COI critica duramente o Comitê Rio 2016 e diz que atletas estão "nervosos"
Organizadores admitem que estão cortando serviços diante de problemas financeiros
publicidade
Pela primeira vez em sete anos, o Rio 2016 falou de dificuldades jamais reveladas publicamente. Reconheceu que parte das obras só serão concluídas quando o evento já estiver em andamento e admite que está sendo obrigado a cortar serviços diante dos problemas financeiros.
A crise inédita às vésperas do evento explicitou a preocupação e insatisfação de muitos dos delegados estrangeiros. Um deles, ao jornal O Estado de S.Paulo, admitiu que "nunca havia vivido uma crise assim". Carlos Arthur Nuzman, presidente do Rio 2016, visivelmente nervoso, tentou minimizar o bombardeio de perguntas: "Foi menos do que eu esperava". O COI dedicou parte de sua reunião anual para ouvir o último informes do Rio 2016 sobre o evento. No lugar de um encontro tranquilo, a reunião mostrou a dimensão dos problemas.
Nuzman se recusou a falar de questões financeiras aos jornalistas e passou para a questão para o CEO do Rio 2016, Sidney Levi. O executivo literalmente correu dos jornalistas aos gritos: "Salve-me, salve-me". Levy foi parado pelo diretor de Comunicação da Rio 2016, Mario Andrada, alertando: "Isso aqui não é um circo. Vamos parar e responder às perguntas que temos de responder". Mesmo assim, o CEO foi vago nas respostas.
O presidente do COI, o alemão Thomas Bach, disse que "é prematuro fazer elogios e é cedo para comemorar". "Vemos as dificuldades", disse. Nesta quarta-feira, um a um, os membros do COI criticaram o Rio 2016. Para Pierre Beckers, membro da entidade, o problema central era o acesso ao Parque Olímpico. "Filas muito longas têm se formado, com espera de até 45 minutos. E nem começamos o evento. Isso poderá criar muita frustração", alertou um dos delegados.
Nuzman disse que o problema teria sido a troca da empresa que fariam o controle das máquinas de raio X e o uso da Força Nacional. "Essas perguntas precisam ser colocadas para quem tem essa função", disse. Nuzman ainda alertou que todas as delegações estavam avisadas de que a questão da segurança poderia atrapalhar.
Outra crítica é o trânsito. "Há muito tempo perdido, deixando atletas e treinadores nervosos. Eles precisamos chegar na hora para treinos e eventos", atacou. Para Denis Oswald, outro membro do COI, a questão da acesso precisa ser resolvida. "Tivemos muitas dificuldades para ter acesso. O trânsito é muito ruim", disse.
Leo Grinner, do Rio-2016, jogou a responsabilidade para a prefeitura do Rio. "Isso é uma operação da cidade", disse. Não faltaram críticas aos atrasos das instalações. "Apenas 15% dos cartazes e sinais estão instalados", disse Camiel Eurlings. "Quando é que isso vai ser completado?" O Rio-2016 explicou que, por falta de dinheiro, encomendou placas de uma empresa ucraniana que fabrica na China. Mas a entrega atrasou e, quando o material chegou, estava com problemas de dobras e brilhante, atrapalhando as imagens em todos os locais de eventos. "Algumas estão feias", admitiu Andrada. O Rio-2016 admitiu que algumas delas serão colocadas depois que o evento começar.
A crise é ainda financeira. Levy admitiu que, por conta dos problemas da Vila Olímpica, planos de contingência tiveram de ser estabelecidos. "Tem sido muito difícil equilibrar", reconheceu.