Fintech gaúcha descomplica e remodela mercado de investimentos

Fintech gaúcha descomplica e remodela mercado de investimentos

Warren Brasil usa inteligência artificial para alavancar adesão ao sistema fee-based. Neste ano, corretora digital atingiu R$ 2.5 bilhões de ativos sob gestão

Correio do Povo

Tito Gusmão, CEO da corretora digital de investimentos Warren Brasil

publicidade

Iniciada em 2014 como startup por brasileiros ao Norte da ilha de Manhattan, porém radicada em Porto Alegre, a Warren viu no Brasil um potencial enorme de possibilidades no mercado financeiro. À época, o país era visto no exterior como conservador e engessado em políticas no setor financeiro, na comparação com o formato do sistema nos Estados Unidos. A oportunidade chamou a atenção dos integrantes da então startup americana, que aproveitou uma nova instrução da Comissão de Valores Mobiliário (CVM), em 2016, e redirecionou os negócios para o território brasileiro. Quatro anos depois, a fintech gaúcha se consolida no setor com propostas de inovação tecnológica e crescimento em meio à crise, competindo com bancos e corretoras tradicionais.

A Warren Brasil é uma corretora digital de investimentos que, a partir do perfil do cliente, cria um planejamento específico e personalizado para cada usuário. O trabalho é feito com a utilização de algoritmos, que traçam o perfil do investidor, tolerância ao risco e coletam dados para elaborar sugestões ao usuário. De acordo com o CEO, Tito Gusmão, o sistema descomplica a relação com clientes, sem taxas de bancos ou intermediários e não oferece porcentagem sobre o investimento aos agentes. Com o slogan “Sem Conflito de Interesse” estampado, a Warren utiliza o sistema fee-based, popular nos EUA, e cobra 0,5% ao ano em cima do crescimento de patrimônio do cliente.

“Em todos os produtos disponíveis na Warren, a comissão volta 100% para o cliente. É como um sistema cashback. Esse é o modelo que os super ricos têm acesso. Nós o oferecemos às pessoas normais, democratizando o modelo de wealth management”, destaca Gusmão. Com matriz em Porto Alegre, a fintech quintuplicou o patrimônio sob gestão em apenas seis meses, de janeiro a junho deste ano, e agora conta com R$ 2,5 bilhões de ativos e cerca de 130 mil clientes. Parte deste crescimento é justificado pela queda da Selic para 2,25%. “É ruim falarmos que fomos beneficiados com a crise quando centenas de milhares de pessoas perderam a vida no país e no mundo. Mas fomos, sim, privilegiados neste momento. Temos um cenário otimista para o futuro, bem positivo. Se a taxa de juros continuar baixa por um tempo, entraremos em um processo de crescimento ainda maior no longo prazo”, analisa o CEO da Warren Brasil.

Em meio à pandemia, a Warren recebeu um aporte R$ 120 milhões por meio do fundo de venture capital QED Investors e deverá reverter parte do valor em expansão do negócio. No primeiro semestre de 2020, foram 100 novos colaboradores contratados, e a ideia é repetir a marca no segundo semestre. Outra parte do aporte financeiro será direcionado para negócios e produtos. Um deles é a nova plataforma Warren 3.0, que já está em fase de testes e tem 100 mil clientes na fila de espera. A ferramenta promete um fluxo de previdência mais eficiente, seguros e acesso direto à bolsa de valores, sem taxa de corretagem. A empresa também quer aprimorar a versão do Warren for Business, destinado a gestores de patrimônio, planejadores financeiros e consultores de investimento. “Existem muitas coisas que a máquina faz melhor que o ser humano. Isto é inegável. Ter tecnologia operacional é fundamental para qualquer empresa. Mas a relação humana é insubstituível, especialmente no mundo dos investimentos, onde o cliente vai abrir a vida para falar de sonhos e planos pessoais para o futuro”, pondera Gusmão. A Warren Brasil tem escritórios também em outras capitais, como São Paulo, Curitiba e Florianópolis e planeja desembarcar no Rio de Janeiro e Belo Horizonte em breve.



Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895