Especial 50 anos do Beira-Rio: quando o Gigante sediou a Copa do Mundo
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Especial 50 anos do Beira-Rio: quando o Gigante sediou a Copa do Mundo

Em 2014, estádio colorado vestiu outras cores ao sediar cinco partidas pelo Mundial

Cristiano Munari

Beira-Rio foi palco da partida entre Argentina e Nigéria pela Copa do Mundo de 2014

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Palco de algumas das maiores vitórias do Inter e de grandes jogos da Seleção Brasileira, o Beira-Rio se tornou mundialista em 2014. O estádio colorado foi a sede do Rio Grande do Sul na Copa do Mundo realizada no Brasil. Um dos momentos mais marcantes do Mundial no Gigante ocorreu na partida entre Argentina e Nigéria pela última rodada da fase de grupos, quando não apenas o Beira-Rio, mas Porto Alegre viveu uma verdadeira invasão argentina. De acordo com as autoridades, foram cerca de 120 mil hermanos na Capital no dia do jogo, mais que o dobro da capacidade do estádio. Mesmo sem ingressos, milhares de pessoas saíram do país vizinho pelo sabor de pelo menos estar na cidade que receberia a partida da sua seleção.

Na arquibancada, o que se viu foi algo inimaginável. O estádio colorado ficou todo em azul e branco naquele 25 de junho. O Beira-Rio recebeu nesse dia seu maior público na Copa do Mundo, com 43.285 torcedores, o que naquele momento era um recorde após a reforma feita para receber o Mundial. Dentro de campo, a empolgação dos torcedores foi recompensada. Maior jogador desse século, Lionel Messi fez no Beira-Rio sua melhor atuação em partidas de Copa do Mundo. O camisa 10 argentino marcou dois gols – única vez que fez isso em um jogo de Mundial – ainda no primeiro tempo. Um deles foi um golaço de falta.

Ahmed Musa, também duas vezes, chegou a empatar para a Nigéria, mas Marcos Rojo anotou no segundo tempo o tento que garantiu a vitória e o 100% de aproveitamento da Argentina na primeira fase da Copa. Após o jogo, Messi, ainda no gramado do Beira-Rio, destacou o momento especial vivido em Porto Alegre. “Foi muito bonito, me senti como se estivesse em casa. Tem essa proximidade com a Argentina e foi lindo receber toda essa homenagem da torcida”, afirmou o craque.

Morador de Porto Alegre desde 1998, Alfredo Enrique Navarro, de 42 anos, foi um dos argentinos presentes no Beira-Rio naquele Argentina 3 x 2 Nigéria. “Me senti realmente em casa com o estádio cheio de argentinos. Foi uma experiência única. Tenho as melhores recordações desse dia. Fui com meu irmão, meu filho, cunhado e sobrinhos. Foi um dia inesquecível em que me senti como se estivesse na Argentina”, afirmou Navarro, que é proprietário de um bar com temática futebolística na Capital.

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O jogo contra a Nigéria no Beira-Rio ainda marcou uma mudança importante para a caminhada da Argentina no Mundial. Nessa partida, Sergio Agüero sofreu uma lesão muscular que fez o técnico Alejandro Sabella mudar a formação tática da equipe. Sem Agüero, o treinador abriu mão do sistema com três atacantes e passou a montar o time no 4-4-2. Mais protegida defensivamente, a seleção argentina, que havia sofrido três gols nos três jogos da fase de grupos, avançou no mata-mata até a final sem ter a defesa vazada. A Argentina só voltou a sofrer gol nos minutos finais da prorrogação da decisão, quando Mario Götze balançou as redes no Maracanã e garantiu o tetracampeonato mundial para a Alemanha.

Cinco jogos

O Beira-Rio recebeu ao todo cinco jogos na Copa do Mundo. Outro momento histórico ocorreu na estreia do estádio no confronto entre França e Honduras. Essa partida foi a primeira da história dos mundiais a ter um gol validado com ajuda eletrônica. Aos 2 minutos do segundo tempo, o francês Karim Benzema chutou na trave e a bola ultrapassou a linha na tentativa do goleiro Noel Valladares de fazer a defesa. O gol acabou confirmado pelo árbitro brasileiro Sandro Meira Ricci com auxílio da tecnologia do chip na bola. A campeã do mundo Alemanha também esteve no Beira-Rio.

Pelas oitavas de final, os alemães sofreram para bater a Argélia por 2 a 1 na prorrogação. A seleção argelina havia jogado no estádio colorado antes, em um animado 4 a 2 sobre a Coreia do Sul pela fase de grupos. A outra partida da Copa no Gigante foi a vitória de 3 a 2 da Holanda sobre a Austrália – que ficou marcada por um golaço do australiano Tim Cahill, um dos mais bonitos do Mundial.

Para receber a Copa do Mundo, o estádio colorado passou por uma reforma que causou uma forte divisão interna no Inter. O grupo que comandou o clube nos grandes títulos dos anos 2000, incluindo o Mundial de Clubes e duas Libertadores da América, rachou na discussão sobre a construção da obra. Presidente no início da obra, Vitorio Piffero era defensor da remodelação do estádio com recursos próprios do clube. No entanto, seu sucessor, Giovanni Luigi, foi favorável a fazer uma parceria com uma empreiteira. “Não apenas o Inter, mas nenhum clube brasileiro tem condições de fazer uma reforma desse tamanho ou construir um estádio com recursos próprios”, diz Luigi ao recordar aquela discussão.

Com apoio do Conselho Deliberativo, o dirigente conseguiu a aprovação para a parceria e abriu uma licitação para a reforma, vencida pela Andrade Gutierrez. No entanto, o processo acabou sendo mais complicado que o esperado. Entre a aprovação da construtora e a assinatura do contrato foram nove meses com a obra parada. “Sem dúvidas esse foi o momento mais difícil. Lembro que tinha uma visita marcada com o Ministro dos Esportes (Orlando Silva) e nós não tínhamos nada de novo para mostrar porque a obra estava quase um ano parada”, lembra Luigi.

O Inter teve de jogar fora de Porto Alegre durante todo o ano de 2013 em razão da reforma. Ao todo, foram 447 dias longe do Beira-Rio, período em que o clube teve prejuízos financeiro e técnico – o Colorado chegou a correr risco de rebaixamento no Brasileirão de 2013. “Nós pagamos para jogar em Caxias do Sul (Inter também mandou jogos em Novo Hamburgo). Foi um momento muito difícil para o clube ter que ficar longe do Beira-Rio.

A nossa casa sempre foi um fator decisivo para o Inter e sentimos muito a falta dela”, destaca o ex-presidente colorado. Apesar das dificuldades, Luigi acredita que o esforço valeu a pena. “O Inter tem um estádio de primeiro mundo que é dele. Podemos desmarcar um jogo e remarcar em outro dia, treinar nele. Ninguém define quando o Inter pode usar o Beira-Rio, isso é de nossa autonomia”, diz, com orgulho, o ex-dirigente.


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