Controle da inflação é novo desafio mundial após impactos da pandemia

Controle da inflação é novo desafio mundial após impactos da pandemia

Preços da energia exigem soluções conjuntas de ministros na Europa. Por aqui, perspectiva é vencer dificuldade antes de nações mais avançadas


Simone Schmidt

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Preços em alta afetaram o mundo inteiro, inclusive os países mais estáveis da Europa. A inflação tornou-se um desafio após dois anos de pandemia. Somada à crise sanitária - que já puxava o custo dos alimentos - combustíveis e energia elétrica completaram o quadro de encarecimento a partir das dificuldades de abastecimento que ficaram maiores com a ofensiva russa na Ucrânia. Para enfrentar esses desafios, ministros de energia da União Europeia (UE) se reuniram na Bélgica nesta semana para buscar soluções para a crise energética. As consequências são vistas não só na Europa, mas se espalham pelo planeta.

Dirigentes da União Europeia acreditam que o embargo ao petróleo e ao gás da Rússia deve fazer mais pressão sobre o presidente Vladimir Putin, mas pode afetar o bolso dos consumidores da região. Países como a Alemanha são muito dependentes do combustível russo. O preço do gás em toda a Europa já subiu 20%, e o uso do produto por lá é constante, sobretudo porque em regiões frias o aquecimento é uma necessidade, e o verão chegará somente na terceira semana de junho. No Brasil a crise energética que se espalha pelo mundo também puxa os preços e reflete sobre os alimentos. Entretanto, enquanto aqui o último Relatório Focus do Banco Central divulgado esta semana estima 7,89% em 2022 para o IPCA, em Portugal somente em abril foram 7,3% de inflação, conforme mostrou reportagem do Jornal da Record. E na esteira dessa alta, o peixe, um dos alimentos mais comuns entre os portugueses, subiu 20% em dois meses. O avanço de preços em geral medido pela UE chega a 7,5%.

A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, reitera que a inflação no mundo é puxada sobretudo pelos preços da energia, o que significa “grandes desafios para todos”. No Brasil, apesar de aumentos recentes na gasolina e no diesel, haveria expectativa de desaceleração de preços, já que a escassez hídrica que tomou conta do país em 2021 arrefeceu, o que permitiu voltar à tarifa da energia elétrica sem cobrança extra. Como vinham mostrando levantamentos do IBGE, a conta de luz era um dos fatores de peso na alta de preços, uma tendência que se modifica, já que os reservatórios das hidrelétricas voltaram a encher e não seria preciso usar a energia cara das termelétricas. Sair de um período seco também favoreceria a agricultura e permitiria menor custo nos alimentos.

Para conter a inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom), reunido nesta quarta-feira, deve acrescentar um ponto à Selic, o que elevaria a taxa a 12,75%. Segundo analistas, porém, com uma perspectiva de desaceleração de preços seria possível que o acréscimo a ser feito em junho na Selic fosse menor, de meio ponto ao invés de um. “No Brasil, estou convencido de que vamos derrubar a inflação antes das nações avançadas”, comentou recentemente o ministro da Economia, Paulo Guedes.


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