Universidades apostam em sistema “híbrido” e inovação pós crise

Universidades apostam em sistema “híbrido” e inovação pós crise

Instituições devem adotar educação on-line como pauta permanente em uma nova tendência para a educação superior no RS. Investimentos em startups como negócio devem aumentar

Correio do Povo

Transformação para um ambiente ainda mais digital deverá ser acelerada após a pandemia

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Aulas suspensas, corte de gastos, demissões, evasão de alunos, inadimplência. O setor de educação sofreu um duro golpe na crise pandêmica. A adaptação, porém, foi rápida e eficiente na maioria dos casos. Meses depois do primeiro susto, as universidades gaúchas se preparam para entrar num estado de recuperação, apostando em um ambiente universitário “híbrido” para a retomada das aulas no segundo semestre de 2020. No retorno às aulas, cuja data ainda é incerta, as organizações devem se deparar com uma série de mudanças. Aulas on-line, professores trabalhando de forma remota e eficiente, e campi praticamente vazios. Este deve ser o cenário pelo menos até o fim de 2020, conforme avaliam representantes de PUCRS, Unisinos e Feevale. O sistema híbrido de ensino, onde alunos ficam menos tempo em sala de aula, será adotado para a maioria dos cursos. As sessões presenciais serão mantidas, porém devem acontecer com menor frequência.

“Esta transformação para o mundo digital será muito forte a partir de agora. Vai acelerar um processo que ainda demoraria alguns anos. A educação, certamente, acontecerá de forma híbrida, com aulas on-line e presenciais”, aposta Jorge Audy, superintendente de inovação e desenvolvimento da PUCRS. “Os ambientes também deverão ser ressignificados. Acredito que haverá menos espaços físicos de 'escritório', digamos assim, e mais ambientes diferenciados, proporcionando uma experiência de interação, aliando o virtual ao real”, completa.

Investir em ambientes híbridos é uma certeza para o futuro das instituições, bem como a continuidade de projetos nos parques tecnológicos. De acordo com Suzana Kakuta, CEO do TecnoSinos, o momento é de redefinir estratégias e direcioná-las para o setor de inovação, oferecendo apoio permanente a startups nos campi. “Estamos vivendo um momento que tem muito a ver com tecnologia, com inovação. Está bem claro que temos de pensar em novas estratégias e novos produtos. E isso passa pelo crescimento do ecossistema, muito importante nesse processo”, avalia Suzana. No TecnoSinos, algumas startups em especial vêm se destacando, segundo Suzana. Uma delas é a Eagle Care, que desenvolveu um aplicativo para a área da saúde dos municípios, pelo qual as pessoas podem agendar consultas, fazer teleatendimentos e marcar exames. Outro exemplo é a Saipos, empresa que desenvolveu um aplicativo para otimizar a gestão de restaurantes e facilitar o relacionamento com aplicativos de entrega. “Alguns formatos ficaram para trás, outros estão em transformação ou devem nascer já com uma nova cara. Não voltaremos a consumir da mesma maneira como sociedade. O novo normal é embarcado em tecnologia, não há como fugir disto”, ressalta a CEO do TecnoSinos.

Em março, um estudo divulgado pela Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão do Rio Grande do Sul revelou um aumento de três para 14 parques tecnológicos no Estado em apenas cinco anos (confira nas imagens ao lado os parques e polos tecnológicos, incubadoras). O levantamento aponta que são cerca de 300 empresas gerando mais de 10 mil empregos no setor. Alinhado ao mesmo pensamento está José Renato Hopf, CEO da 4all, um hub de empresas digitais que atuam no modelo de plataforma, instalado no TecnoPUC. Além de apostar todas as fichas como negócio do futuro, ele acredita que os produtos oferecidos estão cada vez mais acessíveis ao mercado. “Parece que houve um despertar das pessoas, especialmente dos nossos clientes. Muita gente pensava que investir em tecnologia é uma coisa rara, que demanda muitos recursos. Na verdade, não é bem por aí, é um pensamento ultrapassado. Projetos de soluções digitais, geralmente, são bem acessíveis dependendo do tamanho, claro”, destaca. Hopf ressalta que a 4all está desenvolvendo diversos projetos dentro da cultura data-driven, que significa em linhas gerais tomar decisões, criar produtos e oferecer soluções para empresas com base em dados. Segundo ele, a 4all também está trabalhando de forma mais significativa com o setor de entrega de comida e marketplaces, que são plataformas para venda de produtos.

O Feevale Techpark também se sobressai quando o assunto é tecnologia. De acordo com o reitor da Feevale, Cleber Prodanov, a Nanoplus é um exemplo de sucesso dentro do parque. A startup desenvolve pesquisas e produtos inovadores e funcionais em nanotecnologia. O Techpark também é casa para a Dublauto, empresa que atua na produção de componentes para calçados e vestuário, também com ênfase em nanotecnologia para tecidos. Prodanov exalta a importância das startups e de se investir em tecnologia, mas avalia que as universidades também precisam pensar mais no aspecto financeiro de seus alunos, facilitando o acesso aos cursos. “Temos de pensar em diversos segmentos que possam sofrer alteração. Para atrair mais alunos, há uma necessidade de facilitar as ferramentas de acesso à universidade. Acredito que deveremos pensar em novas formas de financiamentos, incentivos, e fomentar novas políticas públicas para o ensino superior”, afirma.

 



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