Anvisa incentiva vacinação e diz que benefícios superam riscos

Anvisa incentiva vacinação e diz que benefícios superam riscos

A agência destacou que o monitoramento de efeitos adversos é constante e que a sociedade será alertada sobre eventuais riscos

R7

Público de vacinação foi ampliado em Porto Alegre

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Em meio às falas de autoridades federais destacando a ocorrência de efeitos adversos das vacinas contra a Covid-19, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) emitiu uma nota, nesta quinta-feira, reiterando o papel da reguladora no monitoramento dos riscos e a recomendação pela medida preventiva contra a doença. 

Na nota, a agência detalha todo o procedimento de monitoramento contínuo de cada aplicação e quais as autoridades competentes por fazer os registros, análises e prestar as informações à sociedade. Quando um cidadão recebe a vacina contra a Covid-19, as autoridades locais devem inserir as informações no e-SUS Notifica (sistema gerenciado pelo Ministério da Saúde), bem como realizar a avaliação de causalidade dos eventos adversos pós-vacinação.

Na instância nacional, o Cifavi (Comitê Interinstitucional de Farmacovigilância de Vacinas e outros Imunobiológicos) realiza o papel auxiliar de investigação, análise, classificação segundo a causalidade, encerramento e validação de todos os casos de eventos adversos. O comitê é formado pela Anvisa, pela Secretaria de Vigilância em Saúde do ministério, por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI), e pelo INCQS (Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde). 

O laboratório responsável por cada vacina também tem o dever de manter a rotina de avaliação dos imunizantes. "A norma define, ainda, que qualquer alteração no equilíbrio entre os benefícios e os riscos de seus produtos deve ser informada imediatamente à Anvisa, inclusive novos dados que possam existir provenientes de estudos pós-registro", detalha a Anvisa, frisando que "os detentores de registro são responsáveis pelas ações de farmacovigilância." 

A agência tranquiliza a população ao ressaltar que "atua de forma ágil para que os eventos adversos pós-vacinais observados e que ainda não constam em bula sejam rapidamente incluídos nestes documentos, bem como para que os eventuais riscos sejam amplamente comunicados à população e aos profissionais de saúde, por meio das estratégias internacionalmente recomendadas." 

A nota vem em um momento em que as próprias autoridades governamentais têm ressaltado os riscos das vacinas, ao invés dos benefícios, sobretudo após a aprovação da Anvisa para o uso da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos. A apoiadores e nas últimas lives tradicionais de quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro tem reiterado que não irá vacinar a filha mais nova, de 11 anos

Nesta quinta-feira, o chefe do Executivo destacou os supostos efeitos colaterais da vacina e pediu para que pais e mães se atentem para isso. "Uma das questões que nós colocamos para que você, pai, tem que saber, é que a Pfizer não se responsabiliza por efeitos colaterais. E a própria Anvisa também diz que a criança pode sentir falta de ar e palpitações", disse, desconsiderando a responsabilidade da empresa no papel de monitoramento da vacina.

O próprio ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, mesmo anunciando a inclusão da faixa etária no PNO (Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra Covid-19), não fez recomendação explícita pela vacinação e preferiu frisar aos pais a necessidade de procurar um médico para instruir as famílias sobre a aplicação. Nesta quinta-feira, em coletiva no Ministério da Saúde, Queiroga voltou, inclusive, a lembrar do caso da grávida que morreu depois de se vacinar contra a Covid-19. 

Na avaliação de representantes das sociedades médicas, quando as autoridades públicas de saúde não fazem instruções explícitas para incentivar a política pública, a tendência é de que haja uma diminuição na adesão à medida. "Quando o ministro vai a uma coletiva e não diz que recomenda, apenas disponibiliza e ainda pede que a população procure avaliação médica, isso gera mais dúvida", critica a médica pediatra Isabella Ballalai, representante da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações) na audiência pública que discutiu a inclusão das crianças no PNO. 

A própria equipe técnica do Ministério da Saúde, no entanto, reitera os benefícios da vacinação, também em crianças e adolescentes. Em nota técnica enviada ao STF (Supremo Tribunal Federal), antes da inclusão do grupo no programa de imunização, a secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid do Ministério da Saúde, Rosana de Melo, afirmou que a vacinação é segura. 

Na nota, Rosana ressalta que testes clínicos foram realizados em milhares de crianças. "Nenhuma preocupação séria de segurança foi identificada". A secretária ainda faz referência ao trabalho da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) na análise técnica que autorizou, de "forma rigorosa e com toda a cautela necessária", o uso da Pfizer em crianças a partir de 5 anos.


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