Especial Beira-Rio: A façanha jamais repetida por ninguém
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Especial Beira-Rio: A façanha jamais repetida por ninguém

Conquista do tri do Brasileirão, em 1979, aconteceu de forma invicta, algo nunca repetido por outro time

Rafael Peruzzo

Última vez que o Inter foi campeão do Brasileirão foi no ano de 1979, quando bateu o Vasco por 2 a 1 na decisão. Na foto, Jair marcando o primeiro gol.

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Pode ser que algum time do país venha a conquistar o Campeonato Brasileiro sem perder uma partida sequer. Porém, desde que a competição foi criada pela CBF, até hoje ninguém igualou o feito do Inter em 1979. O torcedor colorado é o único que pode se vangloriar de ter sido campeão invicto. Se a década de 1970 já era a mais vencedora do clube até então, ficou ainda mais brilhante com a terceira estrela na camisa. 

O que talvez os torcedores mais novos desconheçam é que o Inter de 1979 teve de passar por uma crise antes de levantar a taça sem saber o que é perder. A campanha no Gauchão daquele ano foi frustrante. Eliminado com várias rodadas de antecedência, o clube promoveu a troca de treinador e trouxe Ênio Andrade para o lugar de Zé Duarte. “A nova comissão técnica começou a colocar os garotos para jogar nas rodadas finais, já que o time não se acertou no Gauchão. Escolheram cinco jovens da base para fazer parte do grupo que iria jogar o Brasileirão, eu estava entre eles”, conta o ex-zagueiro Mauro Galvão, na época com apenas 18 anos.

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O Brasileirão de 1979 teve o recorde de 94 participantes. A campanha colorada somou 16 vitórias e sete empates, com 40 gols pró e apenas 13 contra. “O Inter tinha uma base de outros anos, vinha de dois títulos brasileiros, partia de alguma coisa, não era um time novo. Para mim isso foi fundamental, entrei em um time que tinha Batista, Falcão e Mário Sérgio”, comenta Mauro Galvão. O Inter foi avançando no campeonato sem grandes percalços com uma estratégia bem definida por Ênio Andrade: não se deixar influenciar pela questão da invencibilidade. “Nunca houve preocupação com a invencibilidade, não deixamos que isso virasse uma pressão para o grupo e não alimentamos isso. A gente queria chegar, ganhar, passar pelos adversários”, afirma Galvão. “O Inter era um time muito respeitado, principalmente pelos paulistas. Era um clube bicampeão em 1975 e 1976. A gente procurava dar tudo nos jogos fora de casa porque sabia que no Beira-Rio era muito complicado nos vencer”, conta o goleiro do Inter no título de 1979, José de La Cruz Benítez, o paraguaio Benítez.

A trajetória do Inter até a decisão daquele ano apresentou seu maior obstáculo na semifinal. Ênio Andrade e seus comandados teriam o Palmeiras pela frente. No primeiro jogo, em São Paulo, vitória por 3 a 2. “Eu defendi uma bola de cabeça do (meia) Jorge Mendonça que não esqueço até hoje”, relata Benítez. No Beira-Rio, com a vantagem, o Inter se deu ao luxo de empatar em 1 a 1. A vaga na final estava garantida. Na disputa pelo título, o Vasco, de Roberto Dinamite, era o adversário. “O nosso meio-campo em 79 era pura técnica com o Batista, Falcão, Mário Sérgio e eu. A gente se conhecia muito bem, não precisava nem olhar para saber onde o outro estava, sabia as características de cada um. O Inter tinha elenco. O seu Ênio Andrade montou um quadrado no meio-campo e eu acabei artilheiro do campeonato. Não é fácil ser meia-articulador e goleador”, diz o Príncipe Jajá, que em 1979 foi o goleador do Inter no Brasileirão.


 

Foto: José Doval / CP Memória

A primeira partida decisiva aconteceu no Maracanã. E o Inter entrou em campo sem Falcão e Valdomiro. Mesmo assim, derrotou o time carioca por 2 a 0, com dois gols de Chico Spina, o substituto de Valdomiro, e construiu uma vantagem significativa. “O 2 a 0 no Maracanã foi um placar muito forte, praticamente irreversível jogando contra um time como o nosso”, destaca Mauro Galvão. “Eu trabalhei muito naquele jogo. O Dinamite era um ‘cavalo’, um extraordinário jogador”, lembra Benítez. A grande final, no dia 23 de dezembro de 1979, contou com mais de 54 mil colorados no estádio Beira-Rio. “A torcida do Inter não existe igual. Eu lembro da Coreia (setor no qual o torcedor ficava em pé assistindo ao jogo), eu era apaixonado pela torcida”, diz Benítez. Mesmo com o 2 a 0 do Maracanã, o Inter não relaxou no Beira-Rio. “Nosso time era muito concentrado, você sentia um profissionalismo muito grande, ninguém brincava dentro de campo”, relata Mauro Galvão.

Aos 40 minutos do primeiro tempo, Mário Sérgio fez um lançamento primoroso para Bira, que desviou de cabeça e deixou Jajá livre de marcação, ele driblou o goleiro Leão e tocou para o fundo da rede: 1 a 0. Aos 12 da etapa final, Falcão aproveitou um rebote de Leão e bateu forte para abrir 2 a 0. O Vasco ainda descontou com Wilsinho. Era o terceiro título brasileiro que vinha coroar a década vitoriosa do Inter. Um time que está marcado como o único campeão nacional invicto. “O Inter de 79 era um time muito forte fisicamente e bem arrumado dentro de campo, dificilmente a nossa equipe tomava gols. Isso está ligado ao fato de o Ênio Andrade ser um estrategista, foi um dos melhores treinadores com quem eu trabalhei”, elogia Mauro Galvão. “Eu só tenho boas lembranças daquele time, ainda me dou bem com todo mundo, eu não poderia ter começado a minha carreira de uma forma melhor. Todos se ajudavam, o Falcão sempre vinha falar comigo, me orientava, foi tudo muito bom”, finaliza o ex-zagueiro.


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