das dificuldades do jogo. "Foi ele quem bateu no peito e chamou o jogo para si. Ainda bateu a penalidade de forma correta. Outros jogadores atuaram abaixo da média, como o De Pena, que está ficando claro que é um jogador de complemento. O Bustos esteve abaixo também. Talvez até tudo isso possa levar a uma reconsideração do conceito que trouxe o Inter até aqui", afirmou. 

Cáceda foi o principal nome do Melgar / Foto: Fabiano do Amaral 

Já o analista Cristiano Oliveira acredita que a eliminação do Inter pode ser explicada através de diferentes circunstâncias. O personagem principal, segundo ele, é Edenilson. "Perdeu a bola do jogo na partida de ida, cara a cara com o goleiro. Na volta, além da péssima atuação que teve, ainda perdeu um pênalti. No Peru, o goleiro Daniel levou o time nas costas, o que nunca é um bom sinal, visto que ficaram escancarados os problemas defensivos da equipe", considerou. 

Oliveira comentou que os problemas do Inter no jogo decisivo, no Beira-Rio, saíram da defesa e foram para outros setores. "O grande problema esteve no meio e no ataque, sobretudo na incapacidade do time no momento da finalização",  acrescentou. "É importante que não se faça terra arrasada. O elenco já mudou em relação aos últimos anos. Saíram Lomba, Heitor, Dourado, Patrick e tantos outros. Não dá para fazer uma reformulação geral a cada eliminação. É hora de ter calma e ser racional, identificar quais ciclos terminaram e quem ainda pode render frutos ao clube", salientou. 

O comentarista Gutieri Sanchez entendeu que o comportamento psicológico dos jogadores não é um dos problemas do Inter. "Eu discordo dessa premissa porque o Inter já teve contra si uma situação adversa contra o Colo-Colo e conseguiu virar. A questão mental naquele jogo foi fundamental. O cenário do jogo contra o Melgar era semelhante, mas o que me pareceu é que o Inter sentia que a classificação viria com mais facilidade. Acho que isso é que acabou mudando. Alguma coisa fez o Inter depositar muita confiança neste jogo para sair com a classificação", argumentou. 

Para Sanchez, dos três principais jogadores do Inter - Edenilson, Alan Patrick e Taison - o que mais preocupa é o camisa 7. "O Edenilson tem feito boas partidas ao longo do Brasileirão e o Alan Patrick vinha jogando bem, mas o Taison não tem uma atuação boa há muito tempo. Eu até não colocaria os três em uma mesma situação, embora todos tenham ido mal ontem. O Edenilson realmente se apaga em momentos decisivos e o Alan Patrick tem sentido a falta de ritmo porque recém retornou ao time", acrescentou. 

Explicações e lamentações no lado vermelho 

Apontado como um dos principais responsáveis pela eliminação do Inter, Edenilson foi aos microfones para prestar esclarecimentos ao torcedor, mas evitou falar em uma eventual saída. "Não sinto a passagem se abreviar. Trabalho para conquistar meu espaço, e assim consegui a condição de cobrador de pênalti. Acertando, errando. Tem que saber avaliar. Aceito a cobrança", resumiu. 

Edenilson disse que não se sente "perseguido", e que a torcida teve razão em protestar, desde que faça essa cobrança de forma pacífica. "Desde que não agrida o patrimônio do clube, é válido. Eles vêm potencial em mim para decidir jogos, mas infelizmente hoje eu não consegui", resumiu. 

Já Taison disse que está triste com a eliminação e admitiu que não vem jogando bem. "Jogar no Internacional é saber que vai ser cobrado. O clube é muito grande e a torcida está sentindo falta de conquistar coisas grandes. Estou muito triste com o que vem acontecendo e sei que a minha atuação está aquém do que eu posso demonstrar", colocou. 

Alan Patrick lamentou o péssimo desempenho nas cobranças de penalidades e admitiu que será uma desclassificação complicada de esquecer. "Lógico que, nas penalidades, fomos infelizes. É um momento difícil. É difícil pra nós, pros torcedores, digerir essa eliminação", afirmou.