Entidades empresariais avaliam retomada da cogestão como positiva no RS

Entidades empresariais avaliam retomada da cogestão como positiva no RS

Após permanecer quase três semanas fechados, os lojistas aguardam com expectativa a publicação do novo decreto estadual

Felipe Samuel

Novo decreto que vai permitir a retomada de serviços não essenciais, como o comércio de roupas e calçados

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A informação de que o governo do Rio Grande do Sul vai autorizar o retorno do modelo de cogestão no Distanciamento Controlado – em que os prefeitos podem adotar medidas menos restritivas que as estaduais - foi recebida com um misto de otimismo e cautela por diversos setores econômicos. Após permanecer quase três semanas fechados, os lojistas aguardam com expectativa a publicação do novo decreto que vai permitir a retomada de serviços não essenciais.

O presidente do Sindilojas Porto Alegre, Paulo Kruse, critica o fim da cogestão e garante que a decisão pelo fechamento ou abertura das atividades não essenciais deve ser prerrogativa das prefeituras. Mesmo com a sinalização de retomada das atividades, Kruse é cauteloso ao analisar a possibilidade de retomada das atividades. "Ainda não temos convicção e certeza disso, porque ainda não foi emitido o decreto. O governador deu indicativos de que faria isso, com a liberação da cogestão", assinala.

Na avaliação de Kruse, se acontecer a reabertura do comércio da Capital, a entidade vai cobrar outras medidas do governo, como fiscalização do distanciamento social e ajuda a pequenos comerciantes, além de evitar novo fechamento. "Faz um ano de pandemia e o governador tem que estar preparado, assim como o município de Porto Alegre, para atender a demanda e não fechar o comércio, porque não é no comércio que as pessoas estão se contaminando", avalia.

Empregos

O presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL-RS), Vitor Augusto Koch, afirma que a retomada da cogestão regional pode garantir a manutenção de empregos. “Acreditamos que elas contemplam, ainda que de forma parcial, o clamor dos lojistas e dos demais segmentos econômicos do Rio Grande do Sul. Com a retomada das atividades, é possível que a economia ganhe um novo fôlego e que milhares de empresas e empregos sejam mantidos”, opina.

Koch reforça que todos os protocolos sanitários seguirão sendo cumpridos. "Nós temos ponderado ao governo estadual e aos prefeitos municipais que o comércio não é um polo disseminador da Covid-19, pois os lojistas estão empenhados em cumprir todos os protocolos determinados. Por isso, reforçamos o pedido para que eles continuem sendo seguidos à risca, tanto por empreendedores quanto por consumidores, pois isso é fundamental para que possamos continuar exercendo nossas atividades”, destaca.

Um dos pleitos que a Federação realiza há quase um ano, o de liberação de recursos para as empresas, em especial as de micro e pequeno porte, através do BRDE, Banrisul e Badesul, também foi contemplado pelo governo. Para o presidente da FCDL-RS, diante do quadro econômico que vivem milhares de empreendimentos no Rio Grande do Sul, enfrentando prejuízos imensos desde março de 2020, o auxílio governamental é fundamental para viabilizar o fluxo de caixa e um novo fôlego para a retomada dos negócios.

Entidade critica restrições ao funcionamento de supermercados

A Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) reforça que a entidade vê com preocupação a adoção de medidas restritivas praticadas por municípios e governos estaduais ao estabelecerem restrições de funcionamento ou até mesmo o fechamento de supermercados. A ABRAS ressalta que desde o início da pandemia o setor supermercadista atua de 'maneira responsável para garantir o abastecimento da população de forma ininterrupta', com adoção dos protocolos necessários que inibem a proliferação do coronavírus.

Conforme a entidade, as restrições adotadas em algumas regiões geram impacto no trabalho realizado pelo setor supermercadista, que reforçou ao longo da pandemia medidas de prevenção de clientes e colaboradores a partir de protocolos que determinam, entre outras coisas, utilização de máscaras, execução de limpeza constante das mãos e dos estabelecimentos, higienização com o uso de álcool gel 70%, implementação de regras de contenção de aglomerações. 

A ABRAS afirma que estas imposições restritivas ou de fechamento de supermercados revelam-se muito preocupantes na medida em que tem potencial para 'desencadear um risco real de desabastecimento da população', por coibir seu acesso às atividades essenciais. A entidade alerta que o setor supermercadista tem mais de 90 mil lojas físicas no país que compreendem 85% do abastecimento nos lares brasileiros com mais de 28 milhões de visitas por dia. E justifica que não há capacidade de atendimento em delivery para este volume de vendas.

Conforme a ABRAS, a restrição na abertura das lojas tem provocado o 'indesejável efeito reverso de correria e aglomerações' nos estabelecimentos nos dias que antecedem ao fechamento. A entidade frisa que o setor supermercadista é importante aliado ao combate da pandemia ao contribuir para o abastecimento da população. Por isso, destaca a necessidade de os associados manterem o diálogo com governos e municípios.

