"Futebol não progrediu na questão das concussões cerebrais", diz sindicato de jogadores

"Futebol não progrediu na questão das concussões cerebrais", diz sindicato de jogadores

Denúncia ocorreu após retorno, considerado precipitado, do marroquino Noureddine Amrabat aos campos da Copa do Mundo

AFP

Noureddine Amrabat durante atendimento na partida contra o Irã

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"O futebol não progrediu o suficiente na gestão das concussões cerebrais", denunciou na quarta-feira a FIFPro, o sindicato mundial de jogadores, após considerar precipitado o retorno do marroquino Noureddine Amrabat aos campos da Copa do Mundo da Rússia. "Este é outro exemplo alarmante de um jogador em perigo. Amrabat voltou à ação muito cedo segundo as diretrizes médicas", protestou a FIFPro em um comunicado enviado à AFP. "Quatro anos depois do desastre da última Copa do Mundo, onde muitos jogadores não receberam o atendimento adequado, o futebol não progrediu o suficiente na gestão das concussões cerebrais", destacou o sindicato.

O marroquino Amrabat se viu obrigado a deixar o campo aos 27 minutos do segundo tempo na sexta-feira passada depois de um choque com um adversário na derrota por 1 a 0 para o Irã. De início, o médico marroquino deu alguns tapas em suas bochechas para despertá-lo, o que provocou uma enxurrada de críticas nas redes sociais. O médico do Marrocos, Abderazzak El Hifti, assegurou na terça-feira ter "respeitado ponto a ponto" as recomendações da Fifa. "Recebemos uma carta da Fifa que nos lembrava das recomendações a seguir (...) as respeitamos ponto a ponto, nossa intervenção foi correta", se defendeu o médico em um vídeo enviado à imprensa pela Federação Marroquina.

"Não sou médico"

Depois da partida, Amrabat passou a noite em observação em um hospital de São Petersburgo. O técnico da seleção marroquina descartou o jogador no sábado para a partida seguinte do Grupo B contra Portugal, nesta quarta-feira, em Moscou. As declarações do técnico chegaram antes de o médico assinalar no vídeo: "Amrabat está melhorando. Voltou aos treinos, disse a ele que teria uma semana de descanso (...) decidiremos (na quarta-feira) se poderá jogar ou não".

E Amrabat voltou a campo na quarta-feira na derrota por 1 a 0 para Portugal, e participou desta partida com uma proteção para a cabeça, mas que tirou durante o jogo. Jogou durante todo o tempo. Não seria perigoso? "Amrabat é um guerreiro, quis jogar, usou uma proteção durante a partida, seu espírito é incrível e estou feliz de ter um jogador assim", afirmou depois do jogo seu treinador, o francês Hervé Renard. "Não sou médico, os relatórios médicos são lidos por pessoas competentes, eu não sou, logo assumem suas responsabilidades e o jogador também assume as suas responsabilidades", explicou Renard.

Tapia não lembra de nada

Durante esta Copa do Mundo, o volante peruano Renato Tapia também recebeu uma pancada na cabeça no sábado, na derrota por 1 a 0 para a Dinamarca. No domingo, o jogador do Feyenoord declarou nas redes sociais: "Não me lembro de nada do que aconteceu (no sábado). Apenas que era um dia especial e amo ainda mais o meu país. É o tipo de experiência com a qual aprendemos". De acordo com um protocolo aprovado pela Fifa depois da Copa no Brasil, em 2014, marcada em particular pela concussão cerebral sofrida na final pelo alemão Christoph Kramer, o árbitro tem o poder de interromper uma partida por "até três minutos" nos casos de suspeita de concussão cerebral. "O árbitro não pode permitir que o jogador lesionado continue jogando até receber a permissão do médico da equipe, que terá a última palavra", disse a federação internacional.

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