Ato em Porto Alegre pede pelo fim da violência contra as mulheres

Ato em Porto Alegre pede pelo fim da violência contra as mulheres

Comitê Gaúcho Eles Por Elas, da ONU, se uniu em uma volta com bicicletas na Orla do Gasômetro

Giullia Piaia

O ato começou no Anfiteatro Pôr do Sol

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Centenas de ciclistas se uniram ao “Pedal POA - sem violência contra as mulheres”, promovido pelo Comitê Gaúcho Eles Por Elas, da ONU Mulheres. A largada se deu no Anfiteatro Pôr do Sol por volta das 17h deste sábado. "A intenção é usar a comemoração dos 250 anos de Porto Alegre para chamar a atenção para a necessidade da retomada de políticas públicas para as mulheres", explicou Karen Lose, coordenadora executiva do comitê. Foram convidados para o passeio diversos movimentos e organizações feministas e coletivos de ciclistas.

A deputada estadual Sofia Cavedon (PT) se fez presente no evento e pediu por melhores políticas públicas para o público feminino. "Nós temos que investir em um trabalho que vai desde a escola, até a ação da Brigada Militar, das Polícias, dos centros de referência. É preciso de políticas públicas para construir a autonomia econômica das mulheres e de fato desenvolver, com as escolas, uma educação não sexista", ponderou a deputada.

O aumento da violência contra as mulheres é a principal preocupação. "Nosso Estado teve 20% de aumento de feminicídios no ano passado. Os casos de crimes contra a vida em um geral diminuíram e de feminicídios aumentaram. A gente percebe que tem a ver com a pandemia, mas tem também a ver com uma cultura que a ainda não conseguimos enfrentar, que forma desigualmente homens e mulheres. É preciso que a cidade tenha espaços e políticas para as mulheres. Que tenha uma fala muito clara da prefeitura e um conjunto de ações transversalizadas", acrescentou.

Edegar Pretto (PT), coordenador do Eles Por Elas gaúcho e deputado estadual, destacou que o público do ato são os homens. "Se há violência contra as mulheres, desrespeito e preconceito, é praticado pelos homens. Normalmente, os homens escolhem um papel mais cômodo. Não participam, não opinam e não mudam, a sociedade segue sendo injusta para as mulheres. Foi nesse papel que me coloquei, queremos chamar para nós a responsabilidade, precisamos mudar e banir essa cultura machista entre nós", afirmou Pretto.

Alguns dos ciclistas que participavam do ato, vieram de outras cidades só para isso. Renata Franki era uma delas. A servidora pública veio de Imbé com uma amiga. "Eu já acompanhei um evento como esse no litoral, que foi de Torres a Imbé, e agora estou aqui. Eu acho muito bacana, diferente, e muito importante. O que fizemos no litoral foi muito impactante. É necessário a conscientização dos homens", opinou Renata. Ela e sua amiga, assim como muitos outros, levavam adesivos e camisetas alusivas ao fim da violência contra a mulher. Outros carregaram bandeiras e girassóis, símbolo da luta contra esse tipo de violência.

Os manifestantes seguiram até o Gasômetro, onde ocorrereu um ato de conscientização e apresentação musical do Grupo Samba de Rolê.

O movimento Eles por Elas é um esforço global criado em 2014 pela ONU Mulheres para difundir a conscientização pelo fim de todas as formas de discriminação e violência contra mulheres e meninas. O Comitê Gaúcho é composto por empresas, universidades, instituições públicas, de segurança e judiciário, artistas e clubes de futebol da dupla Grenal. É o único autorizado pela ONU no Brasil.

Além das atividades de conscientização e manifestação, como o pedal e blitz, também há campanhas mais diretas no enfrentamento à violência contra a mulher, como a da Máscara Roxa, lançada em 2020, durante a pandemia, para ajudar mulheres vítimas de violência doméstica em todo o Estado. "Treinamos os trabalhadores das farmácias, crendenciamos as 'farmácias amigas das mulheres' e elas podiam pedir ajuda nesse lugar. Outro programa que estamos implantando em vários municípios e queremos trazer para Porto Alegre é o 'Aqui tem Respeito', que é para que bares e casas noturnas saibam identificar casos de abuso e assédio, como encaminhar esses casos, tornando esses espaços mais seguros para as mulheres", elucida Karen.


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