Fecomércio defende medidas de apoio ao setor

A Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS) avalia como positivo o retorno da cogestão e defende a abertura do comércio e o reforço em medidas de apoio às empresas.

A entidade também destaca a necessidade de revisão dos protocolos e retorno das atividades de ensino. Conforme a Fecomércio, o retorno do modelo de cogestão está em linha com apelos da entidade para que as regiões possam adequar as medidas de combate ao coronavírus de acordo com a realidade local.

Revisão das bandeiras 

O presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, reforça o pedido para que a revisão dos protocolos de bandeira vermelha não signifique o fechamento do comércio nos finais de semana. E cobrou uma solução para as atividades de ensino, diante do projeto de lei aprovado pela Assembleia Legislativa, com o apoio da Federação. "O comércio deve ficar aberto todos os dias, inclusive para evitar aglomerações. Precisamos também de uma solução para as atividades de educação, que não foram incluídas no modelo de cogestão", observa.

Conforme Bohn, o governador Eduardo Leite reafirmou o compromisso com a abertura das atividades de educação infantil e a “promessa de avaliação de novos caminhos para procurar essa reabertura'', contornando a decisão do Poder Judiciário. Ele solicitou ainda ao governador que todas as atividades de comércio e serviços que mais foram prejudicadas pela pandemia sejam contempladas em medidas de subsídio à concessão de crédito emergencial que venham a ser adotadas pelo Governo Estadual.

O objetivo é suavizar o impacto econômico das medidas adotadas durante o último mês sobre o comércio e os serviços, cobrando ações como extensão dos prazos para o pagamento de impostos, ampliação das prorrogações para todas as empresas optantes pelo Simples Nacional e criação de novas linhas de crédito. Além disso, reforça a importância da celeridade na disponibilidade de vacinas e do combate às aglomerações nos espaços públicos.

Cogestão

A Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) também avalia como positivo o retorno ao sistema de cogestão e garante que os protocolos de segurança sanitária serão mantidos pela indústria e pelo comércio.

De acordo com a entidade, o retorno ao sistema de cogestão que deve ser anunciado pelo Governo do Estado, viabilizando a reabertura do comércio por decisão das prefeituras municipais, é visto como “salutar” para a economia gaúcha. "Com o comércio funcionando, as encomendas voltam, trazendo junto a indústria, que atualmente já nota uma redução nos pedidos em alguns setores”, diz o presidente da Fiergs, Gilberto Porcello Petry.

Petry reforça que os protocolos de segurança sanitária adotados ao longo dos últimos meses serão rigorosamente mantidos pela indústria e o comércio. O presidente sugere, no entanto, que o Governo do Estado dê mais 22 dias de prazo para o recolhimento dos impostos de fevereiro das empresas, “pois muitas delas, por causa das restrições colocadas ao setor produtivo, tiveram problemas de fluxo de caixa para poder pagá-las em dia”.

Sindha reforça necessidade de liberação de crédito para empresas do segmento

Além de cobrar a retomada do modelo de cogestão, o Sindicato de Hospedagem e Alimentação de POA e Região (Sindha) destaca a necessidade de liberação de crédito para as empresas do segmento. O presidente do Sindha, Henry Chmelnitsky, afirma que a entidade seguirá dialogando em busca da revisão da proibição de atendimento dos estabelecimentos no horário noturno. 

Ele destacou o retorno do governo do Estado, em reunião na terça-feira, bem como dos bancos, a fim de apresentar soluções viáveis de apoio ao segmento, diante de um cenário delicado como o que vem se apresentando nos últimos dias no Rio Grande do Sul. “Nossa categoria está cambaleante e precisamos de medidas urgentes. Essa atenção recebida demonstra que o governo está atento e disposto a avançar e dar o suporte necessário para enfrentarmos essa crise”, afirmou.

De acordo com o Sindha, o governador informou que até 30 de março bares e restaurantes devem seguir com restrições no atendimento, limitado até as 20h. A partir de 1º de abril, conforme avaliação, poderão voltar a atender à noite, de segunda à quinta, ainda com restrição nos finais de semana. A entidade reforça que o governo seguirá avaliando a possibilidade de uma abertura gradual, para então voltar a permitir a abertura aos finais de semana.

O presidente do Banrisul, Claudio Coutinho, informou ao Sindha que nos casos de linhas de crédito obtidas através do Pronampe, já está sendo viabilizado o aumento da carência para três meses e a possibilidade de liberação de novas linhas de crédito – com R$ 650 milhões já disponíveis.  A presidente do BRDE, Leany Lemos, apresentou a projeção de disponibilização de crédito do banco para 2021, com mais de R$ 1 bilhão em recursos, sendo que para o setor de Turismo, está prevista a liberação de R$ 100 milhões. São 31 linhas de crédito, para pessoa física e jurídica, com carências de três a 96 meses e prazo total de até 240 meses.

A respeito das garantias necessárias para a obtenção de crédito de empresários do setor junto ao Badesul, o banco reforçou que as tratativas podem avançar a partir do RS Garante e outros fundos garantidores, permitindo a adesão a linhas de crédito sem a necessidade de dar garantias reais.


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