Especial 50 anos do Beira-Rio: O melhor pior pênalti já batido na casa colorada
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Especial 50 anos do Beira-Rio: O melhor pior pênalti já batido na casa colorada

Série de reportagens sobre os 50 anos do estádio do Inter relembra o título da Copa do Brasil

Tiago Medina

De pênalti, Célio Silva marcou o gol que garantiu a quarta estrela para o Inter

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"Foi uma noite em que a gente pôde ficar acordado até mais tarde. Não recordo bem, mas lembro que o pai estava feliz e tinha fogos de artifício no céu.” A lembrança do publicitário Felipe Rodrigues, que muitos anos mais tarde viveria outras noites inesquecíveis no estádio Beira-Rio, é uma pequena amostra do êxtase em vermelho e branco que tomou conta de Porto Alegre naquela noite de 13 de dezembro de 1992. 

Haviam se passado 13 anos do tricampeonato do Brasileirão. E esses anos passaram com um nó na garganta. Quase campeão da Libertadores em 1980, quase campeão brasileiro em dois anos seguidos em 1987 e 1988. Quase. Tudo isso para ver o lado azul festejar troféus nunca antes celebrados nestes pagos. Aquela agonia, porém, teve se não um fim, uma pausa naquela noite de verão, graças a um gol de pênalti, que fez o Inter costurar a quarta estrela sobre o seu distintivo: a Copa do Brasil.

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Chegar até ali já não tinha sido fácil. No caminho, classificações sobre Corinthians e Palmeiras, além de uma decisão nos pênaltis com ninguém menos que o Grêmio. Partidas que foram prefácio para aquele jogo em que o Beira-Rio recebia mais de 45 mil almas ansiosas. O ápice daquele momento, porém, começou três dias antes, quando Caíco fez o gol no primeiro jogo da final, vencido pelo Fluminense por 2 a 1, nas Laranjeiras – o único revés da campanha. “Aquele gol deu a condição de a gente ganhar de 1 a 0 aqui”, recorda o ex-meia atacante colorado e hoje auxiliar técnico do grupo profissional do Inter. O gol marcado fora de casa, apesar da derrota, assegurou a tranquilidade ao grupo. “Todo mundo estava numa expectativa, após tantos anos sem um título nacional. E sabíamos da importância que aquele título teria e de disputar uma Libertadores no ano seguinte”, completa. O técnico do Inter na época, Antônio Lopes, corrobora com a expectativa daqueles dias: “Dentro do nosso ambiente, o time, o clube, nós estávamos em um clima muito bom e em uma ansiedade muito grande. A gente tinha na cabeça que o Inter poderia ganhar aquele título, como acabou ganhando”, afirma. 

A bola enfim rolou às 19h naquele domingo de Beira-Rio lotado. O time carioca sagraria-se campeão com qualquer empate. Para o Inter, era necessário vencer para ficar com a taça. Passou o primeiro tempo e o zero manteve-se inalterado no placar. “O jogo foi muito nervoso e pegado. O Fluminense tinha uma boa equipe, com zagueiros com fama de chegar junto e diminuir a marcação”, descreve Caíco. “O papo era continuar em cima do adversário. Era continuar em cima que iria sair o gol. Foi uma dica para a gente seguir em cima”, enfatiza o ex-jogador. Passaram-se dez, vinte, trinta minutos e nada de bola na rede. Mas a confiança seguia. “Eu me recordo de algumas situações daquele jogo, da torcida apoiando, do Célio Silva empurrando o time, para continuar com a mesma pegada. Nós tínhamos a certeza que ia sair de alguma forma”, lembra.

O drama já se arrastava aos 41 do segundo tempo, até que Pinga foi derrubado na área. Pênalti e confusão em campo. Até os ânimos acalmarem-se, o cronômetro avançara mais dois minutos. Mas quem bateria? O artilheiro Gérson seria o cobrador natural, mas ele já não estava mais em campo. Marquinhos? Maurício? Daniel Franco? Não. Quem pegou a bola foi o zagueiro Célio Silva. Aqui corre uma lenda de que ninguém queria bater. O mito é desmentido pelo técnico Antônio Lopes, que mais de duas décadas depois, respalda a confiança no então capitão. “Eu sempre determinava na própria preleção quem bateria, era um costume meu. Dava três opções”, explica o treinador, que, na conversa com o Correio do Povo, fez questão de enaltecer o estilo do zagueiro. “O Gerson era meia força e colocado, o Marquinhos sempre colocado. O Célio sempre batia forte”, detalha. “Ele não dava muita chance para o goleiro, porque dificilmente o goleiro chegava para defender”, diz. “Ele batia forte pra cacete.” Caíco, contudo, já não tinha a mesma confiança do ex-chefe. Era um momento extremamente nervoso também para quem estava no campo: “Ele tomou a iniciativa. O Célio pegou a bola e disse que iria bater e nos restou apenas rezar”. Não por acaso, as câmeras de televisão captaram Pinga no momento da cobrança justamente rezando. De costas para o gol.

Aos 43 minutos do segundo tempo, em um estádio repleto de torcedores aos gritos, Célio Silva ajeitou a bola. Línguas maldosas dizem até hoje que foi o melhor pior pênalti cobrado no Beira-Rio. Chute forte, grama e cal voando. No entanto, o mais importante: goleiro de um lado e bola no fundo das redes. Bem, talvez o próprio concorde com a afirmação sobre a cobrança. “Depois que o Célio saiu do clube, joguei com ele no Atlético-MG. E brincava com ele perguntando se ele ainda tinha aquele pedacinho de grama do Beira-Rio. Ele dizia que se acertasse iria mandar a bola no Gigantinho”, revela Caíco. “A bola entrou e nos coroou com o título.” 

Do nervosismo à euforia, ainda hoje aquele título ressoa na memória de Antônio Lopes, que exalta o papel das arquibancadas naquela noite: “A torcida do Inter é fervorosa, ajuda muito. Sempre foi assim e continua sendo. Inclusive naquela competição”, conta. “Armamos um time excepcional, fomos aglutinando grandes jogadores que não estavam uma boa fase, mas durante a campanha foram melhorando”, acrescenta ele. Até chegar à quarta estrela em um Beira-Rio lotado: “Estádio faz diferença”. 


